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SÃO PAULO – Escolher um fundo de investimento não é tarefa simples. Há diversas possibilidades de gestão e fundos de uma mesma categoria podem adotar estratégias completamente diferentes e com objetivos também distintos. Sem mencionar pegadinhas frequentes, como taxas de administração injustificáveis que comem a rentabilidade dos investimentos.
Em um ambiente complexo, o investimento via fundos apresenta armadilhas para quem adota critérios simplistas na hora de montar a carteira – como optar apenas pelos produtos de maior rentabilidade, sem considerar o risco corrido.
Como selecionar os melhores fundos de investimento foi o tema discutido nesta terça-feira (14) por Luciana Seabra, fundadora da Spiti, e Guilherme Anversa, sócio e gestor da XP Advisory, no evento Onde Investir 2020. O painel pode ser conferido no vídeo acima.
Os tradicionais rankings de fundos são uma boa referência para a escolha, diz Anversa, mas não são suficientes para embasar a seleção. Com poucas informações sobre o caminho que os gestores percorrem até os ganhos, muitos reagem a períodos de queda de maneira equivocada.
“A maior parte dos investidores não aproveitou o retorno espetacular que esses gestores entregaram”, aponta Anversa, em referência aos profissionais com o melhor retorno da década. “Quando os fundos passaram por momentos ruins, períodos de queda, os investidores se assustaram e resgataram. É preciso estar preparado para uma janela de desempenho ruim, se quiser um retorno acima do CDI ou da Bolsa.”
Uma análise dos números de um fundo, explica Luciana, deve contemplar o desempenho em janelas de pelo menos três anos. “Não adianta ganhar muito no começo e depois nunca mais dar retorno”, afirma. Além disso, devem ser considerados a taxa de administração cobrada, o índice de referência perseguido e a volatilidade dos resultados.
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A análise do drawdown, que mostra as quedas em relação à cotação máxima, também é útil, acrescenta Anversa, já que mostra como o fundo se comportou em momentos de crise.
Mas essa é apenas a parte quantitativa. Os dois especialistas destacam que também é importante saber quem são os gestores da casa, a experiência da equipe atuando em conjunto, como são remunerados e os processos de controle de riscos.
Luciana aponta ainda que se deve conhecer a estrutura do passivo de um fundo. Se um único investidor for responsável por uma parcela grande demais do patrimônio, sua saída pode prejudicar os retornos. Além disso, prazos de resgate muito curtos em fundos que investem em ativos de menor liquidez podem forçar os gestores a fechar negócios ruins para honrar os saques.
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Ao comentar as taxas de administração cobradas pelos fundos, a fundadora da Spiti recomenda que as reservas de emergência dos investidores fiquem em fundos de títulos públicos sem esse tipo de cobrança. Para fundos de crédito privado, ela recomenda buscar produtos que cobrem menos de 1% ao ano.
No caso dos multimercados, que costumam cobrar o tradicional “dois com vinte” (2% ao ano de taxa de administração e 20% ao ano de taxa de performance), Luciana avalia que, embora essa cobrança esteja ficando mais salgada em meio à queda de juros, ainda não há motivo para deixar esses investimentos de lado. “Esse ano deve acontecer uma diferenciação: ou os multimercados começam a correr mais risco, ou diminuem as cobranças. Esse movimento é um movimento que já aconteceu lá fora”, observa.
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Quando abandonar o barco
Tanto Luciana quanto Anversa afirmam que é fundamental não avaliar um fundo de investimento com base em movimentos de curto prazo. Mas quando saber se é hora de resgatar os recursos diante de um desempenho fraco?
Segundo Anversa, se um fundo multimercado ficar abaixo do seu objetivo de retorno por três anos, é hora de ligar o sinal de alerta. Mas o principal fator para resgatar os recursos diz respeito a uma mudança de peso na equipe. “A saída de uma pessoa-chave para o negócio é o fator principal que nos leva a fazer um desinvestimento”, afirma.
Outra dúvida comum é se vale a pena investir com gestoras recém-criadas. Para a fundadora da Spiti, o ideal é aplicar em gestores mais experientes, “que já se machucaram – desde que saibam explicar os tombos”.
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Anversa vê com bons olhos investimentos em casas que são novas apenas no nome, portanto fundadas por gestores reconhecidos e com bom histórico. “Mas entramos em tamanho menor, não vamos ter a maior exposição da carteira nesse veículo”, pondera.
Na formação do portfólio, ele recomenda que a parcela em crédito privado seja distribuída entre dois ou três fundos; a de multimercados (com horizonte de investimento de três a cinco anos) em três ou quatro nomes com especialidades diferentes; e de ações (com horizonte de cinco a dez anos) em dois ou três fundos.
Para Luciana, uma parcela de pelo menos 5% do patrimônio em fundos cambiais ou de ouro é aconselhável como proteção.
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Onde Investir 2020 continua
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Perdeu algum painel? Não se preocupe, todo o conteúdo ficará disponível no canal do YouTube do InfoMoney.
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