Para Tesouro dos EUA, criptomoeda mais popular no Brasil alimenta o terrorismo

"Observamos um aumento do uso de moedas estáveis, notavelmente a stablecoin USDT, por pessoas sancionadas", falou Brian Nelson

Paulo Barros Lucas Gabriel Marins

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O subsecretário do Tesouro para o Terrorismo e Inteligência Financeira dos Estados Unidos, Brian Nelson, disse durante a Consensus, maior evento de criptomoedas do mundo, que o departamento tem visto aumento no uso da criptomoeda Tether (USDT) por criminosos.

A stablecoin é o maior token do mundo com indexação ao dólar americano. No ano passado, o InfoMoney revelou com exclusividade que o ativo digital é usado na região da rua 25 de Março, em São Paulo, para alimentar o contrabando. A criptomoeda também é a mais usada do Brasil, segundo dados da Receita Federal.

“Nós observamos um aumento do uso de moedas estáveis, notavelmente a stablecoin USDT, por pessoas sancionadas, golpistas e grupos terroristas”, disse Nelson, mencionando também que outros grupos de criptos, como tokens não fungiveis (NFTs), também são suscetíveis a golpes e fraudes.

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Na palestra, que ocorreu na tarde da quarta-feira (29), em Austin, no Texas, ele disse que um ponto-chave nos esquemas fraudulentos é que os criminosos virtuais procuram aquelas jurisdições ou produtos financeiros com procedimentos fracos contra lavagem de dinheiro e terrorismo.

“Alguns provedores de ativos virtuais estão falhando completamente em cumprir suas obrigações de compliance, e isso enfatiza a importância de nosso envolvimento com empresas do setor, visto que essas atividades (ilícitas com cripto) são um risco à segurança nacional dos EUA”, falou.

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Nelson comentou também sobre a ação conjunta do Tesouro do país e outros órgãos contra a Binance. No ano passado, a corretora admitiu múltiplas violações da legislação americana e teve que pagar multa de US$ 4,36 bilhões para encerar um processo. “Fizemos isso por causa da quantidade extraordinária de atividades ilícitas que vimos”, comentou Nelson.

O membro do Tesouro americano também afirmou que as plataformas NFT “carecem de controles apropriados” para combater a lavagem de dinheiro e a evasão de sanções. Portanto, recomenda uma maior aplicação de regulamentos aos NFTs e às plataformas em que são negociados.

Misturadores de criptos

Nelson também abordou uma proposta do Tesouro de aplicar supervisão a serviços chamados de mixers, que misturam criptomoedas de várias fontes para esconder a origem dos recursos, algo visto como escudo para a prática de crimes. Para alguns, no entanto, essas soluções são essenciais para proteger a privacidade de usuários, especialmente em países com governos ditatoriais.

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“Do nosso ponto de vista, acreditamos que há uma diferença entre ofuscação e serviços que melhoram o anonimato que apoiam a privacidade. Queremos trabalhar em estreita colaboração com a indústria para identificar e colaborar em ferramentas que possam melhorar a privacidade”, falou.
Nelson ponderou, no entanto, que grande parte dos serviços de mistura de criptomoedas são feitos para contornar os requisitos de combate à lavagem de dinheiro e driblar exigência de identificação de investidores, o que os tornaria “muito atraentes” para atores da Coreia do Norte ou do Hamas.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos