Maior FII em número de cotistas, MXRF11 diz ter ‘gordura’ para manter dividendos apesar da deflação

O fundo reteve parte da inflação nos últimos meses e encerrou julho com reserva equivalente a R$ 0,20 por cota

Wellington Carvalho

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Maior fundo imobiliário em número de cotistas – quase 560 mil – o Maxi Renda (MXRF11) aposta na “gordura” acumulada nos últimos meses para manter a distribuição de dividendos no período de deflação. O posicionamento faz parte do balanço do segundo trimestre do fundo, divulgado nesta quarta-feira (10).

Considerado um FII de “papel”, o Maxi Renda investe predominante em certificados de recebíveis imobiliários (CRI), título que oferece ao fundo um rendimento prefixado e a correção monetária por um indicador, que normalmente é o IPCA ou a taxa do CDI (certificado de depósito interbancário).

No caso do fundo gerido pela XP Asset e administrado pelo BTG Pactual, apenas o rendimento prefixado foi distribuído aos cotistas como dividendos. Parte da correção monetária foi retida, criando uma espécie de colchão de segurança, de acordo com André Masetti, gestor do Maxi Renda.

“Tivemos vários meses em que a inflação esteve na casa de 1% e o fundo distribuiu uma parcela muito menor do que a inflação acumulada nos últimos meses”, explica. “Claro que a deflação come um pouco dessa gordura, mas a distribuição de dividendos do fundo segue de forma recorrente”, prevê.

De acordo com Masetti, o Maxi Renda terminou o mês de julho com uma correção monetária acumulada equivalente a R$ 0,20 por cota. O montante, diz o gestor, seria suficiente para o fundo se blindar neste período de deflação.

“O valor nos dá uma tranquilidade em relação às distribuições futuras, especialmente neste curto prazo marcado pela deflação medida pelo IPCA”, reforça.

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Em julho, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA registrou queda de 0,68%. O resultado negativo poderá reduzir o dividendo distribuído por outros fundos de “papel”.

Além da reserva acumulada nos últimos meses, Masetti destaca o atual portfólio do fundo, composto por CRIs (75%), cotas de outros FIIs (14%) e permutas financeiras – participação no desenvolvimento de empreendimentos imobiliários – (9%).

Entre os CRI, o gestor lembra que 44% dos títulos estão indexados ao CDI, o que diminui a sensibilidade da carteira às variações do IPCA, indicador de 55% dos papéis presentes no portfólio do Maxi Renda.

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“Sempre mantemos um mix entre inflação e CDI, ou seja, não concentramos demais em um só indexador”, explica Evandro Santos, sócio da XP Asset. “Inflação e CDI não necessariamente andam juntos no Brasil e até podem seguir direções opostas”, detalha.

Entre abril e junho de 2022, a carteira depositou R$ 0,32 por cota, crescimento de 14,29% na comparação com o montante repassado no primeiro trimestre do ano.

Em julho, o Maxi Renda depositou R$ 0,12 por cota, maior valor desde dezembro de 2019 (R$ 0,13). O montante refletiu a venda de quatro permutas financeiras no segundo trimestre, que gerou um ganho de capital de quase R$ 7 milhões, de acordo com o balanço do fundo.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.