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A taxa média de retorno com dividendos (dividend yield) dos Fiagros – fundos que investem nas cadeias produtivas agroindustriais – voltou a aumentar em novembro. Os Fiagros do tipo FII (que reproduzem a estrutura dos fundos imobiliários) listados na B3 renderam 1,27% no mês, levemente acima dos 1,25% registrados em outubro. Os dados são de levantamento feito por Anna Clara Tenan, CFA, especialista em Fiagros da Órama, antecipado para o InfoMoney.
Dado que os dividendos dos Fiagros são isentos de Imposto de Renda, o dividend yield equivale a um retorno de 1,49% fazendo a conta com o gross-up da tributação. Gross-up é um cálculo que permite a comparação de investimentos isentos e não isentos de impostos. O resultado equivale a uma taxa de 145% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) no mês.
Segundo Anna Clara, o cenário macroeconômico ainda é incerto, por conta do risco fiscal no novo governo. “Anteriormente, o cenário base era de que a Selic sofreria cortes a partir do segundo semestre de 2023. Talvez esses cortes não ocorram tão cedo ou sejam adiados para o final do próximo ano. Pode até eventualmente haver um aumento de juros”, afirma a especialista.
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Embora a notícia não seja boa para a economia brasileira, para os Fiagros isso pode representar uma oportunidade, dado que boa parte das carteiras é indexada ao CDI, principal indicador de renda fixa, que segue o desempenho da Selic. Juros elevados por mais tempo se traduziriam, em consequência, em dividendos mensais atrativos.
O risco de inadimplência também é latente, mas, segundo a especialista, o agronegócio costuma ser um setor defensivo. “É importante o investidor monitorar a proximidade que os gestores dos Fiagros têm com os devedores, o seu conhecimento do mercado”, afirma.
Assim como os fundos imobiliários, os Fiagros também sofreram quedas recentes na B3 – embora em menor proporção – por conta da migração de investidores da renda variável para a renda fixa, em decorrência de juros maiores. Com ativos mais baratos e a garantia de dividendos polpudos ainda em 2023, a especialista destaca que a desvalorização pode ser uma oportunidade de entrada nos fundos. É preciso, no entanto, avaliar caso a caso as vantagens e riscos de investimento.
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Anna Clara reforça que desde o começo do ano, os Fiagros em geral entregaram retornos consistentemente acima do CDI. Veja os detalhes no gráfico abaixo:
Por que os dividendos seguem elevados?
Os Fiagros mantiveram bons dividendos porque boa parte deles investem em CRAs (certificados de recebíveis de agronegócio), que historicamente apresentam mais operações atreladas ao CDI. “No cenário atual de juros em patamares elevados e inflação arrefecendo, com meses apresentando deflação pontual, essas carteiras conseguem se destacar”, explica Anna Clara.
De acordo com o levantamento, em outubro, 90% das carteiras dos Fiagros ofereciam CDI mais um spread médio (taxa adicional) de 4,97% ao ano. Em setembro, a rentabilidade vista nas carteiras era de CDI mais 5,02% ao ano.
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Já a parcela de Fiagros com carteiras indexadas ao IPCA (índice de inflação) era menor em outubro: 10% dos fundos, que ofereciam IPCA mais 8,69% ao ano, em média.
“Obviamente, devemos considerar também as despesas dos fundos, como taxa de administração, gestão, performance e custos de transação, que reduzem o retorno ao cotista”, destaca Anna Clara.
Os Fiagros, segundo a analista, têm um cenário promissor pela frente, já que o agronegócio representava 27,5% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil até 2021. Ela destaca que o crédito subsidiado não era suficiente diante da demanda e, por esse motivo, o mercado de capitais se tornou uma alternativa para empresas e produtores rurais, principalmente de menor porte.
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Confira os Fiagros que pagaram os maiores dividendos em novembro de 2022:
Fundo | Gestor | Segmento | Periodicidade dos Dividendos | Dividendos em nov/22 | Dividend yield em nov/22 | Data de Pagamento | Regra de Distribuição |
LSAG11 | Leste | CRAs | Mensal | R$ 1,85 | 1,62% | 16/11/2022 | No 10º dia útil do mês subsequente. |
FGAA11 | FG/A Gestora | CRAs | Mensal | R$ 0,16 | 1,61% | 16/11/2022 | No 10º dia útil do mês subsequente. |
CPTR11 | Capitânia Investimentos | CRAs | Mensal | R$ 1,40 | 1,44% | 21/11/2022 | Não informado |
VCRA11 | Vectis Gestão | CRAs | Mensal | R$ 1,50 | 1,42% | 14/11/2022 | No 9º dia útil do mês subsequente. |
XPCA11 | XP Asset Management | CRAs | Mensal | R$ 0,14 | 1,40% | 16/11/2022 | Até o 10º dia útil. |
VGIA11 | Valora Investimentos | CRAs | Mensal | R$ 0,14 | 1,40% | 21/11/2022 | Até o 13º dia útil do mês subsequente. |
RURA11 | Itaú Asset Management | CRAs | Mensal | R$ 0,14 | 1,38% | 08/11/2022 | No 5º dia útil do mês subsequente. |
OIAG11 | Ourinvest Asset Management | CRAs | Mensal | R$ 0,14 | 1,37% | 16/11/2022 | No 10º dia útil de cada mês. |
