PF desmantela operação de “cripto-cabo” que movimentou R$ 1 bilhão; entenda

Valores eram convertidos em criptos, enviados para o exterior e convertidos em dólares para o pagamento de fornecedores de drogas e armas

Lucas Gabriel Marins

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A Polícia Federal (PF) deflagrafou nesta quarta-feira (9) uma operação contra operadores do mercado financeiro acusados de prestar serviços para organizações criminosas e converter o dinheiro do delito em criptomoedas, que posteriormente eram enviadas para o exterior e transformadas em dólar.

A prática é conhecida “cripto-cabo”, em alusão à remessa ilegal de dólares conhecida como “dólar-cabo”. Em meados de 2023, o InfoMoney revelou com exclusividade um esquema de “cripto-cabo” com a stablecoin Tether (USDT), lastreada no dólar, para alimentar contrabando em São Paulo.

A PF, que contou com apoio da Receita Federal na ação, cumpriu 62 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão preventiva e três mandados de prisão temporária em nove estados. Também foram decretados o sequestro de bens imóveis e veículos.

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Houve ainda bloqueio de valores em contas bancárias das pessoas físicas e jurídicas investigadas e foi apreendida uma grande quantidade de gado em propriedade rural vinculada a um dos líderes da organização criminosa.

A PF apura crimes como organização criminosa, lavagem de capitais, evasão de divisas, operação de instituição financeira ilegal e uso de documento falso.

Como funcionava o esquema?

De acordo com a investigação, a organização criminosa fazia depósitos de valores em espécie em contas de empresas de fachada, com sócios “laranjas”, na ordem de pelo menos R$ 1,2 bilhão. Os depósitos, segundo o COAF, eram feitos diariamente em agências bancárias espalhadas pelo país.

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Na sequência, os valores eram convertidos em criptoativos e enviados para carteiras operadas no exterior. Fora do Brasil, esses ativos digitais eram convertidos em dólares para o pagamento de fornecedores de drogas e armas.

Empresas de “fachada” e exchanges responsáveis por fornecer as criptomoedas, além dos doleiros responsáveis pela evasão de divisas e lavagem de dinheiro por meio do “cripto-cabo”, são investigados pelas autoridades.

Os recursos do crime, ainda segundo a PF, teriam sido utilizados para compras de imóveis de luxos em Santa Catarina e pagamentos de cirurgias de estrangeiros em hospitais de alto custo de São Paulo.