Mercado está excessivamente pessimista, e há espaço para ganhos na Bolsa, diz Stuhlberger

Gestor carrega posição de 20% em ações no Brasil, e de 15% em bolsas globais, com baixa exposição à renda fixa

Lucas Bombana

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SÃO PAULO – Os desafios fiscais do governo brasileiro em 2021 têm dominado o debate entre os investidores brasileiros, com a preocupação refletida no aumento dos prêmios de risco nos títulos públicos.

O tema foi repetidamente apontado por nomes de referência do mercado nos últimos meses, entre eles Luis Stuhlberger, fundador da Verde Asset e gestor do lendário fundo de mesmo nome, que recentemente disse preferir ser preso a ficar comprado em títulos prefixados.

Embora a preocupação com o nível dos juros persista, o mesmo não pode ser dito com relação à Bolsa brasileira.

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Durante participação no evento Melhores Empresas da Bolsa, do InfoMoney e do Stock Pickers na noite desta quarta-feira (25), Stuhlberger afirmou que, embora haja de fato motivos para preocupações com as contas públicas, é importante que o investidor não fique excessivamente pessimista.

“Não é uma boa opção no momento [ficar com uma visão muito negativa]”, afirmou o gestor durante o primeiro painel do dia do evento, que é online e gratuito e vai até o dia 26. Para participar, basta se cadastrar aqui.

Com uma posição ao redor de 20% na Bolsa brasileira, e próxima de 15% em ações no exterior, o gestor disse que tem preferido apostar na renda variável em detrimento aos juros na renda fixa, para aproveitar o ciclo de retomada esperado para 2021.

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Até mesmo porque os spreads, nos títulos públicos ou privados, não estão em níveis suficientemente elevados para justificar a compra, afirmou Stuhlberger.

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Apesar de o risco fiscal ser relevante no radar, não justifica uma redução na alocação atual em ações, afirmou o gestor da Verde, acrescentando que a classe da renda fixa tende a ficar mais sujeita à volatilidade por conta da indefinição sobre as contas públicas em comparação com a Bolsa.

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O resultado das eleições nos Estados Unidos, com uma presidência democrata e a expectativa de um Senado republicano, e a chegada de vacinas contra a Covid-19 devem guiar o preços dos ativos de maior risco nos próximos meses, prevê.

“Não abriria mão de estar investido em ações nesse momento. Embora obviamente existam riscos, acho que esse mercado vai continuar subindo.”

IPOs caros

A Bolsa, afirmou Luiz Parreiras, sócio e gestor dos fundos de previdência da Verde também presente no evento, conseguirá capturar o ciclo de retomada da economia em 2021 muito melhor do que os juros.

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Ainda assim, apesar do cenário favorável para as ações, Parreiras disse que é preciso analisar com cuidado as opções no mercado acionário local. Principalmente os IPOs (ofertas públicas iniciais de ações) que têm sido realizados no mercado.

Em 2020, foram 27 aberturas de capital na Bolsa, com um retorno médio de 8% distorcido pela valorização de quase 300% da Locaweb, segundo os cálculos apresentados por Parreiras.

Ao considerar um retorno mediano, para mitigar o efeito da empresa digital, o ganho médio fica negativo em 3%.

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“Os IPOs no Brasil, na mediana, são mal precificados”, observou Parreiras, que entende que o interesse dos bancos de investimento nas comissões polpudas influencia a distorção. “Os negócios têm saído com preço errado.”

Nos EUA, afirmou, a rentabilidade média dos IPOs está mais perto de 30%.

De toda forma, o gestor disse que, em uma minuciosa análise microeconômica, é possível encontrar ótimas histórias entre os novos nomes na B3. Parreiras afirmou que entrou nos IPOs da Enjoei, da Petz e do grupo Mateus.

Divergência cambial

Em relação ao câmbio, área na qual é especialmente tido como referência, Stuhlberger afirmou que, pelas preocupações dos investidores no momento com o fiscal, a cotação do real está cerca de 20% acima do que deveria.

Diante das incertezas no horizonte, ele disse que, por enquanto, prefere não ter posições relevantes na moeda americana. Caso o teto de gastos seja rompido, o gestor acredita que o dólar ainda pode subir até 15% contra o real. “Quando não tem convicção, melhor não fazer nada”, afirmou.

As perspectivas para o câmbio, no entanto, causam divergências internas na Verde. Parreiras afirmou que tem carregado posições compradas em dólar (com aposta na alta) nos últimos três anos, e deve seguir assim por um bom tempo.

Quando voltar a viajar, e puder levar a filha para conhecer as princesas da Disney, nos EUA, Parreiras afirmou que deverá sair com uma aposta na alta do dólar no portfólio, como garantia de um passeio aprazível.

O novo patamar da taxa básica de juros, observou o gestor dos fundos de previdência da Verde, tende a manter o real pressionado nos próximos anos.

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