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O mercado secundário de debêntures começou 2025 super aquecido, impulsionado por taxas de juros elevadas e legislações que beneficiam os títulos da categoria, especialmente os incentivados – aqueles isentos de Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Dados do Bradesco BBI mostram que, em janeiro, o volume negociado de debêntures entre os investidores atingiu R$ 52 bilhões, uma alta de 8% em relação ao total de dezembro e de 23% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Só entre as incentivadas, o volume foi de R$ 17 bilhões em janeiro, o mesmo visto em dezembro e em novembro. Na comparação com janeiro de 2024, porém, houve crescimento de 21%, segundo o relatório.
Beneficiado pelo crescimento da indústria de crédito privado, o segmento de emissões incentivadas prefixadas foi um dos destaques, com 3 emissões somando R$ 2,6 bilhões. Atualmente, o estoque total de debêntures prefixadas é de R$ 35 bilhões e representa 8% do número de negócios do mercado secundário em janeiro.
Essas debêntures incentivadas são emitidas por empresas que precisam de recursos para projetos de infraestrutura, como aeroportos e rodovias – por isso os benefícios. No início do ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) também restringiu as emissões de CRIs, CRAs, LCIs e LCAs, medida que favoreceu esses títulos, que passaram a ser vistos como substitutos.
No ano passado, as emissões de debêntures incentivadas dispararam 87,8%, alcançando volume recorde de R$ 138,89 bilhões, segundo dados da Quantum Finance.
Leia mais: Emissões de debêntures incentivadas disparam 88% em 2024, para R$ 138,89 bilhões
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Mercado primário
O mercado primário também foi movimentado, mas não tanto como em dezembro. As emissões totais de debêntures em janeiro somaram R$ 23,7 bilhões, com queda de 64% em relação ao mês do Natal. Desse total, R$ 13 bilhões foram debêntures incentivadas, com destaque para a captação da EPR Litoral Pioneiro, que levantou R$5,5 bilhões.
Veja as cinco debêntures com maior volume negociado em janeiro.
Debênture | Volume negociado | Remuneração** |
CCROA7 | R$ 901 milhões | DI + 0,7500% |
NTSD18 | R$ 761 milhões | DI + 0,8000% |
VALEB0* | R$ 613 milhões | IPCA + 6,4368% |
ISPE12 | R$ 556 milhões | DI + 2,5000% |
VBBR18 | R$ 556 milhões | DI + 1,0500% |
*Debênture Incentivada
**Dados da Anbima
Fechamento do spread
Segundo o Bradesco BBI, os prêmios de risco das debêntures indexadas ao CDI diminuíram no último mês, sinalizando que os investidores estão exigindo um retorno menor sobre esses papéis em relação à taxa básica de juros. Essa redução ocorreu de forma generalizada, afetando debêntures de diferentes classificações de risco (ratings) e de vários setores da economia.
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Entre as debêntures de menor risco (rating AAA) atreladas ao CDI, a diferença entre a taxa paga por esses títulos e o CDI caiu, em média, 15 pontos-base (0,15%). Isso significa que, se antes um título pagava CDI + 1,15%, por exemplo, agora ele paga CDI + 1,00%.
No caso das debêntures incentivadas, a redução no spread foi ainda mais forte, aproximando-se dos níveis observados em dezembro. Na prática, isso indica que o diferencial de rendimento entre essas debêntures e as NTN-Bs (títulos públicos indexados à inflação) diminuiu.
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