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O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manteve nesta quarta-feira (26) a Selic em 13,75% ao ano, percentual que era visto como unânime entre agentes financeiros. Essa é a segunda reunião em que o colegiado optou por seguir com a taxa básica de juros nesse patamar.
A decisão levou os especialistas em investimentos focar as recomendações de renda fixa nos papéis atrelados à inflação e à taxa do CDI (indicador de referência para investimentos dessa classe). Na renda variável, por outro lado, as ações listadas na B3 é que ganharam destaque.
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Para o Santander, dois fatores pesam a favor do aumento de posição em Bolsa local no mês de outubro: o fato de que o Brasil saiu na frente no processo de aperto monetário, além dos dados melhores de atividade registrados nos últimos meses.
“Chegamos no fim do ciclo [de alta da Selic] e saímos de uma projeção de queda do PIB [Produto Interno Bruto] em 2023 para uma alta. Tudo isso acaba refletindo nas projeções. Agora, a nossa corretora revisou a estimativa para o Ibovespa para 140 mil pontos no fim deste ano”, pondera Arley Junior, estrategista de investimentos do Santander.
O maior otimismo com a Bolsa fez com que a casa optasse por não aumentar a alocação em fundos imobiliários (FIIs). “Nesse momento, preferimos estar alocados em multimercados, prefixados e Bolsa Brasil. Poderíamos aumentar FIIs, mas temos um nível de preço mais interessante em outros ativos”, observa o estrategista.
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O otimismo maior com ações da Bolsa local também está presente nas carteiras da Suno Asset. Quem explica é João Arthur, CIO da casa. O especialista acrescenta que a saúde financeira das empresas tem chamado a atenção da casa para além do fim do ciclo de aperto monetário do BC e do valuation (preço) atrativo. Para ele, além de estarem com endividamento controlado, as companhias têm conseguido manter ou, no máximo, reduzir levemente as margens, mesmo com o aumento dos custos.
Entre os papéis que a Suno Asset acompanha de perto estão as ações conhecidas como small caps, de empresas com valor de mercado pequeno. “A porta é mais estreita para elas e a queda de preços tem sido maior, diz Arthur. “Vemos que é a melhor oportunidade de aplicação hoje”.
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Para exemplificar, o executivo cita o caso da 3tentos (TTEN3), empresa de gerenciamento de grãos, armazenagem, defensivos agrícolas, fertilizantes e gestão de produção. O destaque, na avaliação do especialista, está no plano de expansão da companhia, que envolve a construção de uma fábrica na cidade de Vera, em Mato Grosso.
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Outra small cap que está entre as preferências da casa é a Boa Safra (SOJA3), empresa especializada na produção de sementes de soja. “O foco está na possibilidade que a empresa possui em expandir a sua participação de mercado”, afirma o especialista da Suno.
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Quem também está de olho na Bolsa local e vê chance de aumentar a alocação em breve – via fundos ou diretamente em índices, como o SMLL (focado em small caps) – é a TAG Investimentos. Dan Kawa, CIO da casa, conta que as companhias de menor valor de mercado sofreram bastante com o ambiente de juros mais alto, porque estão mais voltadas à economia doméstica.
“Os valuations [preços] estão mais ‘amassados’ [descontados]”, afirma Kawa. O aumento de posição em Bolsa local, no entanto, está condicionado ao término das eleições, na visão do executivo. “Se a eleição passar e tudo transcorrer de forma suave, pensamos em aumentar Bolsa local”.
Na avaliação do CIO da TAG Investimentos, o mercado acionário brasileiro pode se beneficiar do fato de que o mundo está com posições muito baixas em ativos daqui. Além do que o Brasil parece apresentar fundamentos melhores do que outras regiões, como Estados Unidos, China, Europa, Rússia e nações vizinhas, diz.
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“O Brasil parece um bom destino [para fluxos de entrada de capital]. Estamos construtivos com Bolsa”, observa o especialista da TAG Investimentos.
