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SÃO PAULO – O assassinato de um homem negro por seguranças brancos no interior de uma loja do Carrefour e a alta das ações da empresa no dia seguinte ao ocorrido repercutiram – e ainda repercutem – na sociedade e também no mercado financeiro.
Ainda mais pela maior popularização, ao menos aparente, dos investimentos responsáveis em termos ambientais, sociais e de governança, reunidos na sigla ESG, ao longo de 2020 no mercado local.
Na tentativa de enxergar o copo meio cheio, especialistas do mercado avaliam que o caso do Carrefour, que viu as ações caírem com força no pregão de abertura desta semana, pode servir para reforçar a importância que as empresas precisam dar para as boas práticas em qualquer uma das três vertentes abarcadas pela sigla.
Márcio Correia, sócio e gestor de ações da JGP, avaliou que o triste episódio no supermercado deixa claro o quanto o mercado local e o país ainda têm para evoluir, em tantos aspectos.
Ele participou do primeiro dia do evento Melhores Empresas da Bolsa, do InfoMoney e Stock Pickers na noite de terça-feira, para tratar do crescimento do ESG e sua real importância para os investidores. O evento, online e gratuito, vai até o dia 26. Para participar, basta se cadastrar aqui.
A morte no interior do Carrefour, disse Correia, foi claramente um ato racista, que reflete uma sociedade brasileira que é comprovadamente racista. “Fazemos muito pouco para mudar isso”, reconheceu o gestor da JGP, que celebrou o programa de trainees do Magazine Luiza voltado para o público negro.
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“ESG é tirar essa função de só gerar lucro e passar para uma função social mais abrangente”, afirmou Correia.
Para Florian Bartunek, sócio fundador da Constellation, a esperança é que a tragédia sirva ao menos para alertar as empresas que elas não são responsáveis somente pelo que os seus próprios funcionários fazem, mas também pela atividade realizada por contratados terceirizados.
“As empresas estão sujeitas ao imponderável, mas a forma como reagem é muito importante”, afirmou Bartunek. Segundo ele, um dos erros cometidos pela Vale, sob a ótica ESG, foi demorar a reconhecer os erros cometidos que culminaram nos desastres humanos e ambientais em Minas Gerais.
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Esperança pela mudança
Apesar das falhas da mineradora, Correia, da JGP, afirmou que não considera ser possível simplesmente deixar de investir na Vale, ou no setor de mineração de maneira mais ampla, por se tratar de uma atividade que não é sustentável em termos ambientais.
Mais do que criar uma lista de exclusão de empresas que não seguem à risca as boas práticas ESG, é importante buscar uma aproximação com os diretores responsáveis pelo negócio para entender qual o grau de engajamento com as mudanças, afirmou o gestor da JGP, em discurso reforçado pela diretora de ESG da XP, Marta Pinheiro.
“Acreditamos bastante na questão da transição, das empresas entenderem o caminho que precisa ser percorrido”, disse a especialista, acrescentando que, ao depender do setor de atuação da companhia, cada uma das frentes do universo ESG tende a se sobressair em relação aos demais.
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No caso da própria XP, afirmou a diretora, o impacto ambiental, pela natureza do negócio, acaba tendo menos espaço no debate em comparação a uma empresa extrativista.
No setor financeiro, a governança e o aspecto social, com preocupações mais voltadas à busca por maior diversidade entre os funcionários, são mais presentes, observou a especialista. (Com colaboração de Laís Martins).
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