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As discussões sobre sustentabilidade atingiram um novo patamar nos últimos anos – especialmente em 2021, com a realização da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climática (COP26), que manteve o assunto em evidência por meses.
E cada vez mais há investidores interessados em fazer a sua parte na redução das emissões de gases do efeito estufa ao escolher onde aplicar seu dinheiro. “Há uma pressão cada vez maior por medidas que reflitam de forma fidedigna os novos anseios da sociedade”, observou Ilan Arbetman, analista de Research da corretora Ativa Investimentos. “Começamos a ver esta preocupação até em setores que não são tradicionalmente ‘eco friendly’”, acrescentou.
Mas em que empresas investir quando o objetivo é focar em melhores práticas ambientais, sociais e de governança (ESG)? O InfoMoney consultou analistas e gestores para saber quais são as ações mais indicadas para este fim – e que tenham boas perspectivas de valorização em 2022.
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As companhias recomendadas não têm obrigatoriamente a sustentabilidade como foco principal, mas incorporam princípios ESG. Também podem lucrar com produtos e serviços ligados ao esse conceito. Isso permite a montagem de uma carteira diversificada, com setores variados. Confira as ações citadas por dois ou mais dos especialistas consultados:
O potencial do setor de papel e celulose
A indústria de papel e celulose Suzano (SUZB3) é uma das mais citadas. A empresa tem tradição em ações sustentáveis e milita em prol do tema no meio empresarial. Pouco antes da COP, a companhia antecipou de 2030 para 2025 sua meta de remover 40 milhões de toneladas líquidas de carbono da atmosfera.
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Chefe de Análise da gestora Âmago Capital, Rodrigo Barros lista uma série de motivos para a aposta na Suzano: enorme mercado mundial de celulose; possibilidade de o material substituir matérias-primas plásticas no futuro; eventual substituição de fornecedores asiáticos do mercado chinês por fabricantes de produtos certificados, seu caso; pressão por itens sustentáveis ao longo da cadeia; e potencial de receitas adicionais com créditos de carbono.
A Suzano preserva mais áreas de florestas do que o exigido. Com o excedente, deve conseguir vender créditos de carbono e ter receitas adicionais
Rodrigo Barros, chefe de análise da Âmago Capital
A regulação do mercado de carbono foi um dos temas concluídos na COP26. Como a empresa é considerada sustentável “há muito tempo”, ela está bem posicionada para colher os frutos da transição para uma economia de baixo carbono. “A irresponsabilidade será punida”, comentou Barros.
Ele acrescenta que a companhia tem grande exposição externa e boa parte de suas receitas em dólar, o que a protege de incertezas do mercado doméstico, inclusive do risco político das eleições presidenciais em 2022.
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Nesse sentido, a Suzano integra as carteiras recomendas Top Green e Top 10 da corretora Ágora. “No curto prazo, em 2022, vemos uma relação preço/retorno atraente”, declarou José Francisco Cataldo, superintendente da Ágora. “Mas nossa carteira ESG visa o longo prazo. Todos os papéis são defensivos. Ainda que haja volatilidade em 2022, podem ser mantidos em carteira”, destacou.
Para gerar energia limpa
Outra empresa que consta das duas carteiras da Ágora é a indústria de motores e turbinas elétricas WEG (WEGE3). Ela integra também as carteiras ESG e Top 10 da XP. “A WEG é uma ação mais defensiva e está exposta ao segmento de energias renováveis”, declarou Marcella Ungaretti, analista de ESG da XP.
Como fornecedora de equipamentos para geração de energias renováveis, a WEG tem condições de aproveitar a “tendência global de descarbonização”. Das dez ações da carteira ESG da XP, Marcella cita a WEG como uma das cinco mais recomendadas.
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Nossa carteira combina nomes de que gostamos, de uma perspectiva fundamentalista, e com ‘valuation’ atraente, com expectativa de crescimento e bem posicionados sob o ponto de vista ESG
Marcella Ungaretti, analista de ESG da XP
Padrões em cosméticos e comércio
A indústria de cosméticos Natura (NTCO3) está nas carteiras de ESG da Ágora, da XP e da Ativa. “A Natura estabeleceu um padrão na maneira de agir socialmente de forma proativa”, disse Arbetman. “A gestão da empresa abraça causas há mais tempo e tem know-how para agradar os ‘stakeholders’, e não somente os ‘shareholders’”, portanto tem mais chances de ser vitoriosa em seu modelo”, acrescentou.
