Manutenção da Selic renova preferência por ativos de renda fixa; saiba onde investir

Conheça os títulos do Tesouro Direto e crédito privado elogiado por especialistas

Leonardo Guimarães

Fonte: Shutterstock
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Investir em renda fixa é, hoje, uma escolha óbvia para muitos investidores. Os títulos públicos pagam juros gordos e papéis do crédito privado acrescentam rentabilidade conforme o risco do investimento. Para especialistas, há oportunidades para todos os perfis na classe.

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A manutenção da taxa básica de juros em 10,50% ao ano e a preocupação do mercado com a política fiscal brasileira deram um novo respiro à renda fixa. “A taxa de juros real do Brasil está muito alta, então, para os investidores conservadores, vale a pena ficar em títulos públicos”, diz João Baptista Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto Investimentos. Ao mesmo tempo, ele fala sobre a oportunidade em títulos como debêntures incentivadas, CRIs, CRAs e ativos bancários: “com mais risco, o retorno até 30% maior do crédito privado no longo prazo vai fazer toda a diferença em relação aos títulos públicos”.

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Confira o que recomendam especialistas para o investimento em títulos públicos e títulos de dívida emitidos por empresas: 

Renda fixa pública

Os títulos públicos oferecem retornos gordos aos investidores hoje. Os ativos prefixados do Tesouro Direto pagam juro de até 12,22% ao ano, enquanto os atrelados à inflação entregam juro real de até 6,30% em prazos intermediários.

Diante disso, com a Selic ainda em 10,50%, especialistas recomendam a exposição aos três indexadores dos títulos públicos e cada um tem uma justificativa. O Tesouro Selic, que paga ao investidor a taxa Selic mais um pequeno prêmio, de até 0,15%, é considerado o investimento mais seguro do Brasil e ainda tem boa remuneração. “A manutenção da participação de títulos atrelados à Selic na carteira é interessante para efeito de proteção, a diversificação é ainda mais importante em períodos de elevada incerteza”, diz a Guide Investimentos, em relatório. 

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A justificativa para investir nos títulos do Tesouro IPCA+ está na alta remuneração, proteção contra a inflação – preocupação do mercado para os próximos meses – e potencial de valorização dos papéis. Arley Junior, estrategista de Investimentos do Santander Brasil, explica que “incertezas vindas do exterior, em especial acerca da trajetória dos juros nos EUA, somadas à inflação doméstica acima do esperado e às dúvidas do lado fiscal, levaram os títulos do Tesouro Direto corrigidos pelo IPCA a pagarem taxas mais altas, acima da média histórica”. 

Nos prefixados, os especialistas enxergam prêmio diante da curva de juros. Ou seja, para os analistas, a Selic será menor do que o mercado precifica nos próximos anos, o que tornaria vantajoso travar a rentabilidade entre os 11,60% e 12,20% que o Tesouro oferece hoje. “Não acreditamos no cenário de aumento de taxa de juros, como a curva de juros precifica hoje, estamos focados nos ativos prefixados de curto prazo, mas sempre com cautela”, diz João Coutinho, economista e diretor da RJ+ Asset. 

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Renda fixa privada

No crédito privado, ativos isentos de Imposto de Renda estão entre os preferidos dos especialistas, especialmente as debêntures incentivadas. Com a demanda alta e empresas indo bem, esses papéis passaram a pagar menos nos últimos meses. Os spread (prêmio adicional em relação aos títulos públicos) encolheram e chegaram a zero, mas Leonardo Ono, gestor de crédito privado da Legacy, projeta volta à normalidade nos títulos de empresas consideradas mais seguras: “algumas emissões vieram com taxas exageradamente baixas, acredito que esse tipo de papel, que chegou a ter spread zero, pague entre 0,30 e 0,50 ponto percentual a mais que o Tesouro IPCA+”. 

A recomendação é ficar nas empresas mais sólidas, com classificação de crédito AAA. Elas pagam menos do que companhias consideradas mais arriscadas, mas, considerando que a Selic deve ficar alta por um bom tempo, o custo da dívida pode ser pesado para algumas empresas.

O Santander enxerga oportunidade nas empresas AAA, que oferecem remuneração de quase 7% acima da inflação em papéis isentos de IR. “Temos observado boas oportunidades nesta classe. Nosso alerta, porém, é para não concentrar os investimentos. O investidor deve optar por ao menos cinco papéis, e a parcela alocada em crédito privado não deve ultrapassar de 10% a 15% da carteira, dependendo do perfil”, recomenda Junior.  

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A Guide diz que uma retração maior da economia pode gerar dificuldades para empresas pagarem suas dívidas, “por isso, reiteramos a preferência por não se arriscar em títulos com classificação de crédito ruim”. 

Enquanto grande parte das debêntures incentivadas é atrelada ao IPCA+, o Santander também recomenda exposição a ativos com remuneração atrelada ao CDI, como CDBs, LCIs e LCAs. Para o banco, essa classe “segue atrativa e deve representar quase 80% do portfólio de um investidor conservador”, segundo o modelo da casa. Para quem já aceita tomar mais risco, o peso sugerido para esses papéis é de 30% da carteira.

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