Poupança perde investidores: parte migra para LCAs, LCIs e CDBs, outra quita dívidas

Maior retirada do que depósitos se ampliou desde 2021; tendência deve se manter, diz analista

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Nos últimos doze meses, somente em três deles as aplicações na poupança foram maiores do que resgates. Nesse ano, março foi o único período em que depósitos foram maiores que saques.

Em janeiro, por exemplo, os resgates chegaram a R$ 20,1 bilhões, segundo dados do Banco Central. No último mês apurado, abril, a captação líquida ficou negativa em R$ 1,1 bilhão.

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“O que a gente tem visto são resgates consecutivos da poupança. Lá em 2020, tivemos estoques acima de R$ 1 trilhão de saldo na poupança”, afirmou Mayara Rodrigues, analista de renda fixa no research da XP, que participou nesta quinta-feira (16) do Morning Call da XP.

Poupança e contexto da pandemia

“Claro que teve todo o contexto de pandemia, dos auxílios emergenciais e a população gastando mesmo por conta do isolamento social (em 2020). Mas o que a gente tem visto desde então foram saques”, complementou.

Entre os motivos da grande saída de recursos da poupança, segundo a analista, está na aplicação em outros investimentos, que tem oferecido mais atratividade, bem como para uso do investidor para pagamento de dívidas.

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“A gente tem visto esse movimento maior de retirada desde 2021. Em 2022, foi um movimento bem forte de quase R$ 100 bilhões resgatados em valor líquido. Em 2023 também, e em 2024 a gente está vendo esse mesmo movimento”, ressalta.

Estoques abaixo de R$ 1 tri

A poupança está com estoques abaixo de R$ 1 trilhão desde 2021. “Isso também acaba preocupando porque aquele recurso que está ali aplicado na poupança, é utilizado para funding, ou seja, uma fonte de recursos para financiamentos imobiliários”, destaca.

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“Um volume mais escasso de estoque acaba limitando as instituições financeiras de conceder mais financiamentos de moradia à população”, acrescenta.

Ela conta que o Banco Central chegou a fazer um estudo para entender o que estava acontecendo por conta das elevadas retiradas de recursos da poupança.

Pagamento de dívidas

“A primeira grande conclusão é que em 2022, que foi o período de grandes saques, metade desse valor sacado, migrou para outros investimentos de renda fixa, como CDBs, LCAs e LCIs”, destaca. A outra metade (52%), foi uso próprio dos investidores para atender necessidades financeiras.

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A analista aponta, porém, que mais recentemente, quando teve em fevereiro a mudança de regra pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que acabou restringindo as emissões de LCAs e LCIs, houve uma retração para esses ativos.

“Quando cai a Selic, o pessoal acaba buscando outros ativos, desde crédito privado a fundos de investimentos, com rentabilidade maior do que apenas o percentual atrelado a taxa de juros”, explica.

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Mas a Mayara Rodrigues ressalta que a taxa Selic continua elevada (10,5%) e que parte do dinheiro sacado foi também destinado ao Tesouro Direto.