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Investidores com ação da Metal Leve (LEVE3) até esta quarta-feira (1º) poderão receber uma fatia do dividendo de R$ 710,8 milhões anunciado pela empresa no dia 23 de outubro, condicionado à nova oferta de ações (follow-on) da fabricante de autopeças que entram no mercado na próxima semana. Hoje é a “data com” da distribuição.
Os proventos, correspondentes a R$ 5,54 por ação ordinária, têm pagamento previsto para o dia 10 de novembro e chamam atenção pelo alto dividend yield (rendimento de uma ação apenas com dividendos): de 15,43%, levando em conta a cotação do papel hoje, de cerca de R$ 35,90.
Nesse patamar, a remuneração figura entre as maiores da Bolsa, superando os yields projetado para Gerdau, Marfrig, Bradespar e Caixa Seguridade, que ficam entre 14,55% e 12,45%. Em setembro, antes de a Metal Leve anunciar o provento, seu dividend yield projetado estava na casa dos 8%.
Mas, será que vale a pena comprar a ação apenas esperando o dividendo maior do que o de costume?
A queda de 10% do papel na terça e o desempenho negativo nesta sessão pré-feriado dão esperança de que o ganho relativo com os dividendos aumente ainda mais – afinal, quanto menor o valor do papel, maior o yield.
Segundo especialistas, no entanto, essa pode não ser a melhor estratégia.
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Primeiramente, porque comprar qualquer ação visando o ganho de um dividendo no curto prazo nunca é vantajoso. No dia seguinte à data de corte para o pagamento (“data com”), a ação já começa a ser negociada com um desconto equivalente ao provento.
Dessa forma, a compra de uma ação visando dividendos deve acompanhar uma estratégia de prazo mais longo – justamente algo que, no caso da Metal Leve, começou a ser colocado em dúvida recentemente.
Fora isso, a queda da ação nos últimos pregões pode não estar ligada apenas a uma dinâmica de ajuste de preço para os R$ 28 definidos para os papéis no processo de follow-on. O fundo estaria bem mais abaixo.
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A empresa começou a ser vista com cautela após a comunicação sobre a oferta, considerada, no mínimo, “confusa”.
Oferta confusa
No começo de outubro, após anúncio da contratação dos bancos Citi e Itaú BBA para auxiliar na oferta de ações, a LEVE3 desvalorizou 15,49% diante do follow-on tido como desnecessário para uma companhia com baixo endividamento e sem necessidade de caixa para investimentos.
A empresa, então, mexeu na estrutura da oferta para torná-la mais atrativa ao mercado, criando o dividendo de quase R$ 711 milhões que só pôde ser acessado por investidores antes do follow-on – quem passar a ser acionista da Metal Leve na semana que vem, a partir da compra de papéis vendidos na oferta por R$ 28, não terá direito ao provento.
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“O anúncio anterior de estudo de oferta não foi bem recebido, levando a uma queda substancial nas ações, o que poderia ter colocado o grupo controlador em uma posição desfavorável para a venda de seus papéis, em comparação com as expectativas iniciais”, Chrystian Matias de Oliveira, analista de Logística e Indústrias na Levante.
Ainda assim, analistas consideram que há sinais suficientes apontando para uma redução cada vez maior da participação dos controladores, que veriam um negócio de combustão sofrendo com o crescimento dos veículos elétricos (apesar dos bons resultados da companhia até aqui).
Para analistas do Bradesco BBI, a precificação do papel a R$ 28 para no follow-on traz um nível de desconto que sugere pouca sensibilidade do acionista controlador à queda do valor de mercado da companhia, e que por isso poderia continuar a reduzir a sua participação de 61% para o mínimo de 50,01%.
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A impressão é compartilhada por Gabriel Bassotto, analista-chefe de ações do Simpla Club, que alerta que dividendos tão altos são insustentáveis. Ele ressalta que não há reservas suficientes para financiar tantos proventos e que não há previsão de mais ofertas primárias para custeá-los, como ocorre agora. Além disso, diz, os resultados podem sofrer com eventuais mudanças de cenário para o negócio.
“Nós tínhamos recomendação de Metal Leve, mas a partir do momento em que ela ultrapassou a casa dos R$ 38, alteramos a recomendação porque entendíamos que ela havia ficado muito cara. Mas ela continuou subindo”, conta. “Quando houve essa indicação de follow-on, tivemos mais certeza de que [o preço da ação] já estava muito ‘esticado'”.
No BBI, analistas decidiram manter a avaliação da ação em underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda) e reduzir o preço-alvo para 2024 de R$ 21 para R$ 20 – 29% abaixo do preço da oferta, e 44% a menos que a cotação registrada na manhã desta quarta.