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SÃO PAULO – A aceleração da retomada da atividade no segundo semestre de 2021 conforme avança o processo de reabertura das economias, tanto no âmbito local, como no contexto internacional, tem sido, e parece que deve continuar a ser ainda por mais algum tempo o principal guia para a montagem dos portfólios de fundos de ações e multimercados que mais têm se destacado ao longo dos últimos 12 meses.
A expectativa da maior parte desses gestores é a de que, enquanto os preços de matérias-primas como o petróleo e o minério de ferro devem continuar a se beneficiar de um ambiente de forte reaquecimento global e de uma oferta relativamente restrita, no Brasil, a descompressão do risco fiscal, bem como o avanço da vacinação faz com que setores que ainda não conseguiram se recuperar completamente do tombo causado pelas restrições de mobilidade como o varejo ganhem cada vez mais espaço nas carteiras.
Além disso, a aposta na valorização do real frente ao dólar foi outro posicionamento importante para os fundos de maior rentabilidade durante o mês passado, com a contribuição do ciclo de alta da taxa de juros iniciado pelo Banco Central (BC) para a atração crescente de recursos para o país.
Confira a seguir os fundos de ações e multimercados com as maiores altas e quedas em maio. Com base em dados extraídos da Economatica, o levantamento considerou veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas ao fim de maio.
Na categoria de renda variável, foram excluídos fundos setoriais e monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado.
Como já tem sido praxe nos últimos meses, o Hayp FIA, da gestora Zenith Asset Management, voltou a aparecer entre os destaques positivos, com ganhos de 15,5% em maio, contra uma alta de 6,1% do Ibovespa. Em 12 meses, a rentabilidade do fundo é positiva em 118,2%, ante 44,4% do benchmark.
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Positivo e Assaí, com altas de 30,5% e de 10,6%, respectivamente, foram as maiores contribuições para o resultado recente, aponta a carta do Hayp FIA referente ao mês de maio.
Os gestores da Zenith destacam no documento que seguem “atentos às oportunidades no setor de laboratórios, e, mais recentemente, nas empresas de tecnologia que tiveram uma boa janela de IPOs no primeiro trimestre de 2021 e podem ter grande potencial de valorização.”
Também teve destaque no mês passado o Alaska Black FIC FIA – BDR Nível I, com valorização de 12,6% no período, que chega a 45,1% no intervalo de um ano.
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O resultado de maio foi composto por uma rentabilidade de 5,6% da carteira de ações e da posição comprada em BOVA11 por meio de opções que teve contribuição de 3,07%, informou a Alaska, em nota enviada ao InfoMoney.
A gestora aponta ainda que o fundo teve como destaque positivo as posições em ações do setor de óleo e gás, e que segue com uma posição vendida no dólar contra o real, que contribuiu em 3,88% no mês passado.
“Em maio, as participações no setor de mineração aumentaram, enquanto as participações no setor petroquímico reduziram. As duas posições mais relevantes, dos setores de mineração e de óleo e gás, possuem exposição próxima a 30% no portfólio de renda variável”, diz a Alaska.
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Já entre os multimercados de maior rentabilidade em maio, aqueles que concentram a atuação na renda variável e na retomada global seguem entre os principais destaques.
É o caso do Versa Long Biased, que subiu 23,6% no mês passado pela aposta na reabertura econômica do país por meio de nomes do varejo local, enquanto o Vista Multiestratégia, que avançou 10,2% no intervalo, tem a maior parte do risco voltada para as commodities, mais especificamente ao petróleo.
“Acreditamos que nossos ativos nos setores do varejo, lajes corporativas e imobiliário ainda não refletem o potencial da recuperação econômica pós covid”, diz a equipe do Versa, em relatório. Os principais ganhos do mês no fundo vieram das ações de Hering, Marisa, Guararapes, Vivara e BR Properties.
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Os gestores do Vista Multiestratégia, por sua vez, destacam na carta de gestão de maio que os resultados positivos do mês passado vieram principalmente das apostas em commodities e na moeda brasileira.
Na avaliação dos especialistas, o ciclo positivo para os preços do petróleo observado ao longo dos últimos meses tem espaço para continuar ainda por mais algum tempo.
“A queda sucessiva dos estoques, os sinais recorrentes de disciplina do lado da oferta e a reabertura acelerada das economias desenvolvidas são consistentes com a nossa tese de longo prazo e só reforçam a nossa convicção”, escrevem os gestores da Vista na carta, que cita também o ouro e o urânio entre as apostas no campo das commodities.
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Eles dizem ainda que o otimismo de curto prazo com os ativos brasileiros se mostra em parte no preço, enquanto as preocupações de longo prazo com o crescimento potencial do país se mantêm. “Ajustamos o tamanho da posição de acordo.”
12 meses
Considerada a janela de um ano, entre os destaques na categoria de renda variável, aparecem fundos como o Trigono Small Caps e o GTI Dimona Brasil FIA, com altas de 101,2% e de 78,3% nos 12 meses encerrados em maio, respectivamente.
