Reclamações na Bolsa não crescem na mesma proporção dos investidores

A redução do número de reclamações pode ser explicada pelo aprimoramento da educação financeira dos investidores

Patricia Alves

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SÃO PAULO – Ao final de 2010, a BM&F Bovespa registrava 614.638 investidores cadastrados na custódia da bolsa, ou seja, um crescimento de 11,27% frente ao ano de 2009, que fechou com 552.634 investidores cadastrados.

No mesmo período, de acordo com o relatório do Ombudsman da BM&F Bovespa, divulgado nesta quarta-feira (5), o número de reclamações na bolsa passou de 1.058 para 735, ou seja, houve uma queda de 30,53%.

Em termos percentuais, considerando a relação entre o número de investidores e o número de reclamações, a queda vem acontecendo desde 2008, quando a relação era de 0,26%. Em 2009 a relação passou para 0,19% e em 2010 caiu para 0,12%.

De acordo com a percepção do Ombudsman da Bolsa, Izalco Sardenberg, a partir de entrevistas com diversos membros do mercado de capitais, a redução do número de reclamações pode ser explicada, principalmente, pelo aprimoramento da educação financeira dos investidores, pela melhor prestação de serviços pelas corretoras e pela criação, a partir de 2007, das ouvidorias das corretoras, conforme determinação da Resolução nº 3.477 do Conselho Monetário Nacional (atualmente Resolução CMN 3.849/10).

Detalhes
A tabela abaixo detalha a diferença de movimento entre o número de investidores cadastrados na BM&F Bovespa e o número de reclamações, assim como a relação entre essas duas variáveis:

Relação entre investidores cadastrados e número de reclamações ao Ombudsman
Investidores Reclamações Percentual de reclamantes no total de investidores
2005 155 mil 236 0,15%
2006 220mil 458 0,21%
2007 457 mil 829 0,18%
2008 536 mil 1.400 0,26%
2009 552 mil 1.058 0,19%
2010 615 mil 735 0,12%

Brasileiros não têm hábito de reclamar
De acordo com o relatório da bolsa, os percentuais de reclamação são baixos e é difícil estimar se no futuro permanecerão assim ou se crescerão. “Há muitos fatores envolvidos nesse processo, como, por exemplo, o hábito de acessar canais de comunicação especialmente criados para o registro de reclamações. Aparentemente, isso ainda não está arraigado entre os investidores brasileiros”, destaca o documento.