Publicidade
No último ano, o que não faltou para o investidor brasileiro foi emoção. O mercado local precisou lidar com uma crise no crédito privado, expectativas pela aprovação de uma nova regra fiscal e temores sobre os rumos da inflação. No meio das incertezas, no entanto, as oportunidades apareceram. Um dos instrumentos que carregavam essas oportunidades foi o CDB (Certificado de Depósito Bancário).
Levantamento da Quantum Finance, realizado a pedido do InfoMoney, mapeou 11.097 ativos bancários emitidos em 2023 e mostrou os emissores das maiores taxas para cada prazo e indexador. O estudo mostra uma diferença grande entre as taxas mínimas e máximas, reflexo do recuo de 2 pontos percentuais da Selic, a taxa básica de juros.
Os CDBs são ativos de renda fixa emitidos por bancos e que têm rentabilidade atrelada ao CDI (pós-fixados), ao IPCA (inflação) ou oferecem de antemão a rentabilidade prometida no vencimento (pré-fixados).
Em prefixados de longo prazo, a diferença entre a taxa mínima e maior remuneração foi de 5,72 pontos percentuais. Já nos papéis de inflação, a diferença chegou a 3,6 pontos percentuais.
Mesmo com a queda na rentabilidade, esses papéis ainda são bem vistos por especialistas. “Ativos bancários vêm trazendo segurança para nós, vemos neles um carrego interessante para o investidor conservador de renda fixa”, diz Marianne Moraes, gestora de crédito privado da Inter Asset.
Os CDBs atrelados ao CDI tiveram o maior número de emissões em 2023. Ao todo, foram 6.728 papéis pós-fixados emitidos no último ano. O CDB com maior remuneração em relação ao CDI foi emitido pelo Banco Master, com rentabilidade de 130% do índice referencial, enquanto a taxa média do ano para o mesmo prazo foi de 101,49% do CDI. O menor retorno foi de 83% do CDI em um papel de curto prazo, com vencimento em três meses.
Continua depois da publicidade
Retorno de CDBs indexados ao CDI em 2023 | |||||
Prazo (meses) | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
3 | 83,00% | 100,92% | 106,50% | 694 | Paraná Banco |
6 | 97,50% | 100,30% | 130,00% | 1.320 | Banco Master de Investimento |
12 | 90,00% | 101,39% | 121,00% | 1.672 | Sinossera Financeira, Zema Financeira |
24 | 92,00% | 101,49% | 130,00% | 1.592 | Banco Master de Investimento |
36 | 90,00% | 102,74% | 128,00% | 1.450 | Sinossera Financeira |
O ranking das emissões por indexador segue com os prefixados, com 2.917 papéis em 2023. No fim do ano, com a Selic a queda, a remuneração mínima chegou a 9,55%. A maior média foi entregue por papéis com vencimento em 6 meses, contrastando com os títulos de 24 meses, que ofereceram a menor remuneração média de 2023.
Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, os prefixados “são interessantes enquanto temos perspectiva de queda dos juros”, já que o investidor pode travar a rentabilidade em patamares ainda altos e aproveitar as taxas mesmo depois dos próximos cortes na Selic.
No entanto, esses ativos são indicados para investidores que não precisarão do dinheiro investido imediatamente, já que os CDBs de liquidez diária geralmente são pós-fixados.
Continua depois da publicidade
Com a Selic e a rentabilidade dos títulos de renda fixa em queda, investidores podem estar dispostos a correr mais riscos em troca de um retorno mais favorável, o que pode impulsionar prefixados, considerados mais arriscados. “Há um gatilho mental do 1% ao mês na renda fixa, não deveria, mas vemos investidores mais dispostos a correr riscos e medindo quais níveis suportam”, diz Samuel Ferrarezi, estrategista de investimentos do Santander.
Retorno de CDBs prefixados em 2023 | |||||
Prazo (meses) | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
3 | 10,72% | 12,99% | 14,18% | 478 | Daycoval |
6 | 10,00% | 13,08% | 14,40% | 989 | Banco Alfa |
12 | 9,60% | 12,54% | 15,25% | 781 | Andbank Brasil |
24 | 9,55% | 11,62% | 14,80% | 286 | Banco C6 Consignado |
36 | 9,95% | 12,65% | 15,67% | 383 | Banco Master |
Já os títulos de inflação aparecem na lanterna quando o assunto é número de emissões, com apenas 1.452 papéis emitidos no último ano. No curto prazo, até 12 meses, foram emitidos apenas 43 títulos. Assim como os prefixados, a remuneração dos CDBs atrelados ao IPCA sofreu grande variação durante 2023, com o papel de menor taxa pagando 4% além da inflação e a maior rentabilidade em 8,40%.
Retorno de CDBs indexados à inflação (IPCA) em 2023 | |||||
Prazo (meses) | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
12 | 5,20% | 7,03% | 8,40% | 43 | Paraná Banco |
24 | 4,45% | 6,10% | 8,00% | 648 | Banco C6 Consignado |
36 | 4,00% | 6,25% | 7,60% | 761 | Banco C6 Consignado |
Na A7 Capital, os títulos de inflação são os preferidos para o longo prazo, “sempre há muita incerteza, assim estamos sempre protegidos”, explica Kaique Fonseca, economista e sócio da casa. Fonseca, porém, pondera e diz que é preciso avaliar caso a caso: “às vezes temos bancos emitindo prefixados com taxas muito altas, aí faz sentido investir”.