Os 5 principais riscos dos investimentos e como evitá-los

Qualquer aplicação tem riscos e nem sempre é possível fugir deles, mas é necessário conhecê-los, aponta o professor da FGV, Willian Eid Júnior

Gabriella D'Andréa

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SÃO PAULO – Qualquer aplicação tem riscos e nem sempre é possível fugir deles, mas é necessário conhecê-los. O estudo “Riscos nas Aplicações Financeiras e os Fundos de Investimentos”, realizado pelo professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Willian Eid Júnior e apresentado durante o evento “Difusão da Indústria de Fundo”, realizado pelo GVcef (Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas) em parceria com a BBDTVM, do Banco do Brasil, aponta os principais riscos do mundo dos investimentos e dá dicas de como mitigá-los:

Risco de mercado
É medido pela diferença entre o desempenho do investimento e outra referência, como a variação do CDI ou do Ibovespa, ou pela variabilidade do valor do investimento. “O risco está associado aos movimentos dos preços e das taxas de juros e câmbio”, aponta Eid Júnior.

Nesse caso, estão envolvidos todos os investimentos, pois todos possuem preços e taxas que variam constantemente, o que também é conhecido como volatilidade.

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Para evitar esse risco, o autor sugere que o investidor diversifique suas aplicações entre diferentes classes de investimentos. Além de diminuir as chances de perda, a estratégia tem o objetivo de maximizar o retorno, já que investimentos diferentes reagem de maneiras também diferentes. A técnica também é ideal para investimentos de longo prazo.

Risco de liquidez
Liquidez é a facilidade ou dificuldade em vender um ativo da carteira do investidor. Um exemplo citado pelo estudo são os investimentos de renda fixa comparados a um imóvel. O nível de liquidez, nesse caso, é maior no primeiro caso. E em momentos de crise, os investimentos de alta liquidez se saem melhor do que os de baixa.

Outro exemplo citado por Eid Júnior é o grau de liquidez entre uma Ferrari e um Gol, da Volkswagen. Por mais atrativo que seja o primeiro, o seu preço faz com que revendê-lo seja muito mais complicado do que o Gol, um carro popular e fácil de revender pelo seu preço mais acessível.

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Mas é possível fazer com que esse risco trabalhe a favor do investidor. Uma parte das suas aplicações deve ser direcionada para o longo prazo, para que você possa aplicar em produtos de menor liquidez e se beneficiar do maior retorno que eles oferecem. “Hoje, há fundos de investimentos e fundos imobiliários que propiciam esta oportunidade. A questão é você definir quanto precisa aplicar em produtos com liquidez e quanto pode aplicar em produtos de baixa liquidez”, ressalta William.

Risco de crédito
É o risco que se corre de não haver pagamento de uma obrigação por parte da instituição contratada. Um exemplo citado no estudo como típico é a empresa não honrar os pagamentos de uma debênture, que são títulos de dívida de longo prazo.

Por isso, investimentos como a caderneta de poupança e os CDBs(Certificado de Depósito Bancário), são mais seguros nesse quesito, pois são assegurados pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que garante até R$ 70 mil por CPF, caso a instituição financeira quebre. O fundo foi criado exatamente com o objetivo de diminuir esse tipo de risco.

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Já os fundos de investimentos não são assegurados pelo FGC, mas o fundo é apenas gerido pelo banco e não é sua propriedade. Sendo assim, em caso de falência, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) transfere a gestão do fundo para outra instituição e os investidores não têm prejuízo nenhum, aponta o professor.

No entanto, a pesquisa aponta que poucos casos de problemas relacionados a esse risco nos fundos de investimento aconteceram nos últimos anos. E isso se deve a dois motivos: o primeiro é que um fundo aplica em diferentes empresas, diversificando seu portfólio e diminuindo as chances de perda, já o segundo é o fato do fundo ser gerido por um profissional especializado e com certificação, o que torna a chance da empresa falir bem menor.

Para quem investe diretamente em ativos, o mais importante é se atentar para a qualidade do emissor. Se optar por títulos privados, como as debêntures, é necessário analisar a solidez da instituição e a classificação de risco (rating) de emissão do papel. No caso de títulos públicos, há muito menos com o que se preocupar, já que estes são os ativos mais seguros que existem no mercado.

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Risco operacional
Como em tudo na vida, existe o risco de haver uma falha ou até mesmo uma fraude no processo de operação, o que prejudica o investidor. No mercado de fundos de investimentos, o professor ressalta que esse risco é quase inexistente, pois as operações são feitas com base em um tripé, no qual estão presentes gestão, custódia e administração. O gestor cuida da estratégia e é quem compra e vende os ativos, o custodiante é responsável pela liquidação física e financeira além da guarda e da administração de possíveis eventos com os ativos. Já o administrador, é quem cuida do funcionamento do fundo, controlando todos os envolvidos no processo.

“Esse tripé é a norma, principalmente entre as gestoras independentes. E ele impede qualquer fraude, já que seria necessária a associação dos três participantes para a sua consecução”, afirma William.

Em outros investimentos, é prudente conhecer bem o emissor do ativo, para evitar principalmente problemas operacionais.

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Risco legal
Está associado à legalização de contratos e cláusulas e esse risco costuma ser maior em cidades do interior e em comunidades fechadas do grande centro. Nesse caso, o investidor é atraído por alguém que oferece serviço de gestão com rendimentos superiores a produtos similares existentes no mercado.

“Quando falamos em risco legal, é bom lembrar que o problema mais observado no Brasil em relação a investimentos é a eventual existência de agentes que não são autorizados a captar aplicações financeiras e o fazem”, segundo o estudo.

Para evitar passar por uma situação desagradável como essa, o autor da pesquisa dá duas sugestões. A primeira é procurar instituições renomadas do mercado que possuam reconhecimento e a segunda, caso a instituição escolhida não seja conhecida, é preciso procurar saber pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) se ela está autorizada a captar investimentos. “Por último, desconfie sempre dos milagres, principalmente em investimentos”, conclui o professor da FGV.

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