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Ex-presidente do BC e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles concorda com boa parte do mercado de que o crescimento do PIB apresentado em 2023 e o desempenho deste indicador nesse ano, ambos com resultados acima dos projetados inicialmente por economistas, têm sido positivos.
“Todas as reformas que foram feitas estão permitindo que o país cresça um pouco mais”, diz ele, que foi responsável – durante o governo de Michel Temer – por algumas reformas consideradas importantes pelo mercado com reflexo nos dias de hoje.
Para ele, a melhora do rating do Brasil dado pela agência Moody’s tem muito a ver com o crescimento econômico registrado nos últimos anos. Mas Meirelles já vê necessidade de mexer novamente na Previdência, gestada no governo Temer por forte influência sua.
Brasileiro vive mais
“O problema da reforma da previdência é que felizmente a expectativa de vida dos brasileiros está aumentando. Então as pessoas vivem mais, em média. Com isso, tem cada vez mais gente aposentada e isso pressiona a conta pública”, afirma Henrique Meirelles, que participou do episódio 260 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter.
“Mas foi necessária a reforma da Previdência. Foi fundamental”, diz. Ele conta que quando esteve discutindo o assunto na época, em uma comissão da Câmara Federal, se deparou com um “deputado muito contra”, que o questionava sobre qual resposta daria ao seu eleitor por conta das mudanças propostas na Previdência.
Contradição
Numa certa altura da audiência, o referido deputado pediu desculpas a Meirelles porque tinha que deixar a sala para outro compromisso.
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“Mas eu perguntei (ao deputado) porque estava saindo de uma reunião tão importante. Ele respondeu: ‘Vou numa festa dada por uma amiga que está comemorando 20 anos de aposentada’. Eu disse então ao deputado: o senhor acabou de ganhar a discussão para mim”, brincou.
Uma das propostas da reforma na época era justamente evitar o pagamento de aposentadoria por período muito longo, sem que a contribuição fosse correspondente.
Ele disse que a reforma administrativa é também necessária. “Mas é um problema porque tem que cortar muita coisa”, afirma ele.
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Meirelles lembra que o governo de São Paulo fez uma reforma administrativa que gerou um saldo positivo de R$ 53 bilhões em 2022. “Isso no âmbito do governo federal seria muito maior e haveria bastante interesse”, destaca.