Preços dos títulos públicos do Tesouro Direto chegam a desvalorizar mais de 11% em janeiro; taxas de papéis de inflação batem recorde

Impacto foi maior entre os títulos atrelados à inflação, que costumam ter prazos mais longos e retornos mais sensíveis ao aumento do risco

Bruna Furlani

(Getty Images)
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A expectativa de elevação de juros nos Estados Unidos já em março, além de incertezas sobre reajustes de servidores federais e sobre a criação de uma PEC dos combustíveis, ajudaram a pressionar para cima as taxas dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto em janeiro.

Como consequência disso, os preços dos papéis recuaram até 11,35% no primeiro mês do ano, como é o caso do Tesouro IPCA + 2045. Em dezembro, a maior queda tinha sido de 2,09%. Os dados são da B3.

A elevação das taxas e a queda nos preços ocorre por causa da chamada marcação a mercado. O motivo é que a taxa de juros oferecida por um título de renda fixa tem uma relação inversa com o seu valor de negociação no mercado. Quando as taxas aumentam, como foi o caso do último mês, seu preço tende a cair. Mas o contrário também é verdadeiro.

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No mês passado, o impacto foi maior entre os títulos atrelados à inflação que costumam ter prazos mais alongados e as rentabilidades são mais influenciadas negativamente por causa do aumento do risco.

No primeiro dia do ano, por exemplo, o Tesouro IPCA+ 2045 oferecia um retorno real de 5,24% ao ano, contra 5,65% no último pregão de janeiro. No acumulado dos últimos 12 meses, o preço do papel chega a cair até 27,75%.

Outro caso chama a atenção: o papel atrelado à inflação com vencimento em 2055 e cupom semestral oferecia uma remuneração real de 5,39% ao ano no dia 3 de janeiro. O título, contudo, finalizou o dia 31 entregando uma taxa real de 5,67% ao ano. Com isso, no mês passado, o preço desse papel recuou 4,76%.

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O cenário mais delicado no País e no mundo ajudaram a impulsionar os juros oferecidos pelo Tesouro IPCA+ 2055 a um recorde: em 21 de janeiro, sua remuneração era de 5,74% ao ano. Esse título passou a ser negociado em fevereiro de 2020.

Já entre os papéis prefixados, o destaque está no recuo do preço oferecido pelo Tesouro Prefixado 2031, que caiu 3,50% em janeiro, contra alta de 4,74% no mês anterior. Em 3 de janeiro, esse título oferecia juros de 10,79%, abaixo dos 11,46% ao ano registrados na sessão de ontem (31).

Movimento igual ocorreu com o Tesouro Prefixado 2026, que oferecia retorno de 10,63% no primeiro dia útil deste ano e encerrou janeiro com uma remuneração de 11,35% ao ano. Com isso, no mês passado, o preço do título contraiu 2,27%.

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Vale lembrar, contudo, que as perdas apontadas só acontecem se o investidor decidir vender os papéis antecipadamente. Se carregá-los até o vencimento, a remuneração vai respeitar as taxas e as condições contratadas no momento de aquisição dos títulos.

Confira a seguir como se comportaram os títulos públicos disponíveis para novos investimentos em janeiro e no acumulado dos últimos 12 meses: 

Título Vencimento Taxa de compra Taxa de venda Rentabilidade em janeiro  Rentabilidade em 12 meses
Tesouro Prefixado 2024 11,66% 11,78% -1,10% Não há
Tesouro Prefixado 2026 11,35% 11,47% -2,27% -8,05%
Tesouro Prefixado 2031 11,46% 11,58% -3,50% -11,27%
Tesouro IPCA + juros semestrais 2030 5,54% 5,66% -2,56% -1,72%
Tesouro IPCA + juros semestrais 2040 5,66% 5,78% -4,24% -6,57%
Tesouro IPCA + juros semestrais 2055 5,67% 5,79% -4,76% -10,46%
Tesouro IPCA+ 2026 5,33% 5,45% -0,67% 1,18%
Tesouro IPCA+ 2035 5,65% 5,77% -6,18% -12,01%
Tesouro IPCA+ 2045 5,65% 5,77% -11,35% -27,75%

Fonte: B3

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