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A queda dos juros e o arrefecimento da inflação podem gerar uma certa desconfiança em relação aos fundos de “papel”, que investem em títulos de renda fixa atrelados a indicadores de preços e à taxa do CDI. Dado o recnete comportamento destes índices, ainda vale a pena manter essa classe de ativo no portfólio?
O tema foi destaque da edição desta terça-feira (26) do Liga de FIIs, apresentado por Maria Fernanda Violatti, head de fundos listados da XP, Thiago Otuki, economista do Clube FII, e Wellington Carvalho, jornalista do InfoMoney.
O programa contou também com a participação de Mateus Lima e Thiago Bozzo, criadores do perfil TioFIIs, que produz conteúdo sobre fundos imobiliários nas redes sociais. Para eles, ainda há espaço para investir nos FIIs de “papel”.
Também chamados de fundos de recebíveis, os FIIs de “papel” alocam recursos especialmente em certificados de recebíveis imobiliários, os CRIs.
Esse tipo de título é usado por empresas do segmento imobiliário para captar recursos no mercado. Na prática, essas companhias “empacotam” receitas futuras que têm para receber – como aluguéis ou parcelas pela venda de apartamentos – em um CRI e o vende a investidores, como os FIIs.
Os titulares dos CRIs recebem um rendimento mensal prefixado e a correção monetária por um indicador, que normalmente é a taxa do CDI ou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
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Em tempos de inflação alta e juros elevados, a receita dos FIIs de “papel” aumenta, assim como os dividendos distribuídos aos cotistas – como ocorreu até meados de 2022. Em caso de queda dos indicadores, há um movimento contrário, ou seja, de redução de receita e de rendimentos.
Com o início da redução da Selic – que já caiu 1 ponto percentual nos últimos meses, para 12,75% ao ano – e a tendência de uma inflação mais controlada, aumenta a desconfiança em relação ao comportamento dos fundos de “papel”.
Para Lima, o investidor não deve, de fato, esperar os dividendos turbinados de um passado recente, mas ainda faz sentido reservar parte do portfólio para essa classe de ativo, pondera.
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“Aqueles dividendos eram fruto de uma inflação descontrolada, tanto do IGP-M quanto do IPCA”, recorda. “Hoje, com os preços mais controlados é natural que os FIIs de “papel” paguem dividendos menores, mas ainda assim vale a pena mantê-los na carteira”, afirma Lima.
Bozzo concorda com o sócio no TioFIIs e lembra que cada segmento de fundo imobiliário tem um papel importante no portfólio do investidor.
“Você tem de ter uma carteira de FIIs diversificada e exposta a cada um dos segmentos, e um deles é o de recebíveis”, pontua. “E a função do fundo de ‘papel’ é exatamente a de proteger o investidor das variações da inflação que, mesmo mais controlada, ainda existe”, diz.
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Em relação aos fundos de “papel” que investem em títulos atrelados ao CDI – que tem como referência a Selic –, Bozzo lembra que a taxa de juros continua elevada, oferecendo uma rentabilidade interessante.
Além disso, Lima e Bozzo destacam que há muitos fundos de “papel” descontados – abaixo do valor considerado justo – no mercado, o que também pode representar uma boa oportunidade.
Confira a entrevista completa com os criadores do TioFIIs na edição desta semana do Liga de FIIs. Produzido pelo InfoMoney, o programa vai ao ar todas as terças-feiras, às 19h, no canal do InfoMoney no Youtube. Você também pode rever todas as edições passadas.
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