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Um dos principais atrativos dos fundos imobiliários (FII) é a possibilidade de receber dividendos mensais e isentos de Imposto de Renda. Mas para quem ainda não tem muita experiência no mercado, talvez seja difícil dimensionar quanto, de fato, é possível receber com os rendimentos.
A pedido do InfoMoney, Bruno Mori, planejador financeiro CFP pela Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), colocou a questão no papel e simulou os dividendos que seriam repassados ao investidor que alocasse, por exemplo, R$ 10 mil reais em um fundo imobiliário.
O especialista tomou como base o dividend yield (taxa de retorno com dividendos) de fevereiro de cinco FIIs de diferentes segmentos. Todas as carteiras estão entre as mais negociadas na Bolsa e registraram, nos últimos 12 meses, o maior dividend yield nos seus respectivos setores.
Pela simulação e considerando o resultado de fevereiro, o valor investido poderia gerar uma renda passiva – aquela obtida sem o empenho de qualquer esforço – entre R$ 88, no caso do FII HSI Malls (HSML11), e R$ 120, no Riza Akin (RZAK11) e no Automony Edifícios (AIEC11).
Confira abaixo a simulação em detalhes:
Ticker | Fundo | Segmento | Dividend yield em 12 meses (%) | Dividend yield em fevereiro de 2023 (%) | Dividendos mensais recebidos (*) |
RZAK11 | Riza Akin | Recebíveis | 19,09 | 1,2 | R$ 120,00 |
AIEC11 | Autonomy Edifícios Corporativos | Escritório | 11,93 | 1,2 | R$ 120,00 |
BPFF11 | Brasil Plural Absoluto | Fundo de Fundos | 12,78 | 1,01 | R$ 101,00 |
GGRC11 | GGR Covepi | Logístico | 10,99 | 0,92 | R$ 92,00 |
HSML11 | HSI Malls | Shopping | 10,72 | 0,88 | R$ 88,00 |
(*) Valor teoricamente obtido a partir de um investimento de R$ 10 mil.
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“Alguns segmentos do mercado de FIIs, como o de shoppings, sofreram com as restrições impostas pela pandemia da Covid-19, mas agora, com a atividade aquecida, a maioria dos fundos está pagando cerca de 1% ao mês”, diz Mori, que considera o percentual bastante atrativo.
O planejador financeiro lembra que o reinvestimento dos dividendos – ou seja, a compra de mais cotas de FIIs com os rendimentos recebidos – acaba gerando um efeito “bola de neve”, elevando a rentabilidade do investidor.
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Dividendos dos FIIs ao longo do tempo
Embora considere o rendimento atual dos fundos imobiliários atrativos, Mori pondera que o produto é um investimento de renda variável. Desta forma, tanto o patrimônio investido como os dividendos distribuídos podem oscilar ao longo do tempo.
Considerando uma simulação com um intervalo maior, de 12 meses, por exemplo, o dividend yield do RZAK11 está em 19,09%, o que representaria um rendimento de R$ 1.909,00 – ou, em média, R$ 159,08 ao mês.
Os números estão em linha com a simulação feita por Carlos André Vieira, analista-chefe da casa de análises do TC, que também toma como base o dividend yield de cinco fundos de diferentes setores.
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Neste caso, o trabalho analisa o retorno com dividendos dos fundos em 2022 e considera todas as carteiras – e não só as mais negociadas na Bolsa. Todas também registraram o maior dividend yield nos seus respectivos setores.
De acordo com o levantamento, o (JPPA11) – um fundo de recebíveis, ou de “papel”, como também é chamado – gerou um retorno com dividendos de 19,95% em 12 meses, ou R$ 1.995,26, caso o investidor tivesse alocado R$ 10 mil na carteira. Neste cenário, ele teria recebido, em média, R$ 166,27 ao mês.
Confira os demais fundos do levantamento de Vieira:
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Ticker | Fundo | Segmento | Dividend yield em 12 meses (%) | Dividendos recebidos em 2022 (*) | Dividendos mensais recebidos (*) |
JPPA11 | JPP Allocation Mogno | Recebíveis | 19,95 | R$ 1.995,26 | R$ 166,27 |
BBFI11B | BB Progressivo | Escritório | 14,34 | R$ 1.434,46 | R$ 119,54 |
ALZM11 | Alianza Multiestrategia | Fundo de Fundos | 13,81 | R$ 1.381,16 | R$ 115,10 |
PLOG11 | Plural Logística | Logística | 11,71 | R$ 1.170,57 | R$ 97,55 |
ABCP11 | Grand Plaza Shopping | Shopping | 9,84 | R$ 984,01 | R$ 82,00 |
(*) Valor teoricamente obtido com um investimento de R$ 10 mil.
Apesar dos números, há um consenso entre os especialistas de que a escolha de um fundo imobiliário não deve ser feita apenas pelo retorno com dividendos da carteira.
Segundo eles, a análise deve levar em consideração também aspectos como o histórico da gestão do FII, o portfólio, o atual valor da cota e um conhecimento básico sobre o produto. Além disso, a recomendação é sempre por uma carteira diversificada – ou seja, investir em diferentes classes de fundos imobiliários.
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O que são e como funcionam os FIIs
Os fundos imobiliários captam recursos entre os investidores para a compra de imóveis que, posteriormente, podem ser alugados ou vendidos. As receitas obtidas nas transações – locação ou ganho de capital – são distribuídas entre os cotistas, na proporção em que cada um aplicou.
Os rendimentos repassados aos investidores, na forma de dividendos, são isentos de imposto de renda – outra vantagem do produto.
Ao longo dos anos, o mercado de fundos imobiliários se desenvolveu e hoje há fundos focados desde a administração de escritórios até imóveis rurais, passando por shoppings, galpões logísticos, hospitais e agências bancárias, além dos FIIs de “papel”.
No final de fevereiro, o mercado de fundos imobiliários ganhou mais 26 mil investidores, chegando ao total de 2,088 milhões. Em dezembro de 2018, o número estava em 208 mil.
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