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Ações ligadas a energia, shoppings e consumo de alta renda também estão no radar de gestoras. Leonardo Rufino, gestor da Mantaro, afirma que o setor de energia é hoje o segmento mais representativo na carteira, com destaque para os papéis da Equatorial (EQTL3) e da Energisa (ENGI11).
Já em termos de consumo, a casa tem focado em ações com produtos e serviços mais voltados para a média e alta renda, que tendem a ser menos afetadas em um cenário de menor crescimento econômico e de juro mais elevado. Entre os papéis estão os da Arezzo (ARZZ3) e Vivara (VIVA3).
“Para esse segmento, a expectativa para os resultados do 3º trimestre é que eles vão ser fortes. As companhias estão conseguindo repassar preços e são empresas que não estão endividadas”, resume Rufino.
FIIs: maior parte dos especialistas só manteve a posição
Para além das ações, outra classe de ativos em que os gestores estão positivos são os fundos imobiliários (FIIs). O otimismo, porém, não tem levado muitos a aumentar posição. A maior parte dos gestores ouvidos pelo InfoMoney defende que prefere tomar mais risco em ações porque os níveis de preços estão mais atrativos.
“Não aumentamos FIIs, porque já subimos a parcela de ações. Se aumento em FIIs também, a volatilidade da carteira fica muito alta”, explica Arthur, da Suno Asset. Embora tenha mantido a posição, o executivo destaca que olha com maior atenção fundos de papel, como aqueles que investem em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
O especialista explica que tais fundos sofreram bastante com vendas nos últimos meses, já que foram afetados negativamente pela deflação (inflação negativa). A perspectiva agora, porém, é mais otimista com a inflação retornando para o campo positivo.
“Vemos uma oportunidade em FIIs de CRI atrelados à inflação e também em ativos de ‘tijolo’ premium“, afirma Arthur. A razão é que fundos voltados para um público classe A podem ser mais resilientes. Por isso, diz, a casa está buscando shoppings do tipo, além de galpões logísticos com portfólio robusto e localizados próximo a grandes centros urbanos.
Outra casa que manteve a alocação em FIIs é o Santander. Na carteira recomendada deste mês, a maior parte das sugestões ficou em fundos de recebíveis imobiliários e em opções híbridas.
Os destaques dentro desses segmentos ficaram por conta do VBI CRI (CVBI11), CSHG Recebíveis Imobiliários (HGCR11), Kinea Rendimentos Imobiliários (KNCR11) e Mauá Capital Recebíveis Imobiliários (MCCI11), além do Santander Renda de Aluguéis (SARE11), TG Ativo Real (TGAR11), TRX Real Estate (TRXF11) e CSHG Renda Urbana (HGRU11).
Multimercados: fundos macro devem seguir como destaque
Além de Bolsa, outra classe de ativos em que o Santander pode aumentar a posição em breve são os fundos multimercados. Junior, estrategista da casa, observa que os multimercados do tipo macro ganharam muito neste ano, com posições que se beneficiam da alta de juros (tomadas), especialmente em países desenvolvidos como os Estados Unidos. Agora, a visão é de que as casas poderão lucrar com alocações que apostam na queda das taxas (aplicadas).
“São fundos que têm essa agilidade [de alocar em várias classes de ativos]”, diz. “Olhando o passado, os multimercados se posicionaram no cenário de fechamento e tiveram boa performance”, destaca o especialista do Santander.
Outra possibilidade é de que os fundos lucrem com posições na Bolsa brasileira. Mario Schalch, gestor de multimercado da Neo Investimentos, afirma que hoje a casa possui uma exposição doméstica leve, mas diz que as ações são o ativo preferido para a tomada de risco nos fundos multimercados da gestora. “Certamente, o resultado da eleição vai fazer com que a gente reveja o portfólio”, afirma.
Além de posições em Bolsa, alocações relativas que se beneficiam da alta das taxas mais longas nos Estados Unidos, juntamente com alocações que apostam na queda dos juros na Suíça também devem trazer bons retornos no ano, na avaliação de Schalch.
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