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Por que investidores estão comprando Coca-Cola antes da queda de juros nos EUA?

Empresas de consumo, segundo especialistas, costumam performar bem em períodos de taxas baixas

Lucas Gabriel Marins

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Faltando poucos dias para o início do corte de juros nos Estados Unidos, investidores foram às compras no mercado acionário do país. No “carrinho de ações”, adicionaram principalmente papéis de consumo, aqueles de empresas de produtos higiene, alimentação e bebidas, como a Coca-Cola (COCA34).

Historicamente, as companhias desse setor performam bem antes das tesouradas do Federal Reserve (Fed, o Banco central americano) e costumam se beneficiar em períodos de recessão – palavra que começou a assustar analistas após a divulgação de dados recentes preocupantes da Terra do Tio Sam.

Isso acontece, segundo Thiago Kurth Guedes, diretor de desenvolvimento de negócios da Bridgewise no Brasil, porque em períodos de queda de juros o custo de oportunidade (retorno que o negócio deixa de ganhar ao escolher determinada alternativa) dessas empresas fica menor, aumentando a margem de lucro.

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Essas companhias, explicou, costumam trabalhar com margens de lucro baixas e ganhar com volume de negociações e vendas dos produtos. Se os produtos ficam muito tempo parado, no entanto, há perda de dinheiro, pois seria muito mais vantajoso ter o valor deles rendendo juros nos títulos do Tesouro dos EUA, que oferecem rendimentos elevados quando as taxas estão altas.

“Então, existe esse custo de oportunidade do dinheiro parado muito alto se os juros estiverem altos. Quando a taxa começa a cair, o custo de oportunidade dessas empresas fica menor. Quer dizer, elas têm menos custo no estoque. Em momentos de recessão, portanto, a tendência é que essas empresas aumentem a margem de lucro e consigam ganhar mais dinheiro”, falou.

A busca por companhias de consumo pode ser vista no desempenho do S&P 500 Consumer Staples, o índice de empresas do setor, que saltou quase 5% no acumulado de 30 dias. O S&P 500, para efeito de comparação, avançou apenas 1,45% no mesmo período.

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Empresas para ficar de olho

Em nota divulgada neste mês, Michael Wilson, estrategista-chefe de ações dos EUA do Morgan Stanley, escreveu que “recomendamos focar em negócios defensivos que priorizam a eficiência operacional ou que têm poder de precificação durável (ou ambos)”. Entre os papéis citados estão Coca-Cola (COCA34), Walmart (WALM34F) e Colgate-Palmolive (COLG34).

A Coca-Cola, uma ação que permanece no portfólio do megainvestidor Warren Buffett e uma das empresas que pagam “dividendos aristocratas“, subiu 22,6% neste ano. Entre 19 casas de Wall Street que acompanham a empresa, 12 recomendam “comprar” e sete sugerem “manter” suas ações.

Já o Walmart avançou 53% desde janeiro. Entre 30 analistas com olho em suas ações, 27 falam em “comprar” e três em “manter”. Já a Colgate-Palmolive valorizou 32% no mesmo período. Entre 18 análises, 10 sugerem “comprar”, sete “manter” e um “vender”.

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Vantagens e riscos

Investir em ações internacionais de consumo oferece diversos benefícios, como ter renda em dólar, ficar exposto a companhias consolidadas e diversificar geograficamente os investimentos, segundo especialistas. A variação cambial, por outro lado, pode ser vista como um risco. Segundo Guedes, também é preciso fugir da concentração.

“O risco que o brasileiro e qualquer investidor tem que se preocupar é o da concentração. É importante estar diversificado tanto em ativos fora do Brasil quanto dentro do país, e também em diferentes setores. Então vale às vezes comprar mais de uma empresa de consumo, mas também comprar em outros setores que são interessantes também, como o financeiro, tanto fora como dentro do Brasil. Essa diversificação sempre ajuda o investidor.”

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