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A permanência da Selic em patamares acima de dois dígitos, juntamente com os retornos majoritariamente abaixo do CDI, ajudaram a impulsionar fluxos relevantes de saída da indústria de fundos multimercados nos primeiros meses do ano.
De janeiro a maio, só o segmento de pessoas físicas e de clientes de plataformas, por exemplo, retirou R$ 49,6 bilhões de fundos, mostram números da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). “É o público que mais consome esse tipo de fundo”, resumiu Pedro Rudge, diretor da Anbima, durante entrevista a jornalistas nesta sexta-feira (5).
No acumulado do ano até junho, multimercados de gestão ativa, agrupados no Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA), apresentaram, na média, um rendimento de 0,20%, bem abaixo dos 5,22% do CDI.
E a perspectiva para os próximos meses deve seguir desafiadora. “Acho que ainda podemos ver uma certa dispersão em termos de rentabilidade nessa classe de ativos e alguma saída de recursos”.
Para além dos saques, a indústria viu uma redução nos números de fundos multimercados, que passaram de 13,7 mil, em junho de 2023, para 13,3 mil, em maio deste ano.
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Segundo Rudge, parte do movimento tem a ver com a reestruturação vista em fundos exclusivos. “Lá em outubro, tivemos a tributação sobre fundos fechados e a grande maioria deles é multimercados. Seja saída ou liquidação e cisão de fundo pode ter a ver com uma reestruturação de uma natureza tributária”.
Mais fundos de ações
Na outra ponta, fundos de ações viram um crescimento no número de produtos, de 4 mil em junho do ano passado para 4,4 mil até maio deste ano, segundo dados da Anbima. Fundos de ações, vale lembrar, permaneceram sem antecipação semestral do Imposto de Renda (come-cotas), ao contrário de outras classes de fundos fechados. “Muito multimercado passou por cisão e uma parte do portfólio pode ter virado um fundo de ações”, afirma Rudge.