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Mais uma vez, o aperto das condições financeiras com a elevação dos juros em países ricos e o pacote fiscal anunciado pelo governo britânico penalizaram os ativos de risco em setembro. Na avaliação da Verde, gestora do megainvestidor Luís Stuhlberger, o pêndulo do mercado começa a “mostrar certos exageros” e “parece claro” que isso afetará duramente o crescimento econômico de todas as economias, especialmente as desenvolvidas.
“Os sinais disso já são evidentes em alguns indicadores antecedentes, mas devemos ver isso com mais clareza nos próximos meses”, pontuou a gestora em carta mensal aos cotistas, publicada nesta segunda-feira (10).
A casa informou que manteve as posições em bolsa no exterior e que optou por zerar a alocação tomada em juros nos Estados Unidos, que se beneficiava da elevação das taxas. Em sua reunião de política monetária em setembro, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) aumentou os juros em 75 pontos-base (0,75 ponto percentual) e passou a prever que a taxa no país subirá para além de 4% até o fim de 2022.
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O Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) apresentará a ata da reunião na próxima quarta-feira (12). O documento deve trazer mais detalhes sobre os indicadores que basearam a decisão da autoridade monetária americana.
Petróleo e pessimismo com euro e libra
Diante de um cenário global mais instável, a Verde também optou por manter uma posição em ouro e por aumentar a exposição ao petróleo. Nos últimos dias, gestores de grandes casas, como a Legacy, também afirmaram que estão mais preocupados com as perspectivas para a commodity.
Na semana passada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anunciou a diminuição da produção de petróleo em 2 milhões de barris por dia – maior corte desde abril de 2020. Para a Legacy, o petróleo pode voltar a subir para além dos US$ 100.
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A Verde informou ainda que iniciou uma posição apostando que o euro e a libra esterlina devem se desvalorizar. Nos últimos dias, ambas as moedas têm sofrido bastante com a aprovação de um pacote fiscal polêmico no Reino Unido e com a perspectiva de recessão no continente europeu.
Na carta, a Verde disse também que aumentou marginalmente a exposição comprada (que se beneficia da valorização) de títulos globais high yield (que oferecem maior retorno e, portanto, possuem maior risco).
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Já sobre a alocação no Brasil, a gestora disse que aumentou a posição em inflação implícita e manteve a exposição na B3.
Na avaliação da casa, o Congresso recém-eleito mostrou um “balanço mais conservador” do que se projetava e a expectativa é de que o próximo presidente terá que “trabalhar com restrições impostas por essa composição legislativa”.
“Caso Lula vença, a margem de manobra do seu governo – especialmente para potenciais contrarreformas – fica mais limitada. Esse fator foi bem recebido pelos mercados, ao mitigar a probabilidade de riscos de cauda, e se refletiu num rali importante no primeiro pregão de outubro”, completou o documento.
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Retorno do fundo
Em setembro, o fundo Verde apresentou queda de 0,46%, contra uma alta de 1,07% do CDI (taxa de referência da renda fixa). Esse foi o segundo mês de recuo do Verde neste ano. A última vez tinha sido em junho.
Na carta, gestora informou que os maiores ganhos vieram de posições em Bolsa brasileira, além de alocações que se beneficiam da alta dos juros nos EUA e da desvalorização do euro.
Já a exposição tomada em juros na Europa, juntamente com a posição em bolsas globais e a alocação em commodities, foram os maiores detratores do desempenho do produto em setembro. No ano, o Verde sobe 11,29%, acima dos 8,89% do CDI no período.