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Quando retomou o pagamento de proventos aos acionistas, em abril de 2022, depois de quase dez anos sem distribuir lucros, a fabricante de armas Taurus (TASA4;TASA3) previa revisar a política de dividendos ainda neste ano e passar a distribui-los trimestralmente. A mudança, no entanto, vai ter que ficar para 2023.
Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, Salesio Nuhs, CEO da Taurus, afirmou que o próximo pagamento de dividendos pela empresa deverá ocorrer apenas em abril de 2023, referente aos resultados do exercício de 2022. Ou seja, nada vai pingar no bolso dos investidores no terceiro ou no quarto trimestre deste ano.
A empresa divulgou os resultados do segundo trimestre de 2022 nesta terça-feira (9), reportando lucro líquido de R$ 100,8 milhões no período, uma cifra 47,9% menor do que a do mesmo trimestre de 2021. Entre os motivos, a Taurus atribuiu o desempenho ao avanço do real frente ao dólar.
Por ser uma companhia exportadora, a Taurus se beneficia com a alta do dólar. Mas no segundo trimestre deste ano, a cotação média da moeda americana foi de R$ 4,93, ou 6,8% abaixo dos R$ 5,29 verificados no mesmo período do ano passado
A justificativa de Nuhs para deixar a possibilidade de dividendos trimestrais para 2023 é o fato de a companhia estar reconstituindo as suas reservas para proventos no balanço, exigidas por regulação. Segundo ele, a partir de abril de 2023, prevalece a ideia de iniciar a remuneração trimestral aos acionistas, com dividendos intermediários ou intercalares.
A diferença entre as duas modalidades de dividendos é que os intermediários precisam da aprovação em Assembleia de acionistas, enquanto os intercalares podem ser pagos antes dela.
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Segundo o CEO, a política de dividendos da Taurus deve continuar prevendo uma remuneração de, no mínimo, 35% do lucro líquido ajustado. Nuhs afirmou que a reserva para proventos também deve contemplar um plano de recompra de ações e eventualmente bonificações.
Nuhs explica que a Taurus tem atualmente um caixa disponível de R$ 263 milhões. O lucro líquido ajustado, que serve de base para a distribuição de dividendos, somou R$ 255 milhões ao longo do primeiro semestre deste ano. Contudo, tecnicamente sem a reserva constituída no balanço, não é possível pagar os dividendos.
“Vamos constituir as reservas para pagar os dividendos em abril do ano que vem, em relação aos resultados de 2022, e para começar a distribuir proventos trimestralmente em 2023”, reforçou Nuhs. “É importante o investidor entender que se a empresa decidiu constituir essas reservas é porque no planejamento estratégico está prevista esta possibilidade de pagamentos”, acrescentou.
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A retomada dos dividendos Taurus
Os dividendos distribuídos pela Taurus em abril, referentes ao exercício de 2021, somaram R$ 194 milhões, ou R$ 1,62 por ação. Parte do lucro de R$ 635 milhões obtido no ano passado precisou ser utilizado pela empresa para absorver prejuízos de exercícios anteriores.
A Taurus tinha R$ 740,7 milhões de prejuízos acumulados. Para absorvê-los, fez uma redução de capital, que aconteceu em 2021. A conta negativa diminuiu para R$ 333,7 milhões na ocasião. Para zerar a conta, este valor foi abatido do lucro de 2021.
Pelo seu estatuto, a companhia tinha apenas a obrigação de pagar cerca de R$ 68 milhões (R$ 0,58 por ação). Para este ano, a Taurus não tem mais prejuízo a zerar.
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Ele também reforçou o mantra que marca a nova trajetória da Taurus: “Somos uma empresa fortemente geradora de caixa”.
Perspectivas para o segundo semestre de 2022
Para o segundo semestre deste ano, Nuhs acredita na possibilidade de um dólar mais elevado do que no primeiro, o que deve maximizar os resultados da Taurus. De acordo com o CEO, o foco é manter o controle da rentabilidade operacional.
Ele também destacou que o Brasil está sendo influenciado pelo efeito americano nas eleições. Isso porque, historicamente, segundo Nuhs, há uma corrida pela compra de armas em anos eleitorais nos Estados Unidos, dado que os consumidores cogitam um possível endurecimento da legislação de acesso aos equipamentos em governos democratas.
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Nuhs destaca que no Brasil já está acontecendo um efeito parecido, com o crescimento de 47% do mercado de armas em relação ao mesmo período em 2021. “Quanto mais se aproximam as eleições, mais eufórico fica o mercado”, diz. Ele ressalta que uma mudança de legislação demandaria a realização de um plebiscito.