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Até pouco tempo, agentes do mercado financeiro e da política costumavam usar exclusivamente pesquisas eleitorais tradicionais, como Reuters/Ipsos e Post-Schar, para acompanhar a corrida presidencial nos Estados Unidos. Esse cenário, no entanto, mudou com a ascensão das “plataformas de previsões”. A “queridinha” do momento é a Polymarket.
Lançada em 2020 por Shayne Coplan, um novaiorquino de 26 anos apaixonado por tecnologia, a Polymarket é uma plataforma construída em blockchain (a tecnologia por trás do Bitcoin e das demais criptos) que permite aos usuários apostar sobre o resultado de eventos futuros, não somente o de eleições, mas de assuntos variados como “quem a HBO vai revelar como criador do Bitcoin?” e “Taylor Swift e Travis Kelce terminam em setembro?”.
O projeto ganhou apoio de investidores “peso-pesados” do mercado financeiro, como o bilionário da tecnologia Peter Thiel, cofundador do sistema de pagamentos online PayPal e do grupo de análise de dados Palantir, e o programador Vitalik Buterin, criador do Ethereum (ETH), a segunda maior criptomoeda em valor de mercado. Ambos investiram US$ 70 milhões na plataforma neste ano.
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Como funciona?
Dentro da Polymarket, os usuários apostam comprando tokens “sim” ou “não”, que representam os possíveis resultados de eventos futuros. Se o desfecho escolhido realmente se concretizar, a pessoa pode trocar essas criptomoedas pelo valor proporcional ao total apostado.
Hoje, a maior aposta da plataforma é sobre as eleições americanas. Nela, 61% dos participantes acreditam na vitória de Donald Trump, enquanto 38% dizem que a vencedora será a vice-presidente Kamala Harris. Cada token “sim” pró-Trump custa 61,6 centavos de dólar, enquanto o pró-Kamala vale 38,3 centavos.
Mas as apostas vão muito além da corrida presidencial nos EUA. Há de tudo um pouco: de qual time vencerá a Liga dos Campeões do futebol europeu, até a data de lançamento da próxima versão do ChatGPT. Mas, até nos assuntos aleatórios, muitos são sobre Trump, como uma aposta sobre o que o ex-presidente diria em uma entrevista ao podcaster Joe Rogan.
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Em termos técnicos, o Polymarket opera usando a blockchain da Polygon (MATIC), e aceita apostas apenas com criptomoeda – a USDC Coin (USDC), que é indexada ao dólar. Portanto, os usuários precisam ter uma carteira de criptomoedas e algum conhecimento no mercado de ativos digitais.
É confiável?
Enquanto na Polymarket Donald Trump aparece na frente de Kamala Harris com uma diferença de mais de 20%, nas pesquisas eleitorais tradicionais, os candidatos estão praticamente empatados, com a vice-presidente na frente por uma pequena diferença de menos de 1%.
No início deste ano, o CEO da Tesla e da Space X, Elon Musk, postou no X que a Polymarket é “mais precisa do que as pesquisas, pois há dinheiro real em jogo”. Só a aposta sobre as eleições nos EUA já atraiu US$ 2,3 bilhões.
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Em comunicado nesta semana, no entanto, a Polymarket enfatizou que “os mercados de previsão não são pesquisas de opinião – eles medem a probabilidade de um evento ocorrer em vez da porcentagem de pessoas que pretendem tomar uma ação”.
Diferente de Musk, alguns veem sinais de alerta no projeto. Recentemente, um único trader com quatro contas diferentes apostou US$ 28 milhões na vitória de Trump, segundo pesquisa da empresa de blockchain Arkham Intelligence.
Adam Cochran, um investidor veterano em cripto, disse para o The Wall Street Journal que a movimentação poderia ser um indicativo de manipulação de resultados para dar sensação de que Trump está na frente e, caso perca, possa usar o discurso de que foi roubado.
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No dia 18 de outubro, no estado do Michigan, o próprio candidato republicano chegou a mencionar a plataforma. “Não sei o que diabos isso significa, mas significa que estamos indo muito bem”.
A Polymarket iniciou uma investigação para verificar se o apostador milionário estava localizado fora dos EUA, já que os americanos não têm permissão para negociar no site, e chegou a conclusão que ele vive na França. Em 2022, o projeto foi multado pela Commodity Futures Trading Commission por oferecer serviços de negociação ilegais. Como parte de um acordo, a empresa prometeu encerrar os serviços no país.
Shayne Coplan, criador da Polymarket, disse em entrevista à revista The New Yorker nesta semana que movimentações como a da “baleia” de US$ 28 milhões são simplesmente uma prova de que o mercado está funcionando. “Não há nada que impeça as pessoas de irem comprar algo que acham que está subvalorizado”.