Os tipos de notícias que podem fazer suas ações dispararem (ou despencarem)

Intervenções do governo, fusões e catástrofes são algumas das notícias que podem afetar a carteira do investidor

Gabriella D'Andréa

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SÃO PAULO – Os investidores são bombardeados diariamente pelas mais diversas notícias. Relatórios empresariais, medidas do governo, reuniões de órgãos mundiais e brigas entre nações são apenas algumas das manchetes. Mesmo que indiretamente, muito do que é veiculado pode afetar a sua carteira de ações, seja de maneira negativa ou positiva.

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Um exemplo são os relatórios trimestrais que as empresas de capital aberto são obrigadas a divulgar ao mercado. Dependendo do que eles apresentarem, a ação pode apresentar uma forte valorização ou uma queda expressiva, como foi o caso das ações da Cia. Hering (HGTX3). Após a companhia reportar lucro líquido de R$ 69,4 milhões e aumento de 16,2% na receita líquida no 1º trimestre de 2013, seus papéis dispararam no pregão do dia 23 de abril, data da divulgação do relatório, fechando com alta de 5,69%. 

Comunicados ao mercado e fatos relevantes também podem impactar de forma importante o preço das ações. Um exemplo clro aconteceu com a OGX Petróleo (OGXP3) no ano passado. Depois de divulgar ao mercado que os dois poços  da empresa no campo de Tubarão Azul produziriam 10 mil barris por dia, sendo que meses antes a perspectiva era de 20 mil barris por dia, com o aumento gradual desse número com o passar do tempo, as ações da petrolífera desabaram 25,33% no dia seguinte (27 de junho de 2012) ao anúncio. E ao final da mesma semana (25 a 29 de junho) o papel sofreu queda de 36,78%. O preço da ação que na época era de R$ 8,70 hoje está em R$ 1,87, uma desvalorização de 78,51%. 

Outro tipo de notícia que tem essa capacidade é de uma fusão ou aquisição. Ao mesmo tempo em que ela pode criar expectativas positivas no mercado, já que se pressupõe que a empresa vai crescer, ela pode ser mal vista. “O caso da fusão da Kroton e da Anhanguera exemplifica bem essa situação. A junção das duas formou a maior rede de ensino brasileira, o que fez os investidores acreditarem no potencial da companhia, gerando uma valorização nas ações”, cita a consultora da corretora Prosper, Rita Mundim.

Já as intervenções governamentais não costumam refletir positivamente nos preços das ações, como vimos em 2012 com o anúncio do governo de um pacote de redução das tarifas elétricas e de mudança nas renovações das concessões do setor. O anúncio fez com que acionistas de companhias do segmento saíssem em massa dos papéis, derrubando a bolsa de valores daqui.

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Adicionalmente, há notícias macroeconômicas que podem afetar um setor específico. Nesse caso, Rita cita a desaceleração da economia chinesa no último ano. Com um crescimento baixo, perto do que era esperado, o tigre asiático reduziu a demanda pelo minério de ferro brasileiro, o que afetou diretamente a Vale, que possui o grosso de sua receita lastreada na matéria-prima.

Impacto global
Quando há uma notícia de catástrofe, as ações e as bolsas mundiais também costumam oscilar, como pudemos presenciar recentemente. Após um hacker invadir o Twitter da Associated Press no dia 24 de abril e soltar um tweet dizendo que a Casa Branca havia sido invadida por um grupo de terroristas e o presidente Barack Obama estava ferido, o índice S&P500 sofreu uma queda de 0,96% em apenas 1 minuto, enquanto no mesmo instante o Dow Jones e o Ibovespa recuaram 0,89% e 0,39%, respectivamente. “Qualquer risco ao redor do globo faz com que os investidores adiem qualquer outro risco. E o mercado de ações possui vários”, comenta Rita.

Coincidentemente, na última semana outro acontecimento balançou bastante as bolsas mundiais. No dia 15 de abril, duas bombas explodiram próximas à linha de chegada da maratona de Boston (EUA), o que deixou muitos investidores temerosos, causando um êxodo nos mercados. Somente no Brasil, o Ibovespa registrou seu pior pregão dos últimos 18 meses ao registrar queda de 3,66%.