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Quando o assunto é futuro da economia nacional, Bruno Perini, especialista em investimentos e educação financeira, é direto: “não vejo mudança de 2024 para 2025”.
Ele ressalta que o Brasil bate recorde de arrecadação desde janeiro, mês a mês, e, mesmo assim, continua gastando mais do que arrecada. Ele participou do episódio 266 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter.
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Perini vê com preocupação os ataques constantes do poder executivo ao Banco Central por conta do aumento da taxa Selic. “Isso me deixa curioso como vai ser no ano que vem com [Gabriel] Galípolo (que assume a presidência do BC). Vão ataca-lo ou vão dar uma maneirada porque ele foi indicado pelo Lula”, questiona.
Situação complicada
O sócio do grupo Primo, focado em educação financeira e investimentos, acha até que no ano que vem a situação pode piorar ainda mais. “O ciclo que a gente vive hoje é: o Brasil arrecada muito e gasta mais do que arrecada; por conta disso, o dólar sobe, com o estrangeiro tirando dinheiro daqui (da Bolsa), assim como o (investidor) local; e quando o dólar sobe ele contamina a inflação porque fica tudo mais caro”, explica.
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“Para conter a inflação, o Banco Central e o Copom (Comitê de Política Monetária) vão ter de subir a taxa de juros, só que isso pega nossa dívida pública, que bateu pela primeira vez R$ 9 trilhões e está quase 80% do PIB”, ressalta.
“Com esse crescimento muito grande da dívida e como ela tem um perfil muito ruim, pois possui um prazo médio curto e cerca de 45% dela atrelada à Selic, o aumento da taxa (de juros) faz crescer o déficit”, avalia.
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Dominância fiscal
O especialista em finanças aponta que o quadro pode levar o país ao cenário negativo de dominância fiscal. “A parte fiscal fica tão ruim, tem tão pouco confiança na ação do governo, que a política monetária pode parar de funcionar porque quer aumentar os juros para conter a inflação, mas aumenta com isso também o déficit”, expõe.
Para Bruno Perini, a única maneira de resolver a questão é se o fiscal ficar equilibrado. “A gente não tem um governo comprometido com a parte fiscal. Enquanto não resolver a parte fiscal, a gente vai ter um cenário de dólar mais alto, inflação mais alta, juros mais alto e as empresas na bolsa vão estar sofrendo”, afirma.