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SÃO PAULO – A carioca Leda Braga mudou-se para Londres em 1988 para cursar um doutorado no Imperial College. Ela até ensaiou uma carreira acadêmica, mas, cinco anos depois, já estava trabalhando com derivativos no banco JP Morgan.
Em 2015, fundou a Systematica Investments, gestora de fundos quantitativos sediada na ilha de Jersey, região independente ligada à coroa britânica. Hoje, a Systematica tem o equivalente a cerca de R$ 50 bilhões sob gestão, pouco mais de 100 funcionários e escritórios em Londres, Nova York, Cingapura e Genebra. E Leda Braga se tornou referência no mercado mundial dos fundos quantitativos, em que a gestão é baseada fundamentalmente em dados, algoritmos e modelos estatísticos computadorizados.
Formada em engenharia mecânica, Leda Braga avalia que o aumento do acesso a dados e a globalização dos mercados exigem que a gestão dos fundos tenha maior escala, o que propicia redução dos custos e minimiza as taxas cobradas dos clientes. Dentro desse cenário, as estratégias quantitativas devem ser cada vez mais utilizadas.
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“O approach quantitativo é o futuro”, afirmou a gestora no 18º episódio do podcast Outliers, apresentado por Samuel Ponsoni, analista de fundos da XP.
Sua experiência com fundos quantitativos começou em 2001, quando ela assumiu a liderança da BlueCrest Capital Management. O momento mais tenso foi vivido em 2008, quando os gestores precisavam administrar o risco e a liquidez das carteiras no momento da crise financeira global.
“Eliminamos as emoções e minimizamos os impactos. Não posso cortar posições de investimento só porque estou com medo”, afirmou.
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A estratégia se mostrou acertada. O fundo Systematica BlueTrend, carro chefe da gestora, terminou aquele ano com um retorno de 44%. Já o seu benchmark, o índice global de ações MSCI World, caiu 38,7%.
Em 2014, a BlueCrest fez uma cisão de seus negócios, que deu origem à Systematica Investments, da qual Braga é a CEO desde janeiro de 2015.
Da cultura brasileira, a carioca levou à equipe o hábito de ouvirem músicas juntos, como uma forma de aumentar o entrosamento entre os profissionais. Essa interação, segundo ela, ajuda na troca de ideias e no desenvolvimento da própria gestora.
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Por isso, a pandemia do coronavírus e as medidas de isolamento social decorrentes do avanço da Covid-19 são um fato de tensão. “As ideias vêm da interação. Nessa época de lockdown, a criatividade do time me preocupa.”
Processo de decisão
A compra e a venda de ativos são definidas por algoritmos. Mas as fórmulas matemáticas utilizadas são definidas pela equipe de pesquisa da Systematica. Esse grupo se reúne uma vez ao ano para identificar qual estratégia pode ser a melhor para os fundos e esse processo é revisado no mínimo a cada trimestre.
“As ideias vêm dos times, dos clientes ou dos problemas que encontramos ao longo do ano. Aí vemos em quais áreas precisamos melhorar”, disse Leda.
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A Sytematica trabalha com três categorias de fundo. Na primeira, estão os fundos de “alfa”, ou seja, estratégias que tentam entregar um retorno acima de um determinado benchmark. Nesse grupo, estão as carteiras que trabalham com algoritmos mais refinados e que buscam explorar não só estratégias direcionais, como distorções relativas dentro de um mesmo mercado.
O BlueTrend, fundo mais antigo e mais famoso da gestora, está nessa primeira categoria. Ele reúne mais de 200 ativos globais (juros, índices de ações, moedas e índices de crédito). Esses ativos vão sendo balanceados de acordo com os resultados dos mercados.
O produto deve figurar entre as opções acessíveis aos investidores brasileiros nas próximas semanas, pela plataforma da XP. Estarão disponíveis, na estrutura de fundos multimercado, as versões com e sem exposição cambial, com um nível de volatilidade que deve oscilar entre 10% e 15% ao ano.
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Ainda nessa família de fundos “alfa” está o Systematica Alternative Markets (SAM), que investe em ativos menos líquidos, como taxas de juros de países emergentes ou commodities de energia de um determinado país.
A segunda categoria de fundos da gestora é o que Leda chama de “fundos de escala”. Também são carteiras quantitativas, mas trabalham com ativos que propiciam maior volume e, por isso, oferecem aos clientes taxas de administração mais baixas.
Uma terceira classe de fundos são os customizados, em que a gestora tenda a atender soluções específicas requisitadas pelos clientes, e que acaba por misturar as duas primeiras estratégias.
A forma completa de atuação e a visão da gestora podem ser conhecidas no mais novo episódio do Outliers. É possível conferir o episódio completo e os anteriores do Outliers por Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcast.
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