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Os desdobramentos em torno da falência do Silicon Valley Bank (SVB) geraram dúvidas sobre possibilidade de impacto do caso nas operações dos bancos digitais brasileiros. Os especialistas consultados pelo InfoMoney, no entanto, não acreditam em possível contágio e tranquilizam os atuais correntistas.
Até agora, Nubank, C6, Inter, Agibank, Original, PagBank e Neon informaram ao mercado e confirmaram ao InfoMoney não possuir qualquer exposição ao banco americano, conhecido por financiar startups e fechado pelas autoridades americanas na última sexta-feira (10).
Alguns bancos digitais foram enfáticos. O C6, por exemplo, afirmou que nunca teve qualquer relacionamento com a instituição, assim como o Banco Inter – destacando que suas subsidiárias também nunca mantiveram exposição ou relação comercial com o SVB.
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O Agibank, por sua vez, disse que não possui exposição a qualquer banco internacional. “A instituição reforça sua rigidez e adoção de melhores práticas no gerenciamento de ativos e passivos, garantindo segurança a todos os seus clientes”, afirmou em nota.
Em comunicado aos clientes, o Nubank afirmou que os recursos “continuam extremamente seguros” no banco, que não possui nenhuma exposição ao SVB – seja dinheiro depositado, investido ou emprestado.
Também em nota, o banco Neon diz não possui nenhuma exposição ao SVB e acrescenta que todos os depósitos feitos na instituição são garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) ou por alguma obrigação regulatória exigida pelo Banco Central.
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Na mesma linha, o PagBank informou que nem a companhia nem quaisquer de suas controladas possuem exposição ao Silicon Valley Bank.
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) também foi consultada pelo InfoMoney, mas ainda não retornou.
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Entenda o caso
Jorge Azevedo, autor do livro Como Nasce Uma Startup e investidor-anjo em mais de 400 empresas explica que o problema no SVB ocorreu porque a tesouraria do banco assumiu posições bastante arriscadas, ignorando práticas que mitigam eventuais riscos.
Ele afirma que o banco estava com um volume grande de depósitos em 2021 e, sem muitas opções de investimento, alocou cerca de U$ 80 bilhões em títulos de MBS – um fundo imobiliário de 10 anos – rendendo 1,56% ao ano.
Nos últimos meses, porém, o Fed aumentou a taxa de juros dos Estados Unidos para o nível atual, na faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano, reduzindo a atratividade do investimento em MBS feito pelo banco, acrescenta.
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“A tesouraria do banco vendeu U$ 21 bilhões dessa posição – com um prejuízo de U$ 1,8 bilhão – e o mercado percebeu, dando início a uma corrida para sacar os depósitos na instituição”, explica. O movimento piorou a situação de liquidez do SVB até o seu fechamento pelos reguladores americanos, anunciado na última sexta-feira (10).
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Há riscos?
“Concordo que uma informação como esta gera boatos, cria o efeito manada e pode se formar uma crise sistêmica, como a de 2008”, diz Pedro Bussab, consultor financeiro e planejador patrimonial. “O caso do SVB poderia ter uma relação, sim, com bancos digitais, mas acredito que não vai respingar neles dadas as ações já adotadas”.
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O especialista se refere principalmente ao programa de emergência prometido pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) para tentar conter os efeitos do colapso do SVB. Em comunicado, a instituição afirmou estar preparada para lidar com qualquer pressão de liquidez que surgir.
Os clientes do SVB temiam não conseguir movimentar recursos guardados no banco, mas no domingo (12) o governo americano garantiu que terão acesso ao dinheiro de todos os depósitos feitos no banco a partir desta segunda-feira (13) – e não apenas aos valores cobertos pelo Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), equivalente ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) americano.
No fim de semana, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já havia orientado o Departamento do Tesouro e o Conselho Econômico Nacional a trabalhar com reguladores bancários para endereçar os problemas no SVB e do Signature Bank – outro banco que também foi fechado no domingo (12), reforçando o temor de um efeito dominó.
Além das medidas anunciadas pelas autoridades nos EUA, o investidor-anjo Jorge Azevedo afirma que o posicionamento dos bancos digitais brasileiros reduz qualquer risco de contágio para o segmento aqui no País.
Ele destaca ainda – especialmente para os correntistas mais preocupados – que, mesmo em caso de algum problema, o FGC asseguraria até R$ 250 mil por CPF depositados em instituições financeiras no Brasil.
“Este posicionamento das instituições financeiras nos últimos dias já seria suficiente para tranquilizar os clientes de bancos digitais no Brasil”, afirma o especialista.
Já a possibilidade de os juros altos brasileiros afetarem os bancos digitais brasileiros na mesma medida em que as taxas elevadas se abateram sobre o SVB é considerada muito pequena, na visão de Luciano Feres, economista e CFO da assessoria de investimentos Somus Capital.
“O Brasil e o setor de bancos digitais já é adaptado para trabalhar com juros altos há muito tempo”, pontua. “Esse tipo de problema não ocorreria aqui dado que as modelagens bancárias para as empresas são feitas em cenários muito mais caóticos”, completa.
Neste momento, Feres considera importante o cliente verificar a relação do banco digital em que tem conta com o SVB.
Quem também reforça a confiança na solidez do sistema financeiro brasileiro e nos bancos digitais do País é Gaby Diamant, CEO da BridgeWise, startup israelense recém-chegada ao Brasil e que atua na área de pesquisa financeira aplicando técnicas avançadas de inteligência artificial.
“Importantes empresas de tecnologia do Brasil expostas ao SVB precisarão encontrar uma solução após a falência do banco”, detalha. “Mas nenhum dos grandes bancos digitais do Brasil, por enquanto, corre qualquer risco de entrar em colapso”, sinaliza Gaby, que toma como base relatórios produzidos pela startup.
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Segunda camada de segurança
Apesar das cifras bilionárias do caso, Bussab afirma que as autoridades americanas têm margem para solucionar o problema e garantir a estabilidade do sistema financeiro local – e, consequentemente, global.
Mesmo assim, para os clientes de bancos digitais brasileiros que querem se garantir ainda mais, o planejador patrimonial sugere uma camada a mais de proteção nos recursos depositados nas instituições.
“Por preocupação, no curto prazo, os correntistas poderiam deixar recursos de até R$ 250 mil investidos em CDBs”, sugere o especialista, relembrando o limite de garantia do FGC.
Recursos aplicados em ativos CDBs, LCIs, LCAs e poupança são cobertos pelo FGC. Em seu site, o Nubank esclarece que os recursos aplicados na sua conta digital e direcionados pelos clientes a RDBs (recibos de depósito bancário) são cobertos pelo FGC. Já os que escolhem investir em títulos públicos, não. Porém, por ser uma conta de meios de pagamentos, todo dinheiro aplicado em títulos públicos fica separado do patrimônio do banco, o que evita perdas caso haja algum problema com o banco.
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