Para onde vai a Selic? Gestores apostam em queda de 0,50 ponto percentual e maior otimismo com a Bolsa

Já no mercado global, gestores ouvidos em pesquisa da XP mostraram aumento nas posições vendidas (que se beneficiam da queda) em Bolsa americana

Bruna Furlani

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (iStock)
Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (iStock)

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Para além de economistas, é consenso entre gestores que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deverá reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual na reunião desta quarta-feira (20).

É isso o que mostra uma pesquisa feita pela XP Investimentos com 17 gestoras de fundos multimercados do tipo macro entre os dias 15 e 16 deste mês.

Já com relação à expectativa para a taxa básica de juros ao fim deste ano, o levantamento divulgado nesta terça-feira (19) trouxe pouca mudança.

O ponto médio das estimativas mostra que a Selic deve terminar este ano em 11,75% – percentual que se mantém há dois meses e que é o mesmo esperado por economistas consultados pelo Banco Central no Boletim Focus.

A manutenção da expectativa para a Selic no fim deste ano não é à toa. Isso porque não houve alteração também nas projeções esperadas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023, cuja mediana segue em 4,80% pelo segundo mês consecutivo (julho e setembro), contra 4,90% previstos em junho.

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A mediana das projeções para o dólar esperada pelos gestores ao final do ano também foi mantida pelo terceiro mês consecutivo, em R$ 5. Em fevereiro deste ano, a expectativa estava em R$ 5,27.

Mudanças nas posições em dólar

Apesar da manutenção das estimativas, as posições montadas pelos gestores sofreram alteração ao longo dos meses. Atualmente, 55% dos gestores que indicaram alocações em dólar estão vendidos (apostando na desvalorização), enquanto os 45% remanescentes estão comprados (apostando na valorização).

Em junho, 75% dos participantes estavam com posições vendidas em dólar.

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De acordo com a XP, parte dos gestores enxerga o dólar não como uma alocação direcional, mas como uma proteção eficaz para as carteiras em meio a um cenário de manutenção das pressões inflacionárias e riscos de recessão no horizonte.

“No cenário atual, o ambiente de desaceleração econômica tem dado espaço para que parte dos gestores sigam apostando em posições vendidas (55%) para o dólar”, justificaram os analistas da corretora.

Otimismo com PIB e com a Bolsa

Por outro lado, gestores se mostraram um pouco mais otimistas com a atividade econômica no Brasil.

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O ponto médio da estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) do País passou para 3,00% neste ano, valor que está acima dos 2,40% esperados em julho deste ano. A estimativa também é superior aos 2,89% previstos por economistas no Focus.

A título de comparação, em fevereiro deste ano, o ponto médio das estimativas para o PIB estava em 0,50%.

De acordo com a XP, a visão de crescimento do PIB também reflete o otimismo dos gestores com a alocação em ativos locais.

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Ao longo dos últimos meses, as perspectivas negativas foram dando espaço para um posicionamento neutro, e por fim, para uma alocação comprada (que se beneficia da alta) em Bolsa Brasil.

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A pesquisa mostrou que setembro foi o segundo mês em que todos os gestores ouvidos estavam com posições compradas em ações brasileiras.

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“Observamos um aumento expressivo nos últimos 3 meses na exposição ao chamado ‘kit Brasil’, posicionamento caracterizado por posições compradas em Bolsa brasil, aplicada em juros,
e apostando na valorização do real contra o dólar”, destacou a pesquisa.

As opiniões foram coletadas antes da divulgação, na manhã desta terça-feira, do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), indicador que é considerado uma prévia do PIB, que veio acima das expectativas.

Posições vendidas em Bolsa americana aumentam

Já no mercado global, os analistas da XP observaram um aumento nas posições vendidas (que se beneficiam da queda) em Bolsa americana, passando de 63% em agosto para 71% agora em setembro.

“A visão negativa para as bolsas globais leva em consideração o aperto das condições financeiras, a resiliência da inflação na economia americana e os riscos de recessão no horizonte”, avaliam os especialistas da XP.

A alocação tem sido um dos maiores promotores de performance dos fundos multimercados da classe macro após a realização recente dos mercados globais.