Publicidade
(Bloomberg) – Os investidores de títulos corporativos dos Estados Unidos que buscam proteção contra o possível estresse de crédito após a crise dos bancos regionais poderiam adicionar às carteiras dívidas de certos países emergentes de renda média, diz a Pacific Investment Management.
Os gestores de recursos deveriam avaliar dívidas de países como México, Índia, Vietnã e Indonésia, que têm “bons modelos de negócios que devem resistir ao teste do tempo” durante os ciclos políticos e econômicos, disse Pramol Dhawan, head de dívida de mercados emergentes na gestora.
Há pouco risco de inadimplência e, ao contrário das empresas americanas, elas têm um conjunto mais amplo de ferramentas para lidar com o estresse financeiro, incluindo empréstimos em moedas locais ou de reserva, ou ainda do Fundo Monetário Internacional (FMI), disse o executivo em entrevista.
“Acho que para um punhado de países emergentes, são alternativas muito viáveis aos títulos de empresas americanas”, afirmou. “Eles são bons investimentos por direito próprio.”
A Pimco, que tem US$ 1,8 trilhão em ativos sob gestão, está analisando tendências globais que vão desde o nearshoring (produção terceirizada em local próximo) até as mudanças populacionais entre os fatores para escolher os favoritos no mundo em desenvolvimento.
Depois de resgates de US$ 90 bilhões em 2022, os fundos de mercados emergentes registraram captação de apenas US$ 1,5 bilhão neste ano até agora, de acordo com dados do setor compilados pelo JP Morgan Chase.
Continua depois da publicidade
“Se entrarmos nesse tipo de crise de crédito e em um subsequente ciclo de inadimplência”, disse Dhawan, “há uma pergunta lógica para os investidores fazerem: estávamos excessivamente alocados em crédito corporativo dos EUA e subalocados em outros créditos com grau de investimento?”, referindo-se à classificação de menor risco de crédito.
Entre os países emergentes, o México se beneficia das fortes remessas e deve ganhar muito com os planos da Tesla e de outras empresas de construir fábricas mais perto dos consumidores americanos, tendência conhecida como nearshoring. A nação é “invariavelmente uma história de moeda local”, apoiada por altas taxas de juros – de 11,25% ao ano – e um banco central confiável.
Enquanto isso, a Índia e o Vietnã oferecem alternativas para empresas que buscam reduzir a produção na China, em meio às tensões geopolíticas com os EUA e outros governos ocidentais, disse ele. A Índia também se beneficia do chamado “dividendo demográfico”, já que sua população – em contraste com a da China – deve crescer nas próximas décadas.
Continua depois da publicidade
No mês passado, a Índia ultrapassou a China como o país mais populoso do mundo, de acordo com as Nações Unidas.
A Indonésia, país com as maiores reservas de níquel do mundo, está trabalhando para se tornar um ator importante para a indústria de veículos elétricos, pois exporta os materiais necessários para a transição para energia renovável. O país também possui uma forte estrutura institucional, o que o torna atraente para investidores estrangeiros, disse Dhawan.
Para a Pimco, que é uma das maiores gestoras de títulos do mundo, agora é o melhor momento para entrar em papéis de mercados emergentes denominados em moeda local, disse Dhawan.
Continua depois da publicidade
Os formuladores de políticas nos países em desenvolvimento começaram a elevar as taxas de juros mais cedo e de forma mais agressiva do que seus pares desenvolvidos. “Os bancos centrais estão dizendo que precisam da valorização da moeda para ajudar a reduzir o que é uma inflação global muito rígida, e persistentemente rígida”, disse. “Todas as estrelas estão se alinhando para subscrever dívidas em moeda local.”
Os títulos em moeda local de mercados emergentes tiveram retorno de 6,9% este ano, em comparação com apenas 2,6% em um índice de dívida em dólares.
As moedas dos países em desenvolvimento permanecem baratas, enquanto o dólar americano ainda está supervalorizado, de acordo com os modelos da Pimco, disse Dhawan.
Continua depois da publicidade
O rali das moedas latino-americanas, que estão entre as maiores vencedoras contra o dólar neste ano, ainda tem espaço para correr, avaliou. As moedas asiáticas são negociadas mais perto do valor justo.
Ainda assim, alguns países merecem cautela. Os investidores devem ficar atentos a lugares como o Brasil, onde o governo começou a “cutucar” o Banco Central.
©2023 Bloomberg L.P.