Novo tipo de título tem lastro em criptomoedas e promete pagar 43% ao ano; entenda

Segundo Hurst Capital e Borum Finance, que estruturaram oferta, trata-se da primeira operação do tipo no mundo

Lucas Gabriel Marins

Publicidade

Em uma amostra das possibilidades de inovação permitidas pelas regras de securitização brasileiras, um novo tipo de operação deu origem a um certificado de recebível com lastro no mercado de criptomoedas e remuneração tentadora: até 43% ao ano.

Conheça as melhores estratégias para construir portfólios vencedores neste vídeo exclusivo com o Chefe de Investimentos da XP.

A oferta, destinada ao investidor comum, é a primeira do tipo no mundo, segundo a plataforma de investimentos em ativos alternativos Hurst Capital e a empresa especializada em criptoativos Borum Finance, que estruturaram a operação. Mas, como é possível um retorno tão alto?

Continua depois da publicidade

O título é ligado à expectativa de remuneração obtida no complexo mundo das finanças descentralizadas (DeFi). Na prática, a operação envolve depósito de criptoativos em uma plataforma de ativos digitais em troca de pagamento por fornecer liquidez nesse ambiente. As taxas obtidas no pool de liquidez são então revertidas para os detentores do recebível.

A remuneração de 43% está ligada às altas taxas pagas por plataformas de ativos digitais que trabalham com pools de liquidez, que funcionam como cestas que reúnem vários criptoativos em um mesmo lugar. “Eles permitem a troca de criptoativos de forma descentralizada, e os investidores fornecem pares de tokens a uma exchange descentralizada e recebem parte das taxas de transação geradas”, explica o head de criptomoedas da Hurst Capital, Francis Wagner.

O risco de ataque hacker é um dos envolvidos no uso de exchanges descentralizadas. Como meio de proteção, Wagner explica que a operação considera apenas os protocolos DeFi identificados como seguros por um estudo de governança, e que as criptos serão guardadas em carteiras físicas para minimizar perigos. E se a segurança de uma das plataformas utilizadas ainda assim for quebrada, há previsão de oferta de recompensas para recuperar os valores, no caso de ataque benigno (white hat).
Antes de serem pagos aos investidores, os rendimentos do pool serão convertidos em stablecoins (criptomoedas estáveis) indexadas ao dólar. De acordo com com a lâmina do produto, essa estratégia permite que a alocação do investidor fique protegida da oscilação do mercado cripto. No entanto, oferece exposição cambial. 

Continua depois da publicidade

O prazo da operação é de 60 meses, com um payback (tempo de retorno de um investimento) estimado em 33 meses.

O novo produto financeiro é distribuído via oferta pública simplificada de Certificado de Recebíveis com base na resolução CVM 88, que trata das operações de crowdfunding. A Hurst é uma das plataformas registradas no regulador. Assim como outras ofertas realizadas via crowdfunding, o recebível pode ser ofertado para investidores, inclusive os de varejo, sem necessidade de avaliação por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A CVM divulgou recentemente que, em 2022, o país tinha 60 plataformas captando recursos por meio dessa modalidade específica. Juntas, elas conseguiram atrair um volume de R$ 131 milhões naquele ano, com o valor médio de captação por oferta na casa dos R$ 1.580.000.

Continua depois da publicidade

A integração entre as finanças tradicionais e a indústria de criptomoedas costuma render operações inusitadas. Até o início deste ano, as empresas brasileiras tokenizaram mais de R$ 1 bilhão, inclusive ofertas de motéis. Neste semana, surgiu também o primeiro FIDC focado na aquisição de direitos creditórios digitais.

Tópicos relacionados