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SÃO PAULO – O déficit acumulado pelas carteiras dos fundos de pensão do país alcançou a marca de R$ 74 bilhões em março, na fase mais aguda da volatilidade nos mercados por conta da pandemia.
Com a recuperação nos preços dos ativos desde então, a insuficiência financeira foi reduzida para R$ 38,5 bilhões em setembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).
“A conjuntura que levou trouxe de volta”, afirmou Luis Ricardo Martins, diretor-presidente da Abrapp, durante coletiva de imprensa online.
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Em setembro, os ativos das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs) somavam R$ 974 bilhões, ou 13,6% do PIB.
O sistema pagou aproximadamente R$ 30 bilhões em benefícios no primeiro semestre do ano, e protege cerca de 2,7 milhões de participantes ativos, 3,9 milhões de dependentes e 837 mil assistidos.
O índice de solvência do setor está ao redor de 96%, acima de EUA, Canadá e Reino Unido. O referencial representa a saúde financeira de um fundo de pensão, ao sinalizar a capacidade de pagamento aos participantes. Quanto maior, melhor.
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Segundo os cálculos da Abrapp, no intervalo dos 12 meses encerrados em setembro, a rentabilidade média dos investimentos no setor foi de 6,23%, acima da variação de 3,54% do CDI.
Já no acumulado de janeiro a setembro, o rendimento médio é de 1,7%, contra um CDI de 2,28%.
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A Abrapp trabalha com três cenários-base para a rentabilidade dos investimentos do setor em 2020, em que a maior diferença entre cada um está na previsão da pontuação do Ibovespa em dezembro.
No cenário 1, o principal referencial da Bolsa encerra o ano aos 85,1 mil pontos, e as carteiras do setor sobem 0,34%. No cenário 2, o Ibovespa fica nos 104 mil pontos, e as carteiras têm rentabilidade de 4,05%. E no cenário 3, o índice sobe para 113,5 mil pontos até dezembro, e a rentabilidade do setor fica em 5,9%.
Nos três contextos, a expectativa é que a renda fixa gere contribuição positiva de 4,8% em 2020.
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ESG nos fundos de pensão
Das reservas previdenciárias de quase R$ 1 trilhão no setor, marca que Martins acredita que deverá ser alcançada ainda em 2020, a renda fixa representa 74,3%. Já a renda variável responde por 18,1% do total.
Apesar de ainda seguir com o mesmo perfil global conservador dos últimos anos, o diretor-presidente da Abrapp afirmou que o setor tem mantido interlocução próxima com o governo no sentido de flexibilizar as normas de investimentos.
“A palavra diversificação cai no seio do debate do Conselho Monetário Nacional (CMN) na Resolução nº 4.661”, que trata das regras dos investimentos dos fundos de pensão, afirmou Martins.
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A associação pleiteia, por exemplo, que o limite para investimentos no exterior, hoje em 10%, seja dobrado.
Na média do setor, as estimativas do mercado apontam que o investimento global não representa 1% do total, embora algumas EFPCs já estejam de fato bem próximas do limite.
Outro pleito da Abrapp é para que o espaço para empréstimos consignados aos participantes, limitado em 15%, também seja ampliado, bem como a possibilidade de investimentos em empresas de capital fechado.
A temática ambiental, social e de governança, abarcada na sigla “ESG” e que tanto espaço ganhou no mercado local em 2020, também está sendo discutida pelos fundos de pensão, disse Luiz Paulo Brasizza, vice-presidente da Abrapp e diretor de investimentos do fundo de pensão da Volkswagen (VWPP).
A associação lançou no ano passado um guia para que todas as cerca de 250 entidades de previdência fechada passem a avaliar os gestores de recursos sob a luz dos temas ESG.
“O guia busca ajudar os fundos de pensão a entender como exigir dos gestores que tenham aspectos ESG implementados na gestão dos seus recursos”, afirmou Brasizza.
No que tange aos investimentos sustentáveis, prosseguiu o dirigente da VWPP, o novo marco legal do saneamento básico “vai abrir oportunidades” de longo prazo, que devem entrar no radar dos grandes fundos de pensão.
Além disso, para 2021, acrescentou Brasizza, está previsto o início da divulgação pelas associadas de relatórios próprios de sustentabilidade, para transparecer quais são as boas práticas internas promovidas pelo segmento.
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