Arbetman considera também as Lojas Renner (LREN3) como uma empresa compromissada com todos os que são afetados por ela, mantendo iniciativas nas áreas ambiental, social e de governança. “Chama a atenção o compromisso não só com o cliente, mas com todos aqueles que são afetados pela operação direta ou indiretamente”, declarou. A Renner está nas carteiras ESG da Ativa e da Ágora. Segundo Cataldo, embora o varejo seja um setor volátil, a companhia pode representar uma boa posição defensiva por “sua execução muito reconhecida”.
Opções adicionais
Entre as ações indicadas individualmente pelos especialistas consultados, estão as da Companhia Brasileira de Alumínio (CBAV3), a Localiza (RENT3), a Ambev (ABEV3) e a RaiaDrogasil (RADL3). Marcella, da XP, ressalta que as escolhas não significam que as empresas já “chegaram lá” no que diz respeito a ESG, mas que mostram seriedade nesse sentido. A avaliação é feita sobre “o processo e a jornada”. “O que importa é haver avanço”, declarou.
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A CBA foi selecionada, entre outros motivos, porque produz “alumínio verde”, com emissões de 2,66 toneladas de gás carbônico equivalentes por tonelada de metal, ao passo que 80% deste setor supera quatro toneladas de CO2 por tonelada de alumínio. “A tendência é que as grandes empresas usem cada vez mais matérias-primas mais sustentáveis”, observou.
A Localiza, de acordo com Marcella, é a companhia melhor posicionada no segmento de locação de veículos, e o destaque é sua governança com “diretrizes sólidas” e um conselho com maioria de membros independentes. Já a Ambev tem uma gestão eficiente no uso da água, insumo essencial da indústria de bebidas; usa recipientes de vidro retornáveis e garrafas plástica feitas com plástico reciclado. A nota negativa fica para a parte de governança, pois a empresa não integra o Novo Mercado da B3.
No caso da Raia Drogasil, Marcela destaca ações para reduzir a pegada de carbono da companhia, uma forte “cultura de doação” na área social e a criação de comitês de iniciativas ESG. A analista destaca ainda que as drogarias são um segmento mais “resiliente” dentro do varejo, e a RD tem está bem posicionada para se aproveitar da digitalização do setor.
Sustentabilidade como negócio
Arbetman, por sua vez, destaca a Ambipar (AMBP3). Empresa especializada em gerenciamento de resíduos e resposta a emergências, a Ambipar adota critérios ESG internamente, e oferece produtos e serviços nestas áreas a seus clientes. Conforme a busca por soluções sustentáveis cresce, aumenta também o mercado em potencial da companhia.
A gestão de resíduos passa a ser chave para que companhias abertas sejam mais lucrativas
Ilan Arbetman, analista da corretora Ativa Investimentos
Ele ressalta também a Omega ([ativo=OMGE3]), empresa de geração de energia elétrica. “É uma potencial vencedora no processo de transição energética do País. Tem posicionamento operacional bacana e um portfólio de energia [100%] renovável, sendo 85% geração eólica”, declarou Arbetman.
O analista da Ativa destaca ainda a B3 (B3SA3), que tem “uma operação redondinha” e que “está com preços interessantes (baixos)” que “hoje não dialogam com a capacidade de geração de valor” da companhia.
Cataldo, da Ágora, chama a atenção para Vibra Energia (VBBR3), ex-BR Distribuidora, que está “investindo muito em energia limpa”. “Embora não tenha histórico, está buscando se tornar fornecedora de energias limpas”, afirmou. Ele ressalta também a Neoenergia ([ativa=NEOE3]), distribuidora de energia elétrica que tem cada vez mais “preocupação com a questão ambiental”; e o Itaú (ITUB4), cujos “papéis estão com preços atraentes e podem ter bom desempenho”.
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