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Donald Trump inicia nesta segunda-feira (20) seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos prometendo uma “era de ouro” para o país. O republicano do slogan “make America great again” (torne a América grande de novo, em tradução livre) vai adotar uma postura protecionista que deve beneficiar a economia local ao mesmo tempo em que dificulta a economia de emergentes, como o Brasil.
Não à toa, a posse de Trump foi um dos temas mais comentados do Onde Investir 2025, evento promovido pelo InfoMoney entre 13 e 16 de janeiro. Veja o que os especialistas falaram sobre os impactos do novo governo nos investimentos.
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Emergentes
O presidente eleito vem prometendo impor diversas tarifas sobre importações, principalmente de produtos vindos da China – com impostos de até 65% –, Canadá e México. Ele ainda promete reformar a imigração com deportação de “milhões”. Dentro de casa, ele promete cortar impostos para pessoas físicas e jurídicas.
O conjunto de políticas que começam a ser implementadas hoje é o “pior possível” para os países emergentes, segundo Paulo Leme, chairman do Comitê Global de Alocação da XP Advisory.
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Se Trump cumprir as promessas de campanha, os países não desenvolvidos não conseguirão cortar juros, terão seus mercados de capitais sofrendo pela fuga de recursos para a Bolsa dos EUA e ainda podem ver suas economias desacelerando por conta das tarifas de importação.
Enquanto ainda não se sabe a extensão do programa de Trump, a renda fixa se apresenta como uma opção segura e rentável. Para Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Investimentos, o momento é favorável para investir em pós-fixados no Brasil, já que a expectativa é que os juros alcancem 15% ao ano.
“Os títulos pós-fixados são para os investidores que acham que os indicadores não vão melhorar. Já o prefixado é para quem vê dias melhores no futuro”, diz a especialista em renda fixa.
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Na Bolsa, o cenário segue desanimador para Andrew Reider, diretor de investimentos da gestora WHG. “A gente precisa de um catalisador, algum evento que nos tire desse modo crise. O que enxergamos de mais óbvio é algum anúncio, alguma medida do governo”, disse o diretor na finalização da sua participação no Onde Investir 2025.
Com o mercado local andando de lado, investir em ações que pagam dividendos pode ser uma boa saída, já que a estratégia contempla ações de companhias mais robustas, posicionadas em setores resilientes, como financeiro, saneamento e energia.
EUA
Para Reider, o investimento nos EUA é a melhor tese do ano, mesmo que o especialista reconheça a incerteza que Trump traz para o mercado. “A questão é, se a economia está bem, se a chegada do Trump ajuda o empresário a investir mais na economia doméstica, de repente é a hora de comprar as empresas mais cíclicas locais. Com a correção do S&P, é um ponto de entrada bom. Para smalll caps também”, diz.
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Ao analisar o impacto do retorno de Donald Trump, Leonardo Otero, fundador da Arbor Capital, ressaltou que o otimismo entre empresários norte-americanos reflete a percepção de um governo mais alinhado à iniciativa privada. Inclusive, a tecnologia deve seguir como o motor dos ralis, impulsionados pela inteligência artificial e pelos semicondutores.
“A lucratividade média dessas empresas é de 20%, o que as coloca em um nível superior a setores como varejo e commodities”, disse Otero.
As empresas mais óbvias dos EUA, como Apple, Alphabet (dona do Google), Microsoft e Nvidia, devem gerar “bom retorno em um horizonte de cinco anos”, segundo Artur Wichmann, CIO da XP e presidente do Comitê de Alocação da XP Advisory Brasil. Mas ele alerta que a valorização deve ser acompanhada de “bastante volatilidade”.
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Na renda fixa, “tivemos uma janela muito boa no início e no fim do ano passado”, segundo Fontes, que cita o câmbio menos favorável como fator negativo para investir fora do Brasil. A classe também não é a preferida de Paulo Leme para aplicações nos EUA, mas ele considera prudente ter uma parcela do patrimônio alocada em Treasuries ao considerar que a tumultuada geopolítica de Trump.