KNCA11 | Kinea Investimentos | CRAs | Mensal | R$ 1,45 | 1,37% | 14/11/2022 | Não informado |
RZAG11 | Riza Asset Management | CRAs | Mensal | R$ 0,13 | 1,31% | 16/11/2022 | No 10º dia útil do mês subsequente. |
GCRA11 | Galapagos Capital | CRAs | Mensal | R$ 1,20 | 1,22% | 16/11/2022 | No 10º dia útil do mês subsequente. |
DCRA11 | Devant Asset | CRAs | Mensal | R$ 0,11 | 1,20% | 16/11/2022 | No 10º dia útil após o encerramento do período de apuração. |
SNAG11 | Suno Asset | Híbrido | Mensal | R$ 1,20 | 1,20% | 25/11/2022 | Não informado |
BBGO11 | BB Asset Management | CRAs | Mensal | R$ 1,00 | 1,18% | 16/11/2022 | Não informado |
JGPX11 | JGP | CRAs | Mensal | R$ 1,12 | 1,16% | 16/11/2022 | No 10º dia útil do mês subsequente. |
PLCA11 | Plural | CRAs | Mensal | R$ 1,07 | 1,16% | 16/11/2022 | No 10º dia útil do mês subsequente. |
NCRA11 | NCH Capital Brasil | CRAs | Mensal | R$ 1,00 | 1,11% | 25/11/2022 | No 17º dia útil do mês subsequente. |
AGRX11 | Exes Gestora de Recursos | CRAs | Mensal | R$ 0,10 | 0,98% | 16/11/2022 | No 10º dia útil do mês subsequente. |
HGAG11 | HGI Capital | CRAs | Mensal | R$ 0,55 | 0,53% | 08/11/2022 | Não informado |
Fonte: Órama com dados da Quantum Axis. Data base: 18/11/2022
Os três Fiagros que mais pagaram dividendos em novembro
- LSAG11 (Leste): 1,62% ao mês (R$ 1,85)
- FGAA11 (FG/A Gestora): 1,61% ao mês (R$ 0,16)
- CPTR11 (Capitânia Investimentos): 1,44% ao mês (R$ 1,40)
Novamente, o LSAG11 foi o Fiagro que pagou mais dividendos no mês. O dividend yield do fundo em novembro foi de 1,62%, com um dividendo de R$ 1,85 por cota – levemente abaixo do registrado em outubro, quando pagou R$ 1,92 por cota com um yield de 1,84%.
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Anna Clara explica que o motivo foi novamente atípico, por conta de lucros retidos de R$ 492 mil, que corresponderam a um extra de R$ 0,87 por cota e vêm sendo distribuído aos investidores desde o mês passado.
Apenas pela construção da sua carteira, que tem um retorno de CDI mais 7,1% ao ano, o LSAG11 já conseguiria distribuir com recorrência dividendos de pelo menos R$ 1,50, calcula Anna Clara.
Segundo a especialista, o perfil dos CRAs investidos pelo LSAG11 é de risco elevado (high yield), por ter dívidas pulverizadas, fruto de vários produtores e cooperativas. O fundo, que é negociado na B3 desde abril, sempre se caracterizou por ter dividendos elevados.
A expectativa de Anna Clara é de que em dezembro o rendimento do Fiagro seja novamente elevado, por conta do lucro alto do fundo e porque ainda há juros retidos a serem distribuídos.
O segundo melhor pagador de novembro foi o FGAA11, da FG/A Gestora, que remunerou os seus cotistas com R$ 0,16 por cota, equivalente a um dividend yield de 1,61%.
Anna Clara explica que o fundo apresentou um aumento de dividendos. Antes, as distribuições ficavam em geral em R$ 0,14. A alta, segundo a especialista, foi fruto de uma mudança dos papéis que integram a carteira do fundo.
“Na última emissão, o Fiagro estava participando de operações com taxas mais baixas, mas a expectativa era de conseguir fazer um giro de carteira nos meses seguintes para elevar estas taxas. Foi o que aconteceu”, afirma a especialista. O Fiagro conseguiu vender uma posição em um ativo que oferecia CDI mais 1,5% ao ano e adquiriu outro papel que entregava CDI mais 3,4%.
“Com a mudança, o retorno da carteira do fundo subiu para CDI mais 3,64%”, aponta a especialista. Desta forma, a previsão de resultados e dividendos aumentou para os próximos meses e pode se manter no patamar de R$ 0,16 por cota pelo menos em dezembro.
Anna Clara destaca que o FGAA11 possui uma carteira moderada, com um risco entre high grade e high yield, concentrada principalmente no setor sucroalcooleiro. Entre as vantagens, a especialista destaca a experiência da gestora no segmento agro, a originação dos próprios CRAs e o tamanho dos devedores, que são sempre empresas de grande porte.
Na terceira posição entre os maiores pagadores está o CPTR11, que vem entregando R$ 1,40 de dividendos há alguns meses. Em novembro, o dividend yield foi de 1,44%.
A especialista da Órama explica que a carteira do Fiagro está 70% alocada em ativos com retorno de CDI mais 5,5%, e 30% em papéis de IPCA mais 7,6% ao ano. Contudo, ela destaca que o retorno de novembro foi influenciado pelo fechamento [redução] da curva de juros dos títulos públicos de inflação (NTN-Bs) durante outubro.
“Com a marcação a mercado, quando há fechamento na curva, o preço dos ativos aumenta. Foi o que aconteceu com os ativos do Fiagro, o que favoreceu o lucro”, explica. O fundo, segundo Anna Clara, poderia ter pagado R$ 1,64 de dividendos, mas distribuiu menos para ter um “colchão” de segurança.
Por se tratar de um resultado influenciado por um fator de mercado, a especialista destaca que não há uma previsibilidade de ter um dividendo semelhante em dezembro. Ela explica que o fundo é bem diversificado, com exposição a diversas culturas do agronegócio e uma carteira de risco moderado.
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