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Mudança em 310 fundos dos EUA traz problema “oculto” para o investidor; entenda

Um quarto dos fundos dos EUA que acompanham índices mudaram seu benchmark e acabaram causando problemas inesperados para cotistas

Lucas Gabriel Marins

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Os ETFs (fundos negociados em bolsa) – e alguns fundos mútuos – normalmente estão associados a índices de referência, que servem como base para sua composição e desempenho. Geralmente, esses benchmarks seguidos permanecem constantes ao longo da vida desses produtos. Contudo, algumas das opções ofertadas nos Estados Unidos se desviam dessa prática, alterando seus índices, o que pode impactar a performance

Esse cenário foi retratado em estudo publicado neste mês pela Morningstar, que analisou 1.200 veículos financeiros americanos que seguem índices, o que representa 11% do total de ETFs e fundos mútuos do país. Um quarto da amostra – ou 310 – modificou seus indicadores pelo menos uma vez desde que foram criados. Dentro desse grupo, 42 deles registraram erros de rastreamento superiores a 3% quando comparados ao índice anterior.

Erro de rastreamento é uma métrica que indica a diferença entre o comportamento do preço de um fundo e as flutuações de retorno do índice. Na prática, quando a imprecisão é elevada, significa que um fundo está com dificuldades de acompanhar de perto o benchmark. No cálculo, o estudo levou em consideração os desvios entre os índices antigos e novos nos cinco anos anteriores às mudanças.

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“Erros de rastreamento altos indicaram diferenças maiores entre os índices antigos e novos. Os investidores devem estar atentos a essas mudanças. É possível que não continuem a receber a compensação risco-recompensa com a qual se inscreveram inicialmente e possam ter de reavaliar o mérito de investimento do novo índice de referência”, escreveu Daniel Sotiroff, analista sênior da Morningstar.

Fundos menores são mais afetados

Segundo o material, essas alterações ocorrem principalmente nos fundos que, na hora da troca do índice, optam por benchmarks diferentes. Um dos exemplos mencionados é o caso do ETF Invesco S&P 500 GARP (SPGP), que substituiu o índice Russell Top 200 Pure Growth, que seguia até o dia 21 de junho de 2019, pelo S&P 500 Growth.

O desvio entre os dois foi de quase 7% nos cinco anos anteriores à mudança, segundo a pesquisa. E eles, de fato, têm propostas distintas: enquanto o primeiro é concentrado em ações com os múltiplos de preços mais caros do mercado da Terra do Tio Sam, o segundo é composto por papéis de crescimento que são negociadas em múltiplos mais baixos.

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Os fundos e ETFs pequenos, com até US$ 100 milhões sob gestão, também costumam sofrer mais do que os maiores. Como normalmente não são tão populares como seus pares abstados, eles mudam seus índices na esperança conquistar novos investidores e sobreviver no competitivo mercado financeiro. O efeito, no entanto, costuma ser o oposto.

“As evidências sugerem que a tática não funcionou bem. Cerca de 43% (148 fundos de uma amostra de 352 que indicam o tamanho) viram os investidores retirarem dinheiro depois que adotaram novos índices. Outros 122 fundos (35%) receberam US$ 100 milhões ou menos. Apenas 28 atraíram US$ 1 bilhão ou mais nos 12 meses subsequentes”, disse Sotiroff.

ETFs a caminho de recorde

Os ETFs dos EUA atraíram US$ 411 bilhões no primeiro semestre deste ano, segundo pesquisa da State Street Global Advisors, volume próximo ao Produto Interno Bruto (PIB) de São Paulo de 2023. A expectativa é que os fundos batam recorde de US$ 1 trilhão até o final de 2024.

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Investir por meio de ETFs, segundo analistas, pode ser interessante para investidores iniciantes no mercado internacional, já que esses produtos oferecem vantagens, como diminuição de risco, baixo custo e diversificação. Por outro lado, eles limitam as escolhas do investidor.