Quando a Selic vai cair? Para 7 em cada 10 gestores, cortes começam no 2º tri de 2023, indica levantamento

Sondagem da XP mostra que maior parte das casas prevê que taxa básica de juros estará abaixo de 10% novamente quando o BC terminar o ciclo de redução

Bruna Furlani

(Gustavo Mellossa/Getty Images)
(Gustavo Mellossa/Getty Images)

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No primeiro dos dois dias de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, a expectativa majoritária de agentes financeiros é de que a autoridade mantenha a Selic em 13,75% ao ano na reunião desta quarta-feira (24). Com isso, o olhar do mercado deve se voltar para os próximos passos. Ou seja, para sinalizações do BC a respeito do corte de juros, que deve ser iniciado no ano que vem.

Em pesquisa feita pela XP, 71% dos gestores consultados acreditam que o primeiro corte deve ocorrer no segundo trimestre de 2023, enquanto 29% dos gestores acreditam que o ciclo de cortes deve iniciar apenas no terceiro trimestre do ano que vem.

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A XP também questionou qual deve ser o percentual de Selic encontrado no fim do ciclo de cortes. Para a maior parte dos gestores (57%), a taxa básica de juros deve encerrar os cortes abaixo de 10% ao ano. Por outro lado, 43% das casas defenderam que ela deve ficar entre 10% e 11% ao ano, portanto, acima dos dois dígitos ao fim do ciclo de quedas.

Os dados foram obtidos a partir de perguntas enviadas a 18 casas renomadas, como a ARX Investimentos, Legacy Capital, Kapitalo Investimentos e Kinea Investimentos, para citar alguns exemplos. As entrevistas foram feitas nos dez primeiros dias deste mês e envolvem as posições de fundos de renda fixa, ações e multimercados no terceiro trimestre deste ano.

Ainda que estejam mais alinhados sobre o fim do ciclo de alta da Selic, as exposições a juros no País das carteiras de fundos multimercados evidenciam uma divisão entre os gestores: 50% destacaram que estão com posições que se beneficiam da queda dos juros brasileiros (aplicados), enquanto a outra metade preferiu não adotar uma posição direcional em juros no Brasil.

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Para os gestores de multimercados, o maior risco do Brasil hoje está na política fiscal. Na avaliação de alguns agentes de mercado, há certa dúvida sobre a possibilidade de adoção de mais medidas de cunho populista por parte do candidato que lidera as pesquisas para a Presidência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Já com relação ao cenário internacional, a grande preocupação está no aperto monetário dos Estados Unidos (50%), seguido por riscos geopolíticos (33%) e preocupações com a inflação alta de forma mais persistente (17%).

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Nesse sentido, 66% dos gestores de multimercados ouvidos pela pesquisa disseram estar com posições que se beneficiam da alta dos juros (tomados), com destaque para os Estados Unidos.

Em contrapartida, 17% das casas não estavam com posições ativas em juros globais e os 17% restantes destacaram que detinham posições aplicadas em juros internacionais.

Bolsa global e local

O temor dos gestores com o aperto monetário em países desenvolvidos não é à toa. Surpresas inflacionárias nos Estados Unidos e declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central americano), por exemplo, têm empurrado para cima as projeções para a taxa terminal de juros no País neste ano.

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Segundo os contratos dos Fed Funds na tarde desta segunda-feira (24), mais da metade dos agentes financeiros acreditavam que a maior probabilidade implícita era de que a taxa nos Estados Unidos terminasse este ano entre 4,50% e 4,75% ao ano.

O aperto monetário mais duro, porém, não está restrito aos Estados Unidos. O Banco Central Europeu (BCE) prepara outra alta de juros na economia nesta semana. A maior parte dos agentes precifica que a autoridade monetária eleve os juros em 0,75 ponto percentual mais uma vez na reunião da quinta-feira (27).

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Condições financeiras mais apertadas tendem a penalizar as Bolsas mundo afora. A razão é que taxas de juros mais altas fazem com que a taxa de desconto utilizada para calcular o preço do papel aumente, o que diminui o seu preço. Com isso, 66% dos gestores destacaram que estão com alocações vendidas em ações ou via índices.

Da mesma forma, 17% afirmaram que detém posições vendidas em S&P500, um dos principais índices da Bolsa americana. Já os 17% restantes alegaram que estão com exposição baixas, ou posições compradas em países distintos.

Já sobre o Brasil, mesmo diante da possibilidade de cortes de juros no ano que vem, o que, em tese, poderia beneficiar papéis mais atrelados à economia doméstica, os destaques em termos de setores nas carteiras de fundos multimercados analisadas ficaram para commodities, infraestrutura, energia e serviços financeiros.

Segundo o levantamento feito pela XP, todos os gestores ouvidos informaram que estão com alocações que se beneficiam da alta dos papéis (comprados) na Bolsa brasileira, via exposição direta a ações, ou via índices.

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Commodities

Quando o assunto é commodities, o avanço nos preços de petróleo nos últimos dias, juntamente com notícias de acirramento do conflito entre Rússia e Ucrânia e piora da situação energética na Europa, acabaram fazendo com que 66% dos gestores adotassem posições táticas em algumas commodities.

As preferências ficaram em alocações de curto prazo mais focadas em petróleo, soja e energia. Na pesquisa anterior, realizada em junho, 50% dos gestores estavam com alocações mais pontuais em commodities.

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