SÃO PAULO – O mercado de ações, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, foi responsável pelo desempenho dos fundos que mais se destacaram ao longo de 2019, com retornos que chegaram a dobrar o capital investido pelos cotistas.
Levantamento elaborado pela XP com base em dados da Economatica com os fundos de ações e multimercado que mais renderam no ano passado mostra que o mês de dezembro, no qual o Ibovespa subiu 6,85%, contribuiu para a trajetória da maior parte das carteiras.
Em 2019, o principal índice da Bolsa brasileira subiu 31,6%. Um total de 104 (ou 76%) de 137 fundos de ações teve alta maior que a do Ibovespa no ano. Em dezembro, 107 fundos entregaram retornos aos cotistas acima do índice.
Na categoria de multimercados, em 2019, só 12 de 185 fundos tiveram valorização acima do Ibovespa e 168 (ou 91%) acumularam ganho superior ao do CDI (5,96%). Em dezembro, apenas 15 fundos superaram o Ibovespa, mas 166 tiveram variação acima do CDI (0,36%).
Para a análise, foram considerados fundos não exclusivos com a média do patrimônio líquido em 12 meses superior a R$ 100 milhões e mais de 99 cotistas, no fim de dezembro. No caso dos fundos de ações, foram excluídos os setoriais e monoações e, dentre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado. Fundos espelho também foram eliminados do estudo.
Confira a seguir os dez melhores fundos de ações em 2019, observando ainda seu desempenho acumulado em até 36 meses. Retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, mas é interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.
Os melhores fundos de ações em 2019
Com a maior alta de 2019, o fundo Guepardo Institucional foi impulsionado principalmente pelo desempenho das ações da JSL e da Cosan, que permanecem na carteira, conta Octávio Magalhães, sócio e gestor da Guepardo Investimentos.
Além das duas ações, a gestora conta com os papéis da Ânima Educação em seu portfólio, que respondem pela segunda maior posição do fundo, depois de Klabin.
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Em 2018, antes das eleições presidenciais, Magalhães lembra que a Guepardo procurou montar posições em empresas com dívidas elevadas, alavancadas e até com estruturas de holding pouco conhecidas pelo mercado. E neste ano?
“Em 2020, acho que está havendo um preconceito grande com empresas resilientes, boas geradoras de caixa. Agora o mercado está olhando apenas para empresas alavancadas, com grandes investimentos, odiadas em 2018”, avalia.
Magalhães se refere à objeção de parte do mercado em relação aos papéis de companhias como Itaú Unibanco, os quais considera bons pagadores de dividendos. “Neste cenário de juros baixos, ter empresas remunerando a inflação mais 10% ou 12% é muito bom. Há muito desconto em seu valor intrínseco, tem caixa e está barato”, diz o gestor, ressaltando estar muito otimista com o desempenho da Bolsa neste ano.
Os melhores fundos multimercado em 2019
Na categoria de fundos multimercado, as ações também voltaram a reinar, já que grande parte dos fundos com melhor desempenho têm como foco exclusivo a renda variável, caso das estratégias do tipo “long biased” (fundos enquadrados na categoria multimercado, mas com tributação de renda variável).
O fundo Versa Long Biased faz parte desse grupo e encerrou 2019 com valorização de quase 52%. Segundo o gestor Luiz Fernando Alves Junior, ações de construção e lajes comerciais, como Trisul e BR Properties, foram os principais destaques de um ano que não foi fácil.
“2019 foi um ano bastante sofrido, porque passamos o tempo todo patinando, com o alfa gerado nos últimos dois meses do ano”, afirma.
Para 2020, as expectativas são de uma continuidade do bom desempenho do mercado, com o crescimento econômico ganhando contornos mais nítidos. “Estamos esperando uma queda mais forte do desemprego e um aumento da massa salarial se convertendo em melhora do varejo.”
Com a extensão do ciclo positivo da Bolsa, contudo, será necessário garimpar mais as boas oportunidades. A Versa tem reduzido algumas posições que andaram bastante, inclusive de construção, mas segue confiante com a trajetória de papéis de varejo. “De forma geral, o mercado interno está bastante esticado e o que está mais barato são as ações de commodities”, diz Alves Junior.
Não à toa, hoje boa parte da carteira da Versa está em ações ligadas a commodities, como Vale e Petrobras, além de SLC Agrícola.
No caso da Safari Capital, cujo fundo rendeu cerca de 43% em 2019, o foco em ações de consumo e concessões foi responsável por gerar os bons frutos.
“Houve uma combinação boa de queda de juros, que começou a ser mais repassada para os resultados das empresas em 2019, de crescimento de crédito, em especial de pessoas físicas, de redução do desemprego e de melhora de confiança”, observa Marcelo Cavalheiro, sócio gestor da Safari Capital.
CCR e Ecorodovias foram os destaques de 2019, assim como Localiza, Via Varejo e Magazine Luiza, sendo que as ações da última empresa saíram da carteira.
“O papel já andou bastante. Ainda tem coisa para acontecer, mas agora queremos ver um pouco mais de resultado para entrar no case”, diz Cavalheiro, que conta ainda ter adicionado as ações da SulAmerica no portfólio.
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