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O mercado financeiro tem revisado nos últimos dias a recomendação para as ações da Petrobras (PETR3) e PETR4) e elevado o preço-alvo dos papéis. Na esteira das novas projeções, houve também aumento na expectativa dos dividendos da estatal.
Em 2022, a petroleira distribuiu R$ 16,77 por ação, montante que representa uma taxa de retorno com dividendos (dividend yield) de quase 50% – percentual que colocou a empresa entre as maiores pagadoras do mundo.
No final do mês passado, porém, a estatal anunciou mudanças na política de dividendos da companhia, reduzindo de 60% para 45% o percentual do fluxo de caixa livre da empresa destinado ao pagamento de proventos.
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As alterações já estavam no radar do mercado e muitos analistas já trabalhavam com um dividend yield em 2024 bem abaixo do observado no ano passado. As projeções giravam na casa dos 10%.
“A gente deve ver a Petrobras como uma das principais pagadoras de dividendos da Bolsa ainda, mas não no ritmo visto nos últimos dois anos”, prevê Frederico Nobre, líder de análise de investimento da Warren. “Esta relação deve se normalizar com a empresa pagando algo em torno de 15% a 20% ao ano”, projeta.
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A previsão está em linha com a observada nas recentes revisões sobre a empresa, que agora falam em um dividend yield em torno dos 20% em 2024 – ou seja, o dobro da expectativa das casas que não atualizaram estimativas nas últimas semanas.
O UBS BB, por exemplo, divulgou relatório nesta quinta-feira (24) com estimativa de 20% de retorno com dividendos no ano que vem, enquanto o BofA cravou uma projeção de 22%. Morgan Stanley também atualizou o dividend yield previsto para 21%.
Já casas como Goldman Sachs, Santander e XP, que ainda não oficializaram uma revisão de estimativas, preveem retornos de 8% a 11% com dividendos da Petrobras no próximo ano.
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Reforçando a revisão nas projeções para a petroleira, analistas do BofA classificam a Petrobras como um “transatlântico que paga dividendos” – dimensionando o otimismo com a empresa.
Confira as projeções atualizadas de dividend yield para as ações da petroleira:
Instituição | Última revisão | Dividend yield projetado para 2024 (%) |
UBS BB | Agosto/2023 | 20 |
BofA | Agosto/2023 | 22 |
BTG | Agosto/2023 | 18 |
Bradesco BBI | Agosto/2023 | 17 a 27 |
Morgan Stanley | Agosto/2023 | 21 |
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Dividendos extraordinários
Na conta do dividend yield da Petrobras, o mercado inclui a possibilidade da distribuição de dividendos extraordinários, como sinaliza relatório do BTG Pactual.
“Acreditamos que a Petrobras se aproximará em breve dos limites superiores de sua reserva de lucros, conforme estabelecido em seu estatuto social”, contextualiza. “Então, a menos que crie uma reserva estatutária para destinar a forte geração de caixa esperada no segundo trimestre, terá de pagar mais do que o estipulado em sua nova política de dividendos”, destaca o texto.
O BTG Pactual estima que esse valor extra poderia ser de US$ 5,3 bilhões (dividend yield de 6%) no final de 2023 e US$ 4 bilhões (5%) ao final de 2024.
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Combinando a possibilidade de proventos extraordinários com as estimativas referentes à política de dividendos para os próximos exercícios, o banco projeta um dividend yield de 13% em 2023 e de 19% em 2024.
Dividendos da Petrobras no 3º trimestre
Enquanto os dividendos de 2024 não chegam, o mercado também tem no radar os proventos da estatal referentes ao terceiro trimestre deste ano.
Na avaliação de Mateus Haag, analista de investimentos da Guide, a estatal deverá distribuir algo como R$ 1,13 por ação no período – equivalente a um dividend yield anualizado de 16%.
“Também acreditamos que os dividendos da estatal seguirão elevados”, afirma. “O preço do barril de petróleo se manteve bem elevado na maior parte do tempo do trimestre, ou seja, acima dos US$ 80”, explica.
Além disso, Haag não vê, no curto prazo, um motivo para uma queda tão expressiva dos dividendos da empresa. Segundo ele, nem a defasagem no preço dos combustíveis no mercado doméstico seria suficiente para mudar o cenário de otimismo para a petroleira.
Ele lembra ainda que a companhia não fez nenhuma aquisição nos últimos meses – o que poderia influenciar diretamente na distribuição de lucros para os acionistas.
Possíveis riscos para a Petrobras
Embora otimista com a distribuição de futuros dividendos pela Petrobras, o mercado ainda observa pontos de risco para a petroleira.
Carlos Daltozo, da Eleven Financial, chama a atenção para riscos de governança – eventual interferência política – na empresa, ponto que justifica a recomendação neutra da casa de análise para a companhia.
“As incertezas quanto à política de preços dos combustíveis persistem e a defasagem para os preços internacionais está alta – acima dos 20%”, pontua relatório da Eleven. “Caso o petróleo siga valorizando e a companhia não ajuste seus preços, isso deve prejudicar seus resultados futuros”, completa o texto.
Outros analistas também apontam como potenciais riscos para a empresa despesas inesperadas com fusões e aquisições, acordos sobre obrigações fiscais federais, investimentos superiores ao esperado.