Não há mágica no mundo do investimento; diversificação segue fundamental, diz gestor

Gustavo Cortes, da Vinci, e Thiago Sbardelotto, da XP, comentam sobre o cenário de juros altos no país

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Antes mesmo de o Banco Central anunciar o aumento da taxa Selic, o mercado já precificava a elevação dos juros e, olhando para frente, considerava os impactos e os efeitos de uma história que se repete.

“Se a gente fala em Selic terminal em 12%, 12,5%, vamos lembrar que há um ano e pouco atrás ela estava em 13,75% e que, em 2016, chegou a quase 15%”, recorda Gustavo Cortes, gestor de crédito da Vinci Partners, que junto com Thiago Sbardelotto, economista da XP, comentaram no programa Stock Pickers, apresentado por Henrique Esteter, o cenário de juros altos no país.

Redução de assimetrias

“No mercado de investimento não tem mágica. Existe muita técnica envolvida. Em investimento, especialmente no nosso mercado de crédito, tem um elemento fundamental que é diversificação”, diz Gustavo Cortes.

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“A diversificação ajuda a reduzir a assimetria, a ter portfólio mais resiliente de forma geral”, comenta. Para ele, a diversificação deve se dar até entre emissores de ativos e também setorial.

“É importante olhar outras teses. Muitas vezes a gente fala que o mercado de crédito corporativo tem se desenvolvido bastante, mas por melhor que seja um setor ou companhia, existe um risco difícil de mapear, um risco idiossincrático, risco de uma mudança que pode acontecer”, reconhece.

Mercados voláteis

Ele cita o exemplo do agronegócio brasileiro, que tem bons fundamentos, mas que enfrenta situações recentes difíceis, como a guerra Rússia-Ucrânia, a queda do preço das commodities e as crises climáticas no Brasil.

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“As empresas que a gente conversava que vendiam energia no mercado livre reclamavam que os preços estavam baixos. Hoje, com a crise hídrica, os reservatórios caíram (de nível de água) e o preço de energia subiu – enfim, a situação mudou”, dá outro exemplo.

Sobre o outro lado da moeda do aumento dos juros, ele diz que o consumo está crescendo assim como o PIB.

“A boa notícia é que o Brasil continua o crescimento para a atividade de crédito, com crescimento de receita, aumento de caixa e de lucro das empresas. Isso é bom. É um ano que tende a ter uma safra boa de resultados operacionais (das empresas)”, afirma.

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“Por outro lado, na medida que os juros começam a subir, naturalmente a economia vai desaquecer”, cita Gustavo Cortes.

Setor imobiliário mais atingido com juros altos

Para Thiago Sbardelotto, economista da XP, o mais impactado negativamente com os juros altos é o setor imobiliário, especialmente o de média renda, que depende muito de financiamento. “O custo de financiamento, que já está alto, volta a subir”, diz.

“O varejo sente mais também (o aumento dos juros). O custo do financiamento sobe de um carro e de um eletrodoméstico”, exemplifica.

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Mas ele aponta também os segmentos mais resistentes com a taxa Selic elevada. Entre eles estão os com estrutura de capital mais forte, não dependente tanto de financiamento do mercado brasileiro ou do mercado de capitais, e que tenham acesso ao mercado no exterior.

“Setores de infraestrutura, energia e petróleo e gás são muito resilientes. Não sofrem tanto o impacto da taxa de juros”, afirma.

O economista da XP lembra, no entanto, que “existem boas teses, empresas que estão se aproveitando de mudanças no mercado, ganhando espaço que não estavam sendo ocupados. Essas sempre vão ter boas apostas, independente do cenário”.

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