Neles, novamente a aposta em commodities é ainda a maior responsável pelos números apresentados, mas também com a contribuição recente de nomes mais dependentes da retomada doméstica.
Confira a seguir os fundos de ações que mais se destacaram em um ano, assim como seu desempenho em 36 meses (no caso dos fundos com histórico para o intervalo), em 2021 e apenas no mês passado.
No caso dos multimercados, o aumento do risco na Bolsa em meio ao cenário mais positivo para o país no segundo semestre tem dado o tom entre os principais destaques, caso do Logos Total Return e do Bahia Am Long Biased.
Importante lembrar que retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, embora seja interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.
Rebalanceamento
André Gordon, gestor do GTI Dimona, aponta Vale e Petrobras, ao lado de Simpar e Itaú, entre as principais posições hoje na carteira do fundo de ações, em uma combinação de commodities que se beneficiaram e devem seguir se beneficiando do ciclo global de reaquecimento acelerado, com nomes mais expostos à dinâmica local.
Segundo o gestor, embora tenha ainda um espaço relevante, a alocação nas exportadoras era ainda maior até poucas semanas atrás, e contava com nomes que não estão mais presentes hoje, caso da Suzano, ação cujo desempenho, diz Gordon, tem alta relação com o câmbio.
Ao mesmo tempo, empresas já na carteira como Pão de Açúcar e PagMenos no varejo, administradoras de shoppings e educacionais como a Cogna passaram a ser olhadas com cada vez mais carinho pela GTI em meio às revisões positivas em sequência para o crescimento do PIB brasileiro em 2021.
“Estamos com um cenário macro mais otimista do que o mercado já tem algum tempo, ao identificarmos nas ações tomadas pelo ministério da Economia e de Infraestrutura ações muito positivas que tem como objetivo a redução do custo Brasil e a preservação do emprego e da renda”, afirma Gordon, que diz considerar o setor bancário com descontos excessivos, sendo o Itaú a melhor oportunidade no momento. “Salvo algum evento externo, a Bolsa vai continuar subindo com a aceleração da atividade e uma possível queda dos juros longos”, prevê o gestor da GTI.
Fora do radar
Já o fundo multimercado Alpha Key Long Biased, que subiu 7,7% em maio, com ganhos de 40% em 12 meses, busca identificar na Bolsa ações que os gestores entendem com perspectivas promissoras de crescimento em um horizonte de médio e longo prazo, e que não estão sendo adequadamente precificadas pelo mercado, muitas vezes mais preocupado com os resultados de curto prazo, diz o CIO Bruno Rignel.
Sob uma ótica de análise “bottom up”, mais atenta aos pormenores microeconômicos de determinadas teses de investimento do que ao cenário macro de forma mais genérica, a empresa do setor imobiliário Direcional, bem como as empresas de consumo Via Varejo e Centauro, estão hoje entre as maiores convicções no portfólio do fundo.
“Em muitos casos nos aproximamos muito das empresas e tentamos contribuir de alguma forma para o crescimento do negócio”, afirma Christian Keleti, CEO da Alpha Key, e que ocupa o posto de membro independente no conselho da Direcional. “Às vezes o mercado acaba sendo muito raso e perde boas oportunidades por não se aprofundar para entender melhor o negócio da empresa”, acrescenta Keleti.
Extrapolando para um espectro mais global, mesmo no caso da mineradora Vale, embora reconheça que seja merecido o desconto pelos desastres ambientais ocorridos em Brumadinho e Mariana, o CIO da Alpha Key entende que, ainda assim, o preço do papel está muito defasado frente aos pares internacionais Rio Tinto e BHP para ser ignorado.
Aumento da confiança
Os gestores da Bahia Asset, por sua vez, destacam na carta de gestão de maio que os dados de atividade econômica local mais forte que o esperado e a redução na percepção de risco fiscal foram os principais fatores que contribuíram para uma visão mais positiva para o desempenho dos ativos brasileiros nos próximos meses.
“Aproveitamos que havíamos feito reduções no risco do portfólio ao final de abril, particularmente em posições que passaram a apresentar relação de risco e retorno menos favorável, para voltar a incrementar o risco bruto e direcional [em maio]”, escrevem os gestores da Bahia Asset.
Ao realizar o movimento, foram priorizadas ações de empresas que se beneficiam de um cenário mais robusto para a economia brasileira ou que voltaram a apresentar preços atraentes na avaliação da gestora, que aponta entre os destaques no radar companhias dos setores de energia, consumo, imobiliário, siderúrgico e serviços financeiros.
A aposta comprada em moedas de emergentes como o real e o rublo da Rússia, e vendidas no peso mexicano e no rand sul-africano também estão entre as exposições hoje no portfólio do multimercado.
“Apesar da possibilidade de uma nova extensão dos auxílios emergenciais, o controle da doença através da aceleração na vacinação e a retomada cíclica da economia tendem a limitar impactos negativos nas conta públicas”, diz a carta da Bahia Asset.
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