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O Bitcoin encerrou um marasmo de meses e voltou a apresentar volatilidade em agosto, mas o movimento foi negativo. A criptomoeda encerrou com queda de 10%, o pior resultado mensal desde a quebra da corretora FTX, em novembro de 2022.
As perdas vieram com uma nova busca por refúgio diante da expectativa de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos, e frustraram mais uma vez investidores que esperavam, no segundo semestre, a continuidade da recuperação vista no começo do ano.
A queda também veio na esteira da redução da temperatura na expectativa pelo lançamento do primeiro ETF de Bitcoin “puro” nos EUA, após reguladores indicarem que os pedidos apresentados por diversas gestoras — incluindo a Blackrock — deverão ser apreciados só no ano que vem.
Apesar dos reveses, a gestora brasileira Hashdex enxerga bom momento para se posicionar no ativo digital.
“Estamos bem otimistas com relação a 2024 e 2025, pela conjunção de fatores seculares e cíclicos da tecnologia”, explicou Samir Kerbage, diretor de investimentos da Hashdex, em entrevista ao Cripto+, programa semanal do InfoMoney sobre o universo dos ativos digitais (confira a íntegra no player acima).
No macro, a criptomoeda enfrenta um cenário com menor espaço para alta dos juros na comparação com o ano passado. Ao mesmo tempo, se aproxima de um momento interno visto como mais vantajoso do que o “inverno” de 2022.
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“O Bitcoin vai demorar décadas para maturar e atingir todo o valor que a gente acredita que ele vai ter para a sociedade, mas, dentro disso, vivemos em ciclos. E quando consideramos o ciclo macro e e o ciclo micro de criptoativos, vemos que estamos no momento de recuperação”, destacou Kerbage.
O Bitcoin iniciou o ano em forte retomada, fechando o primeiro trimestre com alta na casa dos 70%. Esses ganhos chegaram a alcançar 80% em dado momento do primeiro semestre, mas hoje já recuam para o patamar dos 53%, segundo dados do CoinMarketCap.
Esses altos e baixos são vistos como normais, e não seriam sinais de fraqueza suficiente para levar os preços de volta para os níveis vistos em novembro, quando a FTX entrou em crise e faliu. “O pior já ficou para trás”, falou o CIO da Hashdex.
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A aposta da gestora, que tem o segundo maior ETF da Bolsa, o HASH11, é que o Bitcoin seguirá tendo apelo ao investidor que deseja diversificar a carteira, com exposição a um ativo com alto potencial de valorização no longo prazo.
Gestoras como Blackrock Fidelity enxergam o mesmo, e apostam que eventualmente um ETF da moeda digital será liberado para negociação nos EUA — tudo o que o mercado deseja para que assessores de investimento comecem a recomendar o BTC para todo investidor do planeta, especialmente os institucionais.
O otimismo de casas como a Hashdex não se dá apenas pela maior expectativa de maior demanda. Isso porque, no ano que vem, o Bitcoin passará novamente por um corte pela metade na taxa de inflação, no que é conhecido como halving, previsto para abril de 2024. Os dois eventos, que podem ser quase simultâneos, seriam fortes alavancas para a criptomoeda.
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“O Bitcoin é uma moeda com política monetária determinística, com taxa de inflação determinada no software”, explica Kerbage. “Hoje a inflação do Bitcoin já é menor do que a inflação do dólar. A partir do próximo halving, a inflação do Bitcoin já vai estar menor do que a do ouro”.
A aposta é de longo prazo e arriscada, por isso gestores defendem exposição baixa, em geral de um dígito baixo da carteira. Com essa dose, defende Kerbage, a estratégia como um todo estaria protegida. “Mas se o Bitcoin se transformar em uma reserva de valor digital consolidada, estamos falando de um upside grande, de um potencial de chegar a US$ 200 mil, US$ 500 mil ou US$ 1 milhão. Hoje, está em US$ 25 mil”.