(Bloomberg) — Profissionais de private banking que cuidam das contas de super-ricos adaptaram seus serviços ao que esperavam ser uma nova geração globalmente consciente. Mas millennials ricos não são muito mais ecológicos ou altruístas do que os pais.
Essa é a conclusão de uma pesquisa do UBS com 121 family offices, que incluem algumas das pessoas mais ricas do mundo. Os novos herdeiros das dinastias priorizam retornos financeiros em relação a estratégias sustentáveis e do bem, assim como a geração anterior, segundo a pesquisa. A maioria prefere manter os investimentos exatamente como estão.
“Ao contrário do que ouvimos, uma próxima geração que deve ser muito verde, muito altruísta e muito antinegócios é, na verdade, muito pró-negócios”, disse Josef Stadler, responsável pela unidade global de family office do UBS, em entrevista.
Bilionários devem transferir mais de US$ 2 trilhões em riqueza nas próximas duas décadas, segundo pesquisa do UBS e da PwC. Os principais gestores do mundo têm reforçado ofertas de investimentos verdes, sustentáveis e de boa governança – conhecidas pela sigla ESG -, pois estudos recentes, como no ano passado, indicaram que essas estratégias seriam mais atraentes para os millennials.
“Descobrimos que esse não é o caso”, disse Isadora Pereira, diretora do UBS e uma das autoras do relatório. “Eles estão interessados e estão engajados em investimentos sustentáveis e de impacto”, disse, mas ela não acha que exista a mudança da “água para o vinho” que tem sido debatida.
Mais da metade dos family offices pesquisados estão tão focados em maximizar os retornos financeiros quanto no passado. Na Ásia e nos EUA, a proporção aumenta para quase 75%. Muitas famílias ricas ainda veem a filantropia, em vez do investimento, como uma maneira de impactar as questões ESG.
Os family offices que incorporam a sustentabilidade em estratégias de investimento geralmente o fazem excluindo empresas ou setores, em vez de investir deliberadamente em um projeto que possa ter impacto positivo relacionado ao ESG. Mais da metade dos family offices pesquisados disseram que consideram a avaliação de desempenho desses projetos um desafio, devido à falta de padrões e parâmetros globais comuns.
“No que diz respeito ao investimento de impacto, os family offices colocam taxas competitivas de retorno do investimento em primeiro lugar, com os objetivos de impacto ambiental ou social em segundo”, escreveu o UBS. Embora muitas famílias ricas considerem o investimento sustentável importante para seus legados, não está claro se as boas intenções se tornarão realidade, concluiu o banco.
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