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SÃO PAULO – O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, se mostrou bastante animado com a decisão da Moody’s em elevar o rating do Brasil, anunciada nesta terça-feira (22).
Meirelles ressaltou para a imprensa que a classificação – a terceira entre as grandes agências – representa uma consolidação do grau de investimento do País. “Como disse claramente a agência, o Brasil é um país ‘vencedor'”, afirmou o presidente do BC, citando o comunicado da Moody’s que informou a decisão.
Para Meirelles, o anúncio é ainda mais importante já que vem em meio à recuperação da economia global. “Enquanto as agências estão revisando os ratings de alguns países, porque estão preocupadas com os efeitos da crise no longo prazo, o Brasil chega a grau de investimento”, afirmou aos jornalistas. Para ele, é “um acontecimento importante e relevante no mundo e, especialmente, para o Brasil”.
Isso mostra, segundo ele, a Moody’s reconheceu que o Brasil entrou mais forte na crise, tomou as medidas corretas na ordem certa – focadas em restabelecer o sistema financeiro e o crédito e depois em políticas fiscal e monetária – e agora sai mais rápido e mais forte da crise, com crescimento equilibrado, como o governo vem afirmando. Meirelles citou ainda a melhora da estrutura da dívida com alongamentos dos prazos e eliminação da dívida cambial.
Perspectiva positiva
O presidente do BC também destacou a perspectiva positiva indicada pela agência para o rating, que acompanhou o grau de investimento. De acordo com Meirelles, é raro que as agências de classificação de risco, especialmente a conservadora Moody’s, façam esses dois movimentos ao mesmo tempo e isso atesta a “força do País”.
Segundo ele, isso deve fazer outras agências a melhorem a perspectiva da nota brasileira. “Pode haver melhoras adicionais, sobretudo da Standard & Poor’s (a primeira a elevar o Brasil a grau de investimento, em abril de 2008, mas com perspectiva estável), nos próximos meses”, disse Meirelles. Para ele, uma perspectiva positiva da Standard & Poor’s significaria “empatar o jogo”.
Câmbio, investimentos e situação fiscal
Ao ser questionado sobre o risco a elevação de rating poderia representar para a taxa de câmbio (devido ao fluxo adicional de dólares), Meirelles afirmou que o impacto sobre a moeda tende a ser um pouco mais suave, já que outras duas agências de grande porte já haviam concedido o grau de investimento.
“Isso é muito importante para o país. Quanto melhor o rating, mais nós teremos investimentos de longo prazo, mais investimentos que vêm para ficar, criar produção. Mais investimentos em máquinas, equipamentos e serviços”, destacou.
Por fim, sobre a ressalva feita pela agência a respeito de avanços necessários na área fiscal, o presidente do BC citou o conservadorismo da Moody’s para justificar a observação. “O que a Moody’s diz com isso é que ela espera que a trajetória de superávits do país seja retomada, o que, aliás, já foi anunciado pelo governo. O que a agência espera já é um compromisso do governo brasileiro”, afirmou.