MB, maior exchange brasileira, deixa ABCripto: “não atende interesse de brasileiros”

Entidade disse que, até o momento, não recebeu nenhum pedido de desfiliação

Lucas Gabriel Marins

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O mercado brasileiro de criptomoedas passa por uma crise de bastidores. O Mercado Bitcoin (MB), maior exchange nacional, decidiu abandonar a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), principal entidade do setor, e que ajudou a criar em 2018, quando o Bitcoin (BTC) valia menos de US$ 10 mil e ainda era confundindo com uma pirâmide financeira.

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“A decisão foi tomada após divergências estratégicas em relação à representatividade e aos objetivos da associação no atual cenário do mercado cripto. A ABCripto desempenhou um papel importante na criação de marcos regulatórios, mas, na perspectiva do MB, a agenda atual não atende às necessidades de evolução do ecossistema cripto para empreendedores brasileiros”, disse o MB ao InfoMoney.

Ao Neofeed, o CEO do MB, Reinaldo Rabelo, afirmou que a empresa tomou a medida porque a entidade teria supostamente começado a promover pautas que colocam em risco o mercado local e poderiam criar um ambiente propício a fraudes e lavagem de dinheiro.

Procurada, a ABCripto disse que, até o momento, não recebeu nenhum pedido de desfiliação por parte da corretora. Afirmou ainda que tem 50 associados e representa o mercado da criptoeconomia de forma ampla. “Como associação, nosso propósito é promover um ambiente seguro do ponto de vista jurídico e de negócios, sempre atuando em conjunto com os órgãos reguladores e com o mercado”.

Entrada de corretoras estrangeiras

Uma das críticas do Mercado Bitcoin é o fato de a associação não exigir que os associados tenham CNPJ, o que poderia dificultar a responsabilização jurídica em caso de problemas. Hoje, segundo números da própria ABCripto, 29% dos associados são locais e 25% do exterior.

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Rabelo citou na entrevista especificamente o receio de a Binance, maior exchange de criptomoedas do mundo, passar a compor a entidade. “Não queremos entrar lá quando a Binance estiver associada, porque estamos no espectro totalmente oposto do que a empresa, cujo fundador está preso por financiar o terrorismo e lavagem de dinheiro”.

A reportagem questionou a Binance sobre a possibilidade de a corretora ingressar na associação, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. O espaço permanece aberto para comentários.

Quando a Binance chegou ao Brasil, em 2019, abocanhou a maior parte do volume de negociação local por causa das baixas taxas e tirou a liderança do MB e de outras corretoras locais, que acusaram a companhia de não seguir a legislação brasileira. Recentemente, o CEO da Binance, Richard Teng, disse que a exchange busca cada vez mais se adequar às regras de compliance, e que tem licenças e registros em 18 jurisdições.