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SÃO PAULO – No dia 17 de dezembro, o Bitcoin completou um ano de sua máxima histórica, momento em que atingiu os US$ 20 mil em um cenário de euforia desenfreada.
Desde então, porém, a principal criptomoeda do mundo já chegou a perder mais de 80% de seu valor, chegando a US$ 3.500 no dia 17 de dezembro de 2018 e fechando o ano na casa dos US$ 3.700.
Mas o que aconteceu? Foi a bolha estourando ou apenas um movimento “natural” de correção em um mercado ainda em formação?
Para os céticos, o ano passado marcou o fim do Bitcoin, mas, na opinião de alguns especialistas (e entusiastas), oportunidades estão surgindo num momento que o mercado de criptomoedas está mais maduro e preparado para enfrentar crises.
Um ponto importante é entender o cenário na época em que a moeda disparou. Desde o início de 2017, aos poucos, o Bitcoin ganhou espaço nos noticiários e muita gente descobriu as criptomoedas como o “futuro da economia global”, achando que seria uma revolução no curto prazo.
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Conforme mais pessoas entravam, mais o preço subia, chegando ao seu auge no último trimestre de 2017. Segundo Fernando Ulrich, analista-chefe da exchange de criptomoedas XDEX, naquele momento era bem claro que uma correção estava chegando e ele alertou os investidores.
“Para quem entrou na euforia, naquele efeito manada, uma correção é muito ruim, claro. Mas isso ilustra o que eu sempre falo: estude e saiba onde você está entrando e encare isso como qualquer outro investimento. Ou seja, é preciso saber o que está fazendo”, explica Ulrich.
2018: o fim do Bitcoin?
O primeiro dia de 2018 já mostrava o quanto o patamar dos US$ 20 mil era insustentável naquele momento, com o Bitcoin abrindo o ano cotado em US$ 13.500. E conforme o preço recuava, todas aquelas pessoas que achavam que a criptomoeda iria subir para níveis inimagináveis começaram a sair, invertendo completamente o movimento.
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O ano passado ficou marcado por expectativas em relação ao uso e à regulação das criptomoedas no “mundo real”. A tecnologia segue evoluindo, mas o que se viu foi muita espera por decisões regulatórias no mundo todo, o que “travou” os preços por muitos meses. Porém, com a falta de novidades que pudessem justificar novas altas, veio uma nova onda vendedora nos dois últimos meses, puxando novamente o valor do Bitcoin para baixo.
Mais do que fundamentos, o sentimento do investidor tem sido o mais importante para a definição do preço. O economista Richard Rytenband explica que a onda de euforia do fim de 2017 colocou o nível de fragilidade em patamares muito elevados, ou seja, qualquer pequena piora no ecossistema iria produzir um impacto muito negativo nos preços.
Entre dezembro de 2017 a janeiro de 2018 ocorreu a primeira correção, mas ainda era possível ver muitas pessoas animadas, esperando apenas uma retomada do mercado de alta. Isso fica claro no movimento de recuperação dos preços em janeiro, quando o Bitcoin voltou para US$ 17 mil.
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“Mas, na sequência do ano, o mercado de baixa foi ficando mais claro a todos. Assim, entramos, de janeiro a agosto, na segunda etapa do mercado de baixa, chamada de reconhecimento, caracterizada pelo desânimo e desinteresse pelo mercado”, explica Richard.
Em seguida o mercado entrou na última etapa, chamada capitulação, em que os investidores que se mantiveram otimistas durante todo mercado de baixa começam a jogar a toalha. O economista explica que, em novembro, esta etapa entrou na fase mais aguda, e houve uma onda de pânico no mercado.
Diferentemente do que os céticos defendem, no entanto, esta queda não significa o fim do Bitcoin. Ao contrário. Para esses especialistas, o pânico pode até ser saudável, já que tira do mercado as pessoas que não sabem no que estão investindo. O preço pode estar depreciado, mas agora é mais fácil para a criptomoeda encontrar um preço mais justo. A faixa de variação, na opinião dos analistas, vai de US$ 3 mil a US$ 20 mil (ao menos, por enquanto) – o que indica como esse ativo é volátil.
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2019: a hora da recuperação?
Os especialistas acreditam que, depois de toda a desvalorização, este é um bom momento para investir em criptomoedas. “O pessoal entra na alta porque quer aproveitar o bonde e acha que o ativo só vai subir. Mas, nesses momentos, o melhor é ter cautela. Como diria Warren Buffett, se você está comprando um ativo só porque ele está subindo, então você está comprando pelo motivo errado”, afirma Ulrich.
Vale lembrar que Buffett criticou o investimento em criptomoedas, dizendo que era um jogo, e não uma forma saudável de aplicar.
Na opinião do especialista Safiri Félix, o preço atual está bastante depreciado em relação aos fundamentos da tecnologia, mas, por outro lado, o mercado está mais saudável do que quando atingiu os US$ 20 mil. “Os fundamentos ficam de lado quando esse sentimento negativo é grande”, diz.
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Para ele, a recuperação tende a ser bem lenta, mas mais consistente, com uma projeção para médio e longo prazo positiva. “O próximo ciclo tem pelo menos um ano e meio e vai de agora até o ‘halving’, previsto para maio de 2020”, explica, citando o evento já previsto no Bitcoin onde a recompensa dos mineradores na criação de novas moedas é cortada pela metade.
“Nesse período o mercado vai ter que encontrar um preço de equilíbrio, se tornar rentável para operadores e mineradores. E a adoção tem que avançar, isso vai ter um papel mais forte na recuperação”, justifica o especialista.
Por fim, Richard alerta para a sinalização de que o bitcoin pode ter chegado aos seus menores patamares, sinal que já vinha desde novembro, o que gera boas oportunidades para os investidores. “Estamos num momento em que qualquer pequena melhora no ecossistema irá produzir um grande impacto positivo nos preços”, conclui.
Ulrich lembra que este ainda é um mercado novo e que a alta de 2017 foi uma distorção. Mas a queda de 80% não é nada quando vemos que o Bitcoin, até março de 2017, valia menos de US$ 1 mil. Dificilmente veremos o fim do Bitcoin, mas é, no mínimo, cedo para a ele voltar para US$ 20 mil.
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