Marçal, Boulos, Nunes: Como candidatos a prefeito de SP investem?

Os bens declarados ao TSE vão de R$ 200 mil a R$ 169 milhões, e as aplicações vão do alto risco ao conservadorismo extremo; confira análises

Lucas Gabriel Marins

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Os candidatos à prefeitura de São Paulo não divergem apenas em suas visões políticas, mas também nas estratégias de investimento. Enquanto o empresário e influenciador digital Pablo Marçal (PRTB) é adepto do alto risco, o apresentador Datena (PSDB) prefere a segurança da previdência privada e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) opta pelo conhecido CDB.

Os investimentos dos adversários políticos estão em suas declarações patrimoniais, que foram entregues à Justiça Eleitoral até meados de agosto, conforme estabelece a legislação. Entre os bens citados há de tudo um pouco: imóveis, veículos, aplicações em renda fixa, participações em empresas, fundos de investimentos, entre outros.

A reportagem do InfoMoney pediu para três especialistas em planejamento financeiro e finanças avaliarem a estratégia de investimento dos seis principais candidatos que disputam o cargo de chefe do executivo da cidade de São Paulo. Segundo pesquisa da Real Time Big Data, Marçal, Boulos e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) estão tecnicamente empatados na corrira eleitoral.

Guilherme Boulos (PSOL)

O candidato do PSOL declarou R$ 199.596,87 em bens, o menor valor entre todos os candidatos. Ele alegou ter uma casa de R$ 171.758,00, um carro popular de R$ 15.146,00, pouco mais de R$ 800 na conta corrente e R$ 11.876,87 em um CDB do Banco Santander.

“Ter apenas CDBs em carteira poderá comprometer tanto a rentabilidade da carteira como a liquidez. Caso esses CDBs não sejam de liquidez diária, a multa em caso de resgate antecipado pode chegar a 10% da posição total, até acima disso”, avalia Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital.

Ricardo Nunes (MDB)

O atual prefeito de São Paulo tem R$ 4.843.350,91 em bens, divididos entre imóveis (32%), investimentos (26%), previdência (20%), depósitos bancários em conta corrente (11%) – que somam R$ 560 mil – e o restante em quotas de capital de empresa e um veículo.

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“Chama a atenção em seu portfólio a soma de R$ 560 mil em depósitos em conta corrente e conta salário. Este valor tem a característica de liquidez e serve como reserva de emergência, porém poderia estar rendendo uma taxa mínima do CDI (Certificado do Depósito Interbancário) com liquidez e baixa volatilidade”, diz Mauro Cervellini, sócio e head de wealth management da MZM Wealth.

Marina Helena (NOVO)

A economista declarou R$ 9.705.860,81 à Justiça Eleitoral. Do total, 82% estão em imóveis; aplicações de renda fixa (9%); fundo de longo prazo e fundo de investimentos em direitos creditórios (FIDC), totalizando 6%; fundo de Investimento Imobiliário (1%) e o restante entre fundos de investimentos e quotas de capital.

“Trata-se de uma estratégia mais conservadora. A depender da liquidez em seus ativos de renda fixa, sua flexibilidade para acompanhar os ciclos da economia mundial poderá estar comprometida. Os imóveis podem oferecer uma ótima fonte de renda, no momento em que possuam inquilinos resilientes”, fala Belitardo, da Hike Capital.

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Datena (PSDB)

O apresentador de televisão Datena tem R$ 38.301.790,28 em bens. Desse total, 67% estão em Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), plano de previdência privada que recolhe o Imposto de Renda (IR) no resgate e apenas sobre a rentabilidade auferida, e 32% em imóveis. O 1% restante está dividido entre quotas de empresas, depósitos bancários e títulos de renda fixa.

“O que chama atenção no balanço patrimonial do Datena é o alto valor alocado em VGBL e o relativamente baixo valor de liquidez de seus investimentos. Como investimentos de liquidez, ele possui aproximadamente R$ 100 mil, o que é bem pouco se comparado ao volume de VGBL, de R$ 25 milhões”, avalia Cervellini, da MZM Wealth.

Pablo Marçal (PRTB)

O empresário e influenciador digital Pablo Marçal é mais rico entre todos os candidatos: ele tem R$ 169.503.058,17. Reportagem da Folha de S. Paulo apurou que o valor pode ser maior e o candidato pode ter ao menos R$ 135 milhões não declarados. Do total informado ao TSE, quase 50% estão alocados em investimentos financeiros, como Letra Imobiliária Garantida (LIG) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), e a outra parte está em participações societárias em startups, além de imóveis.

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“LIG e LCI são aplicações conservadores e que têm como vantagem a isenção de IR. Do lado negativo, temos a falta de liquidez. Já o investimento em startups é de altíssimo risco, pois o negócio pode não performar conforme o projetado e o investimento virar pós”, diz Fernando Camargo Luiz, gestor da Trópico Investimentos.

Cervellini, da MZM Wealth, disse que a estratégia do influenciador mostra um perfil bastante empreendedor e pode ser vantajosa se bem gerida. No entanto, falou, é “importante que a pessoa esteja ciente dos riscos associados às participações empresariais e mantenha uma revisão constante da alocação para garantir que ela continue alinhada com os objetivos financeiros e tolerância ao risco”.

Tabata Amaral (PSB)

A candidata pelo PSB disse ter R$ 807.841,11 em bens, o segundo menor patrimônio entre os seis. Do total informado, R$ 799.332,95 são identificados como “outras aplicações e investimentos” e R$ 8.508,16 como “depósito bancário em conta corrente”. Como ela não especifica exatamente os tipos de produtos financeiros, não é possível fazer qualquer avaliação.