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SÃO PAULO – De onde surgem as “bolhas de mercado”? Uma equipe de neurocientistas e economistas produziu a primeira evidência científica que comprova o que os investidores prudentes têm afirmado há muito tempo: prestar atenção ao que os outros estão fazendo é a maneira mais fácil para se empolgar e ser levado pela onda de otimismo que muitas vezes precede uma bolha. O articulista Jason Zweig, do Wall Street Journal comenta a pesquisa.
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Para Zweig, esta nova investigação pode não impedir os contágios de massa que levam a bolhas, mas pode ajudar a voltar atrás antes que o investidor seja ‘varrido do mapa’ na próxima bolha.
Os economistas têm lutado e não conseguem explicar porque os mercados se concentram em manias. Alguns negaram existir bolhas, outros têm argumentado bolhas devem ser, de alguma forma, “racionais”. Muitas vezes, o argumento é que as bolhas são causadas por pessoas “desinformadas”, ou por “dinheiro burro”, enquanto o “dinheiro esperto” fica à margem.
No experimento, os alunos da Caltech tiveram seus cérebros escaneados enquanto viam uma ação que está sendo negociada em um simulador. Nesse mercado experimental, o valor fundamental das ações era baseado em seus pagamentos de dividendos, que caiu quase a zero na última rodada.
Em metade das sessões, os participantes acompanharam a negociação que não resultou em uma bolha, com preços que rapidamente convergiram para o valor fundamental. Na outra metade, os estudantes viam a ação impulsionando seus múltiplos em duas, três e quatro vezes o valor fundamental, criando assim bolhas que, em seguida, estouravam deixando muitos deles sem nada.
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Os participantes não apenas assistiam os negócios dos outros, várias vezes durante cada rodada do jogo, mas também tinham a chance de negociar, seguindo os últimos preços do mercado.
Aqueles com maior pontuação (ou seja, com mais potencial de entrar em uma bolha) neste teste mostraram maior atividade, enquanto eles estavam negociando, em uma região do cérebro associada com a imaginação do que os outros estão sentindo, quando o mercado formava uma bolha. Nos mercados normais, a ativação em que parte do cérebro, denominada o córtex pré-frontal dorsomedial, não estava relacionada com o seu desempenho na negociação.
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Isso sugere que os investidores prestem mais atenção ao que os outros estão fazendo no meio de uma bolha do que em mercados mais tranquilos.
Além disso, aqueles com a pior tendência de “cair de cabeça” na bolha, comprando com mais entusiasmo enquanto preços subiam distantes do valor fundamental, prestaram particular atenção às ações dos concorrentes no mercado.
Em outras palavras, quando os preços sobem e o investidor intensifica sua busca pelo “mais tolo”, que pode comprar papéis hiperprecificados, ele pode se distrair de perceber que o maior tolo de todos é ele, afirma o articulista.
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O estudo foi baseado em uma pequena amostra de estudantes, e não traders profissionais, e não olha para outras possíveis explicações para as bolhas, como excitação, emocional ou o desejo de se conformar. Ainda assim, soa verdadeiro, ressalta Jason Zweig.
O investidor, sugere Zweig, pode usar uma lista com regras como estas: nunca compre uma ação ou outro ativo simplesmente porque o preço foi subindo ou venda apenas porque tem apresentado queda.
Outra sugestão é antes de comprar, fazer uma lista várias razões, além do preço, que o tornam o investimento uma boa opção. Depois de qualquer grande movimento para cima ou para baixo, rever essas razões, e perguntar se o novo preço foi invalidado eles.
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Em suma, a melhor maneira de evitar uma bolha é pensar por si mesmo, conclui Jason Zweig.