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O cenário no Brasil continua sendo de cautela, mas isso não significa fuga para ativos, afirmou Fernando Ferreira, Head do Research e estrategista-chefe da XP. Para Ferreira, o segredo, em momentos mais desafiadores, é “manter a diversificação da carteira e estar investido em ativos de qualidade”. As recomendações foram feitas no primeiro dia do evento Onde Investir 2025, evento promovido pelo InfoMoney ao longo desta semana.
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“Esperar o cenário melhorar e daí investir é a pior coisa a se fazer, porque não há aproveitamento do nível de preços atual. Continuamos mantendo a visão positiva para ativos de risco não somente pelo nível de preço”, diz Ferreira. “As empresas estão bem, senão não estariam retornando tanto nível de caixa para os investidores. O micro está bem, o desafio do Brasil é o cenário macro.”
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“A precificação atual do índice [Ibovespa] hoje está muito mais próximos do cenário pessimista (cerca de 110 mil pontos) do que qualquer cenário mais provável ou de otimismo (que projetava 170 mil pontos para Ibov)”, sustenta Ferreira. O estrategista considera que a probabilidade mostra que o mercado está extremamente pessimista. “A Bolsa tem um potencial muito grande que outros ativos não têm. É por isso que falamos da importância de se manter investido mesmo em um cenário de maior cautela”, diz
“Dólar alto acaba beneficiando bastante um pedaço importante do Ibovespa. As empresas de commodities são um terço do índice e, quando você olha nossas carteiras, temos uma exposição relevante a esses papéis: Suzano (SUZB3), JBS (JBSS3), Gerdau (GGBR4), PRIO (PRIO3). As ações se beneficiam não só do dólar mais alto, mas dão proteção a riscos geopolíticos maiores”, afirma o Head do Research da XP.
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Sobre papéis de bancos, Ferreira cita Banco do Brasil (BBAS3), que reporta resultados excelentes com nível de retorno acima de outros pares privados. “Temos um pouco mais de cautela em 2025 com o setor bancário, justamente pelo cenário de crédito. Se os juros subirem mais, será que os bancos terão problema com sua carteira de crédito?”, indaga. “Continuamos gostando, mas sempre com qualidade, caso do Banco do Brasil.”
“Sobre setor elétrico, nós gostamos por ser um setor protegido da inflação, assim como o setor de saneamento. São setores que repassam a inflação imediatamente. Esses setores protegem como um IPCA+”, recomenda. A diferença seria a taxa interna de retorno, que seria muito superior em relação à um título do Tesouro Direto. “No setor de consumo, é um cenário que no curto prazo as empresas devem continuar indo bem mas, para 2025, temos um pouco de cautela”, diz.
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A grande preocupação em relação ao setor são os custos, afirma o estrategista-chefe. “A gente ainda gosta de Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3). Em alta renda, gostamos de Cyrela (CYRE3). Eu mencionaria esses três papéis no setor imobiliário”, afirma Ferreira.
Sobre infraestrutura, o head do Research afirma que é um setor que seguirá forte mas com mais desafios pela alta de taxas de juros. “Temos visto esses papéis sofrerem não tanto pelo fundamento mas sim pelo custo de capital que subiu bastante. Estamos em um cenário de juros maiores que as empresas podem não ter projetado quando tomaram esse nível de endividamento”, aponta. O Research da XP se apresenta mais seletivo com o setor, com muita atenção à alavancagem.
Ferreira sustenta que investir na Bolsa deve ser feito via empresas geradoras de caixa e pagadoras de dividendos. “A melhor forma é via empresas mais resilientes que vão surfar melhor esse cenário mais desafiador”, conclui o estrategista-chefe da XP.