Proteção é palavra-chave para investidor em 2023, dizem analistas; pós-fixados ganham espaço

Rogério Freitas, da XP Advisory, e Patrícia Palomo, da Unicred do Brasil, falaram sobre o tema; pós-fixados no radar

Wellington Carvalho

Rogério Freitas, head de gestão da XP Advisory, e Patrícia Palomo, head de investimentos da Unicred (Imagem: Leo Albertino)
Rogério Freitas, head de gestão da XP Advisory, e Patrícia Palomo, head de investimentos da Unicred (Imagem: Leo Albertino)

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Diante das atuais incertezas em relação à política fiscal do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o investidor deveria adotar uma postura mais conservadora em 2023, afirmam analistas. A recomendação passa pelo aumento das alocações em renda fixa, especialmente dos papéis pós-fixados – com a remuneração atrelada às variações dos juros.

Rogério Freitas, head de gestão da XP Advisory, e Patrícia Palomo, head de investimentos da Unicred do Brasil, falaram sobre o tema em painel do Onde Investir 2023, organizado pelo InfoMoney. O evento discute os principais temas que influenciarão suas finanças e investimentos ao longo do ano. Clique aqui para se inscrever.

Segundo Freitas, o nível de incerteza no último ano aumentou consideravelmente e a probabilidade de volatidade no mercado financeiro acompanhou o crescimento. Por isso, ele sugere ao investidor uma proteção maior do portfólio.

“No atual ambiente de juro real mais elevado, vale a pena um portfólio mais conservador”, confirma. “Neste sentido, sugerimos menos renda variável e um pouco mais de renda fixa pós-fixada”, complementa.

No caso das aplicações de renda fixa pós-fixada, Freitas e Patrícia se referem especialmente aos títulos indexados ao CDI (certificado de depósito interbancário), que acompanha a taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

Proteção vale para todos os perfis de investidor

Patrícia adota a mesma linha de Freitas e confirma uma maior alocação em aplicações pós fixada em 2023.

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“Do fim do ano passado para cá, buscamos reduzir exposição em Bolsa local e proteger o patrimônio especialmente com a tensão gerada no período eleitoral”, detalha.

Em meio ao atual cenário macroeconômico, ela afirma que a proteção deve estar presente na estratégia de investimento de todos os investidores – independentemente do perfil.

“Aos investidores de perfil moderado, temos orientado inicialmente o investimento por meio de fundos”, explica. “A partir daí, recomendamos um portfólio composto por 65% de renda fixa – sendo mais ou menos 30% de IPCA, 30% de pós-fixado e 5% de préfixado”, detalha.

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O restante da carteira, acrescenta, pode ser formado por renda variável e outras estratégias – sempre através de fundos multimercados.

Para quem tem um perfil mais moderado, a alocação em renda fixa cairia para 45% e já poderia ser feita diretamente nos produtos financeiros, diz a especialista.

O restante poderia ser aportado em fundos multimercados e em renda variável – doméstica e internacional –, na proporção aproximada de 30% e 25%, respectivamente.

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Quem tem um perfil mais agressivo – ou seja, suporta mais riscos – a renda variável terá uma posição maior na carteira de investimentos, algo em torno de 35%, diz Patrícia. O restante poderia ser dividendo entre fundos multimercado e renda fixa, diz.

Mais do que o perfil, ela lembra que a atenção com a posição em cada ativo é fundamental para o sucesso e a tranquilidade do investidor.

“Se você dorme bem com a sua posição de investimentos e estiver confortável com uma eventual perda, você está no caminho certo”, completa.

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Conservador, mas nem tanto

Freitas lembra que o aumento em pós-fixado – diante do atual cenário de juros e inflação – representa um ajuste pontual que pode ser feito no portfólio para obter mais proteção. Jamais o investidor deve mudar toda a estratégia de investimentos, alerta.

“Uma coisa é fazer ajuste de rota, outra é a mudança total da estratégia”, reflete o especialista, que dá o exemplo do motorista no trânsito. “Ele quer mudar de faixa toda a hora, gasta peças do carro, fica estressado e aumenta o risco de um acidente”, compara.

Freitas lembra que o investidor tende a perpetuar o cenário atual – hoje mais favorável à renda fixa – e esquece que o mercado é cíclico. Desta forma, acaba perdendo futuras oportunidades, sinaliza.

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Segundo ele, as incertezas em relação à política fiscal do governo podem ao longo do ano diminuir em caso de um ambiente fiscal um pouco mais definido – o que beneficiaria quem já está posicionado em renda variável.

O Onde Investir 2023 vai até quinta-feira (19) e a programação do evento inclui as análises de grandes nomes do mercado, como Ilan Goldfajn, presidente eleito do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Confira ainda nos próximos dias representantes de gestoras como Verde Asset, Ibiuna, Riza Asset, Hashdex, VBI, Sparta e Oriz Partners, além de especialistas da XP, Suno Research, Nord Research, entre outros.

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.