Meirelles: Lula sinalizou alta dos gastos públicos desde a campanha e não vai mudar

O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central afirmou que nunca recebeu convite para ocupar pasta no atual governo

Augusto Diniz

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Presidente do Banco Central nos dois primeiros mandatos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Henrique Meirelles conhece como poucos o atual mandatário do Palácio do Planalto. Ele lembra que, na campanha eleitoral de 2022, foi organizada uma reunião com ex-candidatos a presidente – inclusive ele, que tinha sido em 2018 – de apoio a Lula.

“Disse publicamente e depois falei para ele (Lula) que eu estava fazendo aquilo (o encontro com presidenciáveis) para que adotasse a mesma postura dura, a mesma política que tinha feito no primeiro mandato dele (2003-2006), que foi de contenção fiscal junto com a contenção da inflação, e estabilidade monetária que nós tínhamos aplicado”, relata o ex-presidente do Banco Central (2003-2011) no mandato do petista.

Segundo Meirelles, foram esses os motivos que fizeram o Brasil crescer na ocasião. “Mas ele tinha decidido fazer uma campanha, de fato, com ênfase grande na expansão dos gastos públicos, na expansão do Estado”, afirma Meirelles, que participou do episódio 260 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter.

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O executivo da área financeira está lançando sua autobiografia “Calma sob pressão – o que aprendi comandando o Banco de Boston, o Banco Central e o Ministério da Fazenda” (editora Planeta).

Nível alto da dívida

“Depois dessa reunião (dos presidenciáveis) ficou claro que o que eu estava propondo não ia ser aplicado. Eu disse tudo bem, ótimo, espero que dê certo”, comentou.

“Lula já deixou claro, naquela época, que ia fazer um governo muito baseado na expansão fiscal… Mas, na linha em que está, vamos chegar em pouco tempo num nível total de dívida pública em relação ao PIB em cerca de 82%, que é um patamar muito alto para um país emergente.”

Perspectiva difícil

“Agora, é uma perspectiva difícil à frente se for de fato mantido esse ritmo de expansão fiscal”, diz. Segundo ele, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, até tenta “amenizar” a situação.

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“Não acho que vai haver um grande corte de gastos, uma grande contenção. Exatamente porque o presidente Lula foi eleito com plataforma de expansão de gastos. É muito difícil para ele, a essa altura, mudar politicamente”, afirma.

Sobre a informação que circulou na época da composição dos ministérios do atual governo Lula de que teria sido sondado para a Fazenda, foi enfático: “Objetivamente, não